Habitualmente, o desejo sexual masculino é apresentado como uma entidade sólida e inesgotável, uma espécie de força indestrutível. Será mesmo assim? Será que os homens perdem o desejo ou isso é impossível de acontecer? Vamos descobrir.
Compreender o desejo sexual masculino
O desejo sexual masculino é um processo complexo ativado por uma grande diversidade de estímulos. Envolve vários neurotransmissores e várias hormonas e, tal como o desejo sexual feminino, é influenciado por uma série de fatores psicológicos e relacionais.
Apesar do desejo sexual masculino ser afetado por diversos fatores, não é tão frágil quanto o desejo sexual feminino. O desejo dos homens é mais constante, enquanto o desejo sexual feminino é mais flutuante (fortemente influenciado pelo ciclo menstrual e pelo estado emocional).
Por outro lado, o desejo masculino é mais facilmente ativado, daí que os homens habitualmente se predisponham mais para o sexo. De forma geral, o desejo sexual feminino é mais contextual e mais orientado para a conexão emocional e para os homens não é tanto assim.
5 motivos pelos quais os homens perdem o desejo sexual
Ao contrário do que se pensa, o desejo sexual dos homens não é à prova de fogo e, de facto, os homens perdem o desejo. Assim, apesar de ser um desejo mais constante, os homens não estão sempre prontos para o sexo e há vários fatores que podem perturbar o desejo sexual masculino. Veja abaixo.
1 – Estado de saúde: se houver doença física ou mental, o desejo sexual pode ser perturbado, não só pela doença em si mas também pelos tratamentos (por exemplo, toma de antidepressivos).
2 – Obesidade.
3 – Aspetos emocionais e relacionais: humor depressivo, tristeza, ansiedade, preocupações, ou problemas na relação.
4 – Stress profissional e cansaço.
5 – Má rotina de sono ou episódios de insónia recorrentes.
Perturbação de desejo sexual hipoativo masculino
Cada uma das componentes do sexo – desejo, ativação fisiológica e orgasmo – pode sofrer um desvio. Cada tipo de disfunção pode ser devido a causas psicológicas, físicas ou ambas.
A perda de desejo sexual e os problemas do orgasmo são mais comuns nas mulheres. Os principais problemas dos homens são a impotência e a ejaculação precoce, no entanto, quando os homens perdem o desejo sexual podemos estar perante uma perturbação de desejo sexual hipoativo masculino, que requer tratamento especializado. Este são os principais sintomas:
a – Pensamentos ou fantasias sexuais/eróticos e desejo de atividade sexual persistentemente ou recorrentemente diminuídos ou ausentes;
b – Esta diminuição ou ausência de desejo sexual persiste por um período mínimo de aproximadamente 6 meses e provoca ao indivíduo mal-estar clinicamente significativo;
c – Para este diagnóstico ser atribuído, a disfunção sexual não pode ser devida a perturbação mental não sexual ou consequência de dificuldades relacionais graves, bem como não pode ser devida aos efeitos de determinada substância ou medicamento ou devido a outra condição médica;
d – A perturbação de desejo sexual hipoativo masculino pode ser caracterizada de diferentes formas:
- Ao longo da vida (esteve presente desde que o indivíduo se tornou sexualmente ativo) ou adquirida (iniciou após um período de função sexual relativamente normal);
- Generalizada (não se limita a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros) ou situacional (ocorre apenas com certos tipos de estimulação, situações ou parceiros);
- Ligeira (provoca mal-estar ligeiro), moderada (mal-estar moderado devido aos sintomas) ou grave (evidência de mal-estar grave ou extremo).
Tratamento psicológico da disfunção sexual
A disfunção sexual é mais comum do que aquilo que se possa pensar e pode afetar o desejo, o mecanismo da excitação ou o orgasmo. A avaliação da disfunção sexual é importante e a terapia sexual é eficaz em muitos destes problemas.
Quando os homens perdem o desejo de forma persistente e recorrente e sentem mal-estar significativo como consequência, devem procurar ajuda médica especializada. Quando a causa é psicológica (quando não existe nenhuma causa médica subjacente), existem soluções terapêuticas eficazes.
Os problemas sexuais podem responder à tranquilização ou à consulta de manuais de autoajuda, mas há situações que exigem terapia sexual, administrada por um especialista em saúde mental, habilitado para o efeito.
A terapia sexual usa métodos comportamentais e é eficaz. Habitualmente o casal é tratado em conjunto, recebe informação sobre o sexo e os fatores que o afetam e são encorajados a discutir abertamente sobre os sentimentos e preocupações, de forma a diminuir a ansiedade e o embaraço que habitualmente existem. Posteriormente, com a ajuda do terapeuta, o casal vai reconstruindo o seu relacionamento sexual.