Qual é a mãe ou o pai que nunca se viu sem paciência perante uma exuberante birra do filho? Nenhum! As birras são desafiantes, exigentes, aparatosas e barulhentas. Acontecem na esfera privada mas também em locais cheios de gente. Manter a calma é essencial, mas nem sempre é fácil. Para ajudar, vamos deixar algumas dicas úteis na gestão de birras.
Birras e mais birras!
As birras são situações próprias do normal desenvolvimento das crianças, muito frequentes, que normalmente surgem entre os 18 e os 48 meses e parecem não ter fim. É comum que os pais procurem ajuda para a gestão de birras junto dos profissionais de saúde que acompanham os seus filhos.
Os pais devem, antes de mais, compreender o porquê da existência das birras. As crianças mais pequenas não possuem ainda ferramentas e competências eficazes para lidar com os sentimentos de frustração, o que leva a que adotem comportamentos desafiantes como chorar, gritar, espernear, fugir, atirar-se para o chão, atirar objetos, entre outras possíveis manifestações das birras.
As causas que desencadeiam as birras podem ser várias e ser diferentes de criança para criança. Algumas das mais comuns são, por exemplo, o cansaço, o sono, a fome e determinadas situações mais específicas como a hora das refeições ou a hora de deitar.
Apesar das birras serem comuns a todas as crianças e de, geralmente, não serem motivo de preocupação, há sinais de alerta aos quais os pais devem estar atentos. Perante a presença dos seguintes sinais de alerta, os pais devem aconselhar-se junto do pediatra que acompanha o seu filho de forma a obterem ajuda especializada para uma gestão de birras mais eficaz:
- quando as birras agravam de tal forma, em frequência, duração e intensidade, que se tornam impossíveis de controlar;
- quando a criança magoa os outros ou se magoa a si mesma no decorrer nas birras;
- quando a criança destrói brinquedos ou outros objetos;
- quando as birras ocorrem na escola e perturbam o seu normal funcionamento;
- quando os pais reagem com agressividade perante as birras das crianças e já não estão capazes de ajudar as crianças a respeitar as regras e a hierarquia familiar.
Gestão de birras: 8 dicas de ouro
Os pais sabem que devem tolerar as birras, mas sem se demitirem do seu papel de pais e educadores, da mesma maneira que sabem que devem facilitar sem permitir que os seus filhos façam tudo aquilo que querem. Mas como encontrar este ponto de equilíbrio na azáfama do dia a dia?
De facto, não é fácil, e não existe uma única receita mágica para acabar com as birras ou para dar aos pais paciência infinita. Contudo, há algumas estratégias que aplicadas de forma consistente no dia-a-dia podem ajudar os pais a lidar de forma equilibrada com os comportamentos mais desafiantes dos filhos.
1 – Defina fronteiras claras: a criança deve conhecer e compreender os papéis e as tarefas de cada elemento da família. Deve também ter noção de que não lhe cabe a ela tomar decisões nem dizer aos pais aquilo que estes devem fazer.
2 – Defina regras claras: defina quais os valores e as normas que se aplicam à vossa família e garanta que a criança os conhece e respeita. É natural e desejável que algumas regras sejam flexíveis, no entanto, outras devem ser respeitadas.
3 – Elogie! Não se canse de elogiar o seu pequenote: castigar as crianças quando estas se portam mal ou quando fazem uma birra monumental não é suficiente. As crianças devem ser valorizadas e elogiadas sempre que demonstram bom comportamento e outras qualidades. Crianças que vêm os seus sucessos elogiados esforçam-se mais por manter esses comportamentos positivos.
4 – As palmadas não são solução para tudo: as crianças aprendem e reproduzem aquilo que observam. Se os pais são modelos de agressividade as crianças aprendem que também podem usar a agressividade para obterem aquilo que desejam. Isto não quer dizer que os pais não devam deixar claro às crianças que o mau comportamento tem consequências (por exemplo, proibindo a criança de ver determinado desenho animado), mas é importante que após a punição, que não deve ser demasiado estendida no tempo, a criança volte a ter acesso ao que lhe foi retirado.
5 – Compreenda e previna as birras: esteja atento e tente perceber em que contextos e porque motivos surgem as birras. Dessa forma, será mais fácil criar alternativas para as situações que costumam desencadear as birras.
6 – Mimar não significa ceder a todos os caprichos: o mimo nunca fez mal a ninguém, mas mimar e acarinhar a criança não implica que esta tenha todas as suas vontades satisfeitas. Quando diz “não”, tente manter o “não” até ao fim. Seja firme e consistente na definição e aplicação das regras e evite que o “não” dito por si perca força e valor.
7 – Os adultos devem estar todos alinhados: os adultos que lidam diariamente com a criança não se podem desautorizar. Por exemplo, quando o pai elogia ou castiga a mãe não deve criticar esse ato na presença da criança.
8 – Mantenha a calma (dentro dos possíveis): gritar mostra descontrolo e pode desencadear uma birra ainda maior por parte da criança.