De uma forma breve, a incontinência urinária pode ser definida como a perda incontrolável de urina.
Pode manifestar-se em qualquer idade e em qualquer pessoa, há alguns fatores de risco que aumentam as probabilidades de surgir.
Em graus mais ou menos graves, é sempre um problema que interfere com a vida de pessoa.
Em casos extremos pode levar à necessidade de internamento devido ao aparecimento de feridas e infeções nos órgãos, mas mesmo em casos menos graves tem implicações não só a nível do desconforto no dia a dia, mas também a nível da confiança, da vergonha e da auto estima que ficam afetadas.
O QUE É A INCONTINÊNCIA URINÁRIA?
A incontinência urinária consiste em perdas incontroláveis de urina, mas isso acontece exatamente porquê?
A urina é constantemente produzida pelos rins e depois flui através dos uréteres até à bexiga, onde fica armazenada. O colo da bexiga (a parte mais baixa) está rodeado por um músculo chamado esfíncter urinário que está contraído de forma a fechar a uretra, ou seja, o canal que a leva para fora do corpo.
É assim que a urina se mantém na bexiga até ela estar cheia, altura em que é transmitida a mensagem ao cérebro de que a pessoa tem necessidade de urinar. Em situações normais, ela pode decidir urinar ou não.
É a perda deste controlo que se chama de incontinência urinária. A pessoa afetada deixa de ter controlo nos músculos pertencentes a este processo e a urina sai de forma incontrolável.
TIPOS DE INCONTINÊNCIA
Existem vários tipos de incontinência urinária que podem ser distinguidos. Contudo acontece muitas vezes haver mistos de incontinência, principalmente no caso das crianças ou dos idosos.
Uma criança pode sofrer de incontinência por fatores psicológicos e por motivos nervosos, enquanto um idoso pode combinar a incontinência por urgência com a incontinência por esforço.
Cada caso é um caso e deverá ser sempre acompanhado por um profissional.
1. INCONTINÊNCIA POR URGÊNCIA
Este tipo consiste numa frequente e incontrolável necessidade súbita de urinar, seguindo-se a isso uma perda incontrolável de urina.
Enquanto numa situação normal, seria fácil reter a urina, neste caso a pessoa é totalmente incapaz de o fazer.
Pode surgir devido a stress ou devido a uma infeção urinária, simplesmente ao avançar da idade ou perturbações neurológicas, mas a maioria das vezes nem se identifica uma causa para este tipo de incontinência.
2. INCONTINÊNCIA POR ESFORÇO
O que sucede aqui é uma perda incontrolável de pequenas quantidades de urina em situações como tossir, espirrar, levantar objetos pesados, fazer um esforço ou qualquer movimento que exerça mais pressão no abdómen.
Nas mulheres esta situação resulta da falta de estrogénio, que deixa a uretra mais debilitada e, consequentemente, reduz a resistência da urina. Já nos homens pode surgir devido a lesões na parte superior da uretra ou do colo da bexiga.
3. INCONTINÊNCIA POR EXTRAVASAMENTO
Consiste numa retenção crónica de urina que faz a pressão na bexiga aumentar de tal forma que fica dilatada e insensível. O resultado é uma perda incontrolável constante de pequenas quantidades de urina.
Pode chegar a um ponto em que a pessoa deixa totalmente de ser capaz de urinar, uma vez que o fluxo de urina é obstruído ou os músculos da parede da bexiga já não conseguem contrair-se.
Em crianças pode ser causada pelo estreitamento da uretra ou do colo da bexiga, enquanto nos adultos podem resultar da obstrução da saída da bexiga. Mas até fatores como a prisão de ventre podem causar este tipo de incontinência urinária.
Os sintomas traduzem-se em necessidades urgentes de urinar durante a noite, sensação de esforço ao urinar, perda de urina durante o sono e perdas de pequenas quantidades de urina ao longo do dia.
4. INCONTINÊNCIA TOTAL
Este é o tipo mais grave de incontinência, uma vez que se traduz numa perda constante de urina de dia e de noite.
Acontece quando o esfíncter urinário não se fecha adequadamente e pode ser causado por problemas de nascença e por lesões na bexiga ou na uretra.
COMO PODE SURGIR?
1. PRINCIPAIS CAUSAS
A incontinência urinária pode ser causadas por condições médicas fáceis de resolver como infeções urinárias, prisão de ventre ou stress.
Mas há também vários alimentos e até medicamentos que estimulam a bexiga por terem um efeito diurético:
- Álcool
- Cafeína
- Refrigerantes
- Adoçantes artificiais
- Alimentos muito ácidos
- Ingestão de muita vitamina B e C
- Medicamentos para as doenças cardíacas
- Medicamentos para a tensão arterial
- Relaxantes musculares
Contudo a incontinência pode também ser causada por condições persistentes como as que se seguem:
- Envelhecimento
- Menopausa
- Gravidez
- Parto
- Histerectomia
- Cancro da próstata
- Distúrbios neurológicos (ex.: esclerose múltipla, Parkinson, tumor cerebral)
2. FATORES DE RISCO
Existem alguns detalhes que podem tornar as pessoas mais suscetíveis a sofrerem de incontinência urinária:
- Idade: Com o aumentar da idade, a probabilidade de ter incontinência aumenta também
- Sexo: As mulheres são mais afetadas por este problema do que os homens
- Peso: As pessoas que sofrem de obesidade têm mais tendência a ter incontinência urinária, uma vez que o peso aumenta a pressão sobre a bexiga e sobre os músculos à sua volta
COMO RESOLVER?
1. DIAGNOSTICAR
A incontinência urinária é um problema que pode muitas vezes ser controlado ou resolvido, mas as pessoas adiam o máximo até tentarem ir resolver por sentirem vergonha em falar sobre isso ou simplesmente por acharem de forma errada que é uma consequência errada do passar da idade.
Regra geral o objetivo é descobrir a causa do problema e depois então desenvolver um plano de tratamentos que o resolva. Através de um interrogatório clinico sobre os antecedentes e de uma análise à urina, retiram-se logo algumas conclusões.
Depois disso pode ser feita uma ecografia ou uma algaliação urinária (coloca-se um tubo ou sonda no interior da bexiga) para avaliar os nervos, os músculos e a possibilidade de alguma obstrução.
Muitas vezes são ainda feitos exames para avaliar a pressão da bexiga em repouso e quando se enche, uma vez que as mudanças registadas ajudam o médico a determinar o mecanismo da incontinência e, consequentemente, o tratamento mais adequado.
2. TRATAMENTOS
A solução do problema dependa de que seja feita uma avaliação o mais correta possível para que não haja erros e se adeqúe as melhores possibilidades a cada pessoa. Mesmo que não haja uma cura em alguns casos, há sempre a hipótese de controlar ou reduzir consideravelmente a incontinência urinária.
Além dos medicamentos que deverão ser aconselhados apenas por um médico, há outros tratamentos que podem ser sugeridos consoante o tipo de incontinência que se verifique.
TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS
- Treinar a bexiga para retardar a vontade de urinar. Pode começar por adiar 10 minutos apenas e depois ir aumentando o tempo, sendo que o objetivo será sempre reduzir o número de vezes que vai urinar e aumentar o tempo de intervalo entre elas
- Controlar a ingestão de líquidos e aumentar o consumo de fibras. Cortar essencialmente no álcool, na cafeína e nos alimentos ácidos
- Esvaziar completamente a bexiga. A ideia é urinar, esperar alguns minutos e tentar novamente para confirmar que a bexiga ficou realmente vazia
- Perder peso
- Aumentar a prática de exercício físico
CINESIOTERAPIA DO ASSOALHO PÉLVICO
Também conhecidos como exercício de Kegel, estas técnicas têm como objetivo fortalecer os músculos pélvicos de forma a recuperar o controlo.
Realizados com a orientação de um fisioterapeuta, são mais eficazes na incontinência de esforço e na de urgência.
ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA
O objetivo é também fortalecer os músculos pélvicos, mas aqui isso é feito através de uma estimulação elétrica que consiste em introduzir elétrodos no reto ou na vagina.
Mais indicada para a incontinência de esforço ou de urgência, pode mesmo assim exigir tratamentos ao longo de vários meses.
DISPOSITIVOS MÉDICOS
- Pessário – É inserido um anel na vagina que deverá ser usado todos os dias e que ajuda a segurar a bexiga, evitando as perdas de urina
- Antes de uma atividade específica, é inserido um dispositivo pequeno e descartável na uretra vaginal que vai funcionar como um tampão e evitar as perdas durante a atividade
CIRURGIA
Se nenhum tratamento funcionar, poderá ser necessário recorrer a procedimentos cirúrgicos para resolver as causas que estão a provocar a incontinência urinária.
São exemplos de algumas procedimentos os seguintes:
- Suspensão do colo da bexiga
- Cirurgia de prolapso
- Inserção de um esfíncter urinário artificial
- Aplicação de tiras de tecido sintético ou malha em torno da uretra e do colo da bexiga, que vão ajudar a manter a uretra fechada especialmente em momentos de esforço como tossir
► Veja aqui alguns exercícios para controlar a incontinência urinária num pós-parto