A Hidrolinfa é um procedimento normalmente associado às áreas da estética e bem-estar, apesar de outras terapias não convencionais ( como a Naturopatia, por exemplo) também recorrerem a este tipo de procedimento. Em linhas gerais, promete não só ajudar a restabelecer o equilíbrio bioenergético, mas também a corrigir e a prevenir várias disfunções do organismo.
Porém, importa frisar que este é um procedimento que não está validado cientificamente, razão pela qual recorrer à Hidrolinfa por motivos de saúde pode acarretar mais riscos do que benefícios e explicamos porquê.
Hidrolinfa: o que é e como funciona?
Um aparelho de Hidrolinfa (ou de eletro-hidroterapia) aciona uma corrente de baixa amperagem, através de um ou mais elétrodos presentes no aparelho, que, por sua vez, é potenciada pela adição de cloreto de sódio (sal) à água.
O paciente coloca os pés dentro da água e à medida que o sal se vai diluindo, cria-se um campo eletrolítico (de iões positivos e negativos), o qual, segundo a teoria defendida pelo procedimento, promove a eliminação de toxinas e a irrigação sanguínea. No entanto, é fundamental voltar a sublinhar que este método não tem qualquer suporte científico.
Ou seja, por mais agradável que seja estar sentado com os pés banhados em água tépida, a desfrutar da sensação de formigueiro causada pela corrente de baixa voltagem, a verdade é que a eliminação das toxinas é uma tarefa única e exclusiva do fígado, numa primeira fase, e depois dos rins, que as filtram do sangue para a urina.
Além disso, importa saber que a pele não tem a capacidade de excretar toxinas. Isto é, não há qualquer evidência de que as toxinas que se encontram no corpo possam passar através da pele para o exterior, com ou sem o auxílio de uma corrente elétrica.
Mais, as toxinas produzidas como produtos metabólicos são incolores, razão pela qual não se deve deixar impressionar com os tons terra que resultam do procedimento.
A coloração da água, a que se deve?
A este respeito, é necessário compreender que a coloração da água deve-se apenas e só à corrosão eletrolítica (ferrugem) dos elétrodos de metal presentes no aparelho e que ficam imersos na água. Por norma, estes elétrodos são feitos de ferro, níquel e cobre, os quais se decompõem em íons coloridos.
As cores daqui resultantes (amarelo, castanho, preto) variam ainda com a quantidade de sal adicionada e com o pH da solução, sendo que podem ser bastante intensificadas pelas substâncias que são adicionadas ao banho antes do uso ou estão presentes nos sabonetes frequentemente usados para preparar o pés dos pacientes.
Quais os riscos associados à Hidrolinfa?
Os subprodutos do processo de eletrólise são bolhas de gases de hidrogénio e cloro (ambos perigosos em espaços confinados) e hidróxido de sódio, commumente conhecido como “soda cáustica”.
Estar exposto a este tipo de gases pode ser perigoso para a saúde, além de não ser benéfico para a pele se este for um procedimento realizado com muita regularidade.
Além disso, uma vez que se trata de um aparelho ligado a uma tomada elétrica, caso haja algum problema na fonte de alimentação, existe mesmo o risco de choque elétrico.
Antes de aceitar fazer uma sessão de Hidrolinfa, lembre-se dos riscos associados e aproveite a oportunidade para poupar dinheiro, uma vez que o dito tratamento também não é nada barato.
Artigo originalmente publicado em Agosto de 2020. Atualizado em Setembro de 2022.