A hidroterapia, ou terapia através da água, refere-se ao uso da água nos seus diversos estados para aliviar o desconforto e promover o bem-estar.
A água sempre desempenhou um papel vital para todas as culturas, desde as mais antigas civilizações como os gregos e os romanos. Os efeitos da hidroterapia começaram a ser investigados cientificamente na Europa, o que levou progressivamente ao aumento do reconhecimento das suas vantagens. Hoje em dia, a hidroterapia é indicada para o tratamento de uma grande variedade de problemas de saúde.
Hidroterapia: o que é e como funciona?
Esta é uma área bastante abrangente, mas o termo hidroterapia está commumente associado à aplicação de várias intervenções de cariz terapêutico dentro de uma piscina sob orientação de um fisioterapeuta.
Estas intervenções podem incluir desde exercícios de alongamento, fortalecimento, mobilização articular, equilíbrio, resistência cardiovascular e treino de marcha.
Mas como funciona afinal a hidroterapia? Essencialmente através da influência que as propriedades únicas da água acarretam a nível corporal.
Propriedades da água e a sua influência | |
Flutuação | É a força oposta à força de gravidade. Permite diminuir a carga sobre as articulações, trazendo uma maior sensação de leveza e facilidade na realização dos movimentos ativos. |
Pressão hidrostática | Pressão exercida nos corpos imersos na água. Ajuda no retorno venoso, na diminuição dos batimentos cardíacos e aumenta o período de reação antes de se perder o equilíbrio. Portanto, representa uma excelente forma de se ganhar a confiança da pessoa, ideal para a implementação de programas de reeducação de equilíbrio e treino de marcha. |
Viscosidade | É a força que resiste ao movimento através da água e que aumenta de acordo com a velocidade. |
Tensão superficial | A superfície de um fluído atua como uma membrana sob tensão. O movimento realizado à superfície da água exigirá um maior esforço por parte da pessoa. Usar equipamentos à superfície da água também aumentará a resistência. |
Temperatura | A água retém o calor 1000 vezes mais que o ar, o que altera significativamente a regulação da temperatura pelo organismo. Com a imersão menos pele fica exposta ao ar e a dissipação do calor através da transpiração diminuirá. Normalmente a temperatura da água da piscina ronda os 35 graus celsius, o que leva ao relaxamento muscular, alívio da dor e encorajamento da circulação sanguínea e, por conseguinte, ao aumento da amplitude dos movimentos. |
Assim, pelas suas propriedades únicas, a água proporciona o ambiente ideal para a reabilitação de determinadas condições. Por vezes, o suporte extra que a água oferece é a única alternativa que algumas pessoas têm para continuarem a praticar exercício físico, ou até mesmo para que os profissionais de saúde possam implementar os seus programas de reabilitação.
Hidroterapia: quais os seus benefícios e quem pode fazer?
A hidroterapia apresenta uma grande variedade de benefícios, dos quais se destacam:
- Alívio da dor;
- Redução do espasmo muscular;
- Aumento da amplitude de movimento das articulações;
- Fortalecimento dos músculos fracos;
- Estimulação da circulação sanguínea;
- Melhoria do equilíbrio e coordenação;
- Reabilitação de músculos paralisados;
- Melhoria da resistência cardiovascular;
- Promoção do relaxamento muscular.
Por todos estes benefícios a hidroterapia revela-se extremamente útil em casos de artrite, dor nas costas, condições musculoesqueléticas (como o ombro “congelado”, entorses, etc), fibromialgia, condições neurológicas (como a paralisia cerebral, Parkinson, acidentes vasculares encefálicos – AVE, etc), entre outros.
No entanto, em certas circunstâncias a hidroterapia não é recomendada, como por exemplo:
- Estados inflamatórios;
- Febre;
- Doenças do coração e hipertensão – o aumento da circulação sanguínea pode colocar o coração sob stress;
- Doença vascular periférica severa;
- Doença renal severa;
- Cancro;
- Perigo de hemorragia.
Antes de iniciar a prática da hidroterapia é fundamental aconselhar-se com o seu médico e seguir as suas orientações.
Hidroterapia: como e onde fazer?
A piscina da hidroterapia deverá ser retangular e variar em profundidade. Dessa forma é possível explorar na íntegra todas as propriedades da água e, assim, realizar todo o tipo de atividades.
Uma vez que se trata de uma terapia, deverá ser estabelecido um plano de intervenção, que é baseado em objetivos definidos e personalizados para cada pessoa. O fisioterapeuta é o profissional de saúde que, geralmente, mais usufrui desta ferramenta terapêutica. Mas outros profissionais, como os terapeutas ocupacionais e psicomotricistas, podem igualmente aproveitar as vantagens da reabilitação na água.
Estes profissionais deverão conhecer muito bem as propriedades da água e as suas influências no corpo humano, pois isso determina as abordagens terapêuticas a seguir e o despiste das situações em que não é recomendável praticar hidroterapia.
Não saber nadar não impede a prática da hidroterapia, pois a altura da piscina permite-lhe exercitar-se adequadamente. Terá igualmente o acompanhamento de um profissional dentro da água e podem ser usados utensílios que o ajudam a flutuar, o que aumentará a sua confiança dentro de água. As sessões são geralmente realizadas em grupo e ocorrem sobretudo em meio hospitalar.