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A pandemia por COVID-19 trouxe muitas e significativas mudanças ao dia a dia das crianças. Os estabelecimentos de ensino encerraram nos períodos de confinamento, os momentos de convívio e lazer com os amigos diminuíram e sofreram contingências, elementos da família ficaram sem se ver por longos períodos de tempo.
Será que estas circunstâncias podem afetar a saúde mental dos mais pequenos? Qual é, afinal, o impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças?
É necessário refletir sobre a saúde mental dos mais pequenos!
Como resultado das mudanças de rotinas a que a situação de crise pandémica que vivemos obriga, é comum surgirem, também nos mais pequenos, sentimentos de preocupação, ansiedade, incerteza, tristeza ou até depressão.
Dadas as atuais circunstâncias, é fundamental que pais, e restantes adultos de referência, estejam atentos às crianças e aos adolescentes.
Mais ainda, as crianças mais pequenas requerem especial atenção dado que podem experienciar diversas emoções relacionadas com a pandemia por COVID-19 e não saber atribuir-lhes significado, não ser capazes de identificar essas emoções, comunicá-las ou lidar com elas de forma saudável (1).
Qual o impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças?
Estudos realizados acerca de situações de crise/desastre anteriores mostram que as crianças podem sentir mais preocupações, maior sensação de confusão, sintomas de ansiedade e depressão.
Mais ainda, como vimos anteriormente, é natural que algumas crianças não possuam ainda a capacidade de identificar ou lidar com as suas próprias emoções e sentimentos.
Esta dificuldade pode dar origem a alguns comportamentos mais problemáticos, tais como:
- Necessidade de isolamento das outras pessoas
- Diminuição do interesse por atividades outrora apreciadas
- Queixas físicas
- Procura excessiva de atenção e ajuda por parte dos adultos
- Relutância em sair de casa
- Aumento de comportamentos de risco (1, 2)
De que forma podem os pais ajudar a diminuir esse impacto?
Para minimizar o impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças e ajudar os mais pequenos a enfrentar a situação atual, é muito importante criar um espaço de partilha entre pais e filhos, dando às crianças a oportunidade para refletir sobre o que está a acontecer e processar aquilo que estão a sentir e a viver.
De forma prática, deixamos estas 5 sugestões para que os pais possam ajudar a minorar o impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças:
Questionar e escutar
Antes de mais, os pais devem colocar questões abertas às crianças e aos adolescentes. Envolve-los nos diálogos familiares, escutar ativamente o que têm a dizer e refletir sobre aquilo que os mais pequenos dizem.
É importante que os adultos consigam normalizar e validar os sentimentos e as emoções de crianças e adolescentes. Que os façam sentir-se confortáveis e livres na partilha das suas dúvidas e ânsias. Que saibam que as suas partilhas não serão julgadas.
Adaptar as partilhas ao nível de desenvolvimento das crianças
As conversas em família são muito importantes, mas devem ser adequadas à idade e nível de desenvolvimento das crianças.
A informação a que crianças e adolescentes têm acesso deve ser monitorizada pelos pais, na medida em que muitas delas são potencialmente falsas e prejudiciais ao seu bem-estar emocional.
Munir os mais pequenos de estratégias adequadas
As estratégias que cada um utiliza para enfrentar a atual situação de crise podem fazer toda a diferença. As estratégias adequadas podem contribuir para diminuir o possível impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças.
É importante que os pais consigam munir os mais pequenos de estratégias que os ajudem a manter a calma e a lidar com as suas próprias emoções. Eis alguns exemplos:
- Estratégias de relaxamento: respiração profunda; contrair/relaxar os músculos; colorir desenhos; apertar uma bola anti-stress
- Estratégias de gasto de energia: correr; dançar ao som da música favorita
- Estratégias de ocupação saudável dos tempos livres: as crianças devem sem incentivadas para a realização de atividades agradáveis (assistir a um filme; ler um livro; jogar um jogo; passear na natureza)
- Estratégias de controlo do pensamento: aprender a identificar aquilo que podem ou não controlar/modificar; desenhar e posteriormente partilhar aquilo que sentem
Criar e cumprir uma rotina diária
As rotinas contribuem para nos sentirmos seguros. Garantem previsibilidade e diminuem a incerteza. As rotinas das crianças mudaram, mas é possível criar uma nova rotina, adaptada à conjetura atual.
É importante que os pais ajudem os filhos a criar essa nova rotina diária, que deve incluir não só o horário de aulas e estudo, mas também os horários de refeição, descanso e lazer.
O cumprimento de determinadas tarefas domésticas pode e deve fazer parte da rotina, na medida em que aumenta o sentido de utilidade e responsabilidade dos mais pequenos.
Amor, mimo, atenção e paciência
Ingredientes fundamentais, que devem sempre existir, mas que devem ser reforçados perante a situação que vivemos. O impacto da COVID-19 no desenvolvimento das crianças é real e pode ser prejudicial.
As crianças podem responder de diferentes e variadas formas às situações de crise.
Os adultos devem responder, de forma consistente, com manifestações de apoio, disponibilidade para escutar, doses extra de carinho, amor, atenção e momentos de muita brincadeira (1, 2, 3).
- Aten, J. (2020). The Importance of Children’s Mental Health During COVID. Psychology Today. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/hope-resilience/202011/the-importance-childrens-mental-health-during-covid
- Serani, D. (2021). School Closures and Children’s Mental Health. Psychology Today. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/two-takes-depression/202102/school-closures-and-childrens-mental-health
- Ordem dos Psicólogos Portugueses (2020). AJUDAR AS CRIANÇAS A LIDAR COM O STRESSE DURANTE O SURTO DE COVID-19. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/ajudar_as_criana_as_a_lidar_com_o_stress_durante_o_surto_de_covid19_4.pdf