Os arranjos florais são itens clássicos de decoração das mesas um pouco por todo o mundo, mas as flores podem por vezes aparecer nos pratos. As flores comestíveis são usadas em vários estilos de cozinha diferentes e emprestam novos sabores e cores aos pratos, aparecendo em molhos, saladas, bebidas e nas mais variadas entradas. Algumas, inclusive, oferecem alguns benefícios para a saúde.
10 flores comestíveis
Flores comestíveis: hibisco
Existem centenas de espécies de hibisco mas a variedade comestível mais popular é conhecida como rosélia ou Hibiscus sabdariffa.
Embora sejam maioritariamente cultivadas com o intuito decorativo, as flores de hibisco são bastante conhecidas pelas suas aplicações culinárias e medicinais.
Podem ser comidas diretamente da planta, mas o mais comum é serem consumidas na forma de chás, temperos, compotas ou em saladas.
Alguns estudos referem que o hibisco ajuda a baixas a pressão sanguínea e os níveis de colesterol, embora sejam necessários mais trabalhos no sentido de elucidar estes benefícios (1, 2).
Dente-de-leão
Embora sejam associados às ervas daninhas que enchem os jardins, a verdade é que os dentes-de-leão são flores comestíveis altamente nutritivas, com propriedades antioxidantes interessantes (3).
Curiosamente, as flores não são a única parte comestível dos dentes-de-leão, podendo ser consumidas as raízes, caules e folhas desta planta. As flores podem ser consumidas em cru, incluídas ou não em saladas, panadas ou na forma de geleias e vinhos.
Lavanda
A lavanda é uma planta característica dos países do norte de África e do Mediterrâneo, muito conhecida devido à sua fragrância distinta, com suposto efeito calmante (4).
A combinação da cor com o aroma fazem da lavanda uma flor bastante procurada para ornamentar pratos e incluir em produtos de confeitaria, licores, infusões, temperos e misturas de ervas.
Madressilva
Existem quase 200 espécies de madressilva, mas as mais comuns são as variedades japonesa e woodbine (ou simplesmente madressilva). Esta flor é parte essencial da medicina tradicional chinesa há vários séculos (5).
As flores e o seu néctar podem ser ingeridos ou aplicados diretamente na pele para tratamento de várias doenças inflamatórias, mas a sua eficácia em humanos permanece duvidosa (5).
Na culinária, a madressilva é ainda consumida na forma de chás ou infusões e xaropes que podem ser usados para adoçar bebidas, iogurtes ou como substitutos de açúcar em várias receitas.
Enquanto a flor e o néctar da madressilva são perfeitamente seguros para consumo, as bagas de determinadas variedades podem ter efeitos tóxicos se ingeridas em grandes quantidades (6).
Flor de agrião
Embora conheça as folhas, duvidamos que soubesse que a flor do agrião também é comestível. De flores tipicamente vermelhas, alaranjadas ou amareladas, são muitas vezes usadas para enfeitar produtos de pastelaria e saladas.
A flor do agrião não é apenas versátil e visualmente apelativa, mas também altamente nutritiva. De acordo com um estudo de 2015, esta flor comestível apresenta uma variedade de minerais e compostos bioativos com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios (7).
Borragem
A borragem ou borracha é utilizada na medicina tradicional para tratar sintomas ligeiros como dores de garganta e tosse, embora a pesquisa acerca da sua eficácia para tais fins seja bastante escassa (8).
Na culinária, tanto as folhas como as flores são comestíveis, sendo as últimas descritas como tendo um sabor levemente doce, reminiscente do pepino e do mel. Podem ser incluídas em saladas ou cozinhadas e adicionadas a sopas, molhos e temperos.
Beldroega
A beldroega é uma suculenta cujas folhas e flores são comestíveis. Do ponto de vista nutricional, esta planta apresenta uma riqueza incomum: para além do teor em vitaminas, minerais e antioxidantes, salta à vista a riqueza em ómega-3 (9).
As flores e folhas da beldroega podem ser servidas cruas ou em saladas, ou então salteadas/estufadas com outros vegetais, servindo de acompanhamento para vários pratos.
Rosa
Existem mais de 150 espécies de rosas e, surpreendentemente, todas elas são comestíveis – embora não saibam todas ao mesmo. No entanto, apenas as pétalas deverão ser comidas, uma vez que as flores e os caules apresentam um sabor desagradável.
Podem ser ingeridas a cru ou misturadas com sumos, saladas e outras preparações. As pétalas frescas podem ainda ser maceradas e adicionadas a líquidos de forma a criar infusões de rosa.
Como muitas das flores comestíveis, as rosas apresentam alguns benefícios para a saúde, havendo investigadores que referem que esta flor pode ajudar a reduzir a ansiedade e a promover o relaxamento (10).
Amor-perfeito
Os amores-perfeitos são flores pequenas que existem uma grande variedade de cores, sendo as mais comuns a roxa, azul e amarela. Tipicamente apresentam um sabor fresco e ligeiramente floral, embora possa variar com o tipo de planta.
Uma vez que apresentam cores tão distintas, estas flores constituem elementos decorativos interessantes em produtos de pastelaria e confeitaria.
Aparte da estética que conferem aos pratos, os amores-perfeitos são ainda ricos em vários compostos com potencial antioxidante e anti-inflamatório (11).
Camomila
A camomila é utilizada na cozinha e medicina tradicional há vários séculos. Clinicamente, esta flor é consumida como forma de reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono (12, 13).
A maioria das receitas envolve a infusão das flores como forma de extrair os sabores e compostos bioativos, mas a utilização da camomila não se resume unicamente aos populares chás. Estas flores podem ser utilizadas para fazer reduções (xaropes) e outras infusões para produtos de pastelaria, batidos e sobremesas.
Conclusão
Embora estejamos habituados a olhar para as flores como elementos decorativos, a verdade é que muitas delas podem ser adicionadas à nossa dieta.
Algumas destas flores comestíveis apresentam ainda um teor interessante de substâncias antioxidante e anti-inflamatórias que podem ter interesse para a saúde humana, embora sejam necessários mais estudos para confirmar estes dados.
- Serban, C., et.al. (2015). Effect of sour tea (Hibiscus sabdariffa L.) on arterial hypertension. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25875025
- Hopkins, A. L., et.al. (2013). Hibiscus sabdariffa L. in the treatment of hypertension and hyperlipidemia: A comprehensive review of animal and human studies. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23333908
- Wirngo, F. E., et.al. (2016). The Physiological Effects of Dandelion (Taraxacum Officinale) in Type 2 Diabetes. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5553762/
- Koulivand, P. H., et.al. (2013). Lavender and the Nervous System. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3612440/
- Liao, J. C., et.al. (2013). Application of proteomics to identify the target molecules involved in Lonicera japonica-induced photokilling in human lung cancer CH27 cells. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3850744/
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- Morales, F., et.al. (2016). MEDICINAL PLANTS USED IN TRADITIONAL HERBAL MEDICINE IN THE PROVINCE OF CHIMBORAZO, ECUADOR. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5357882/
- Uddin, M. K., et.al. (2014). Purslane Weed (Portulaca oleracea): A Prospective Plant Source of Nutrition, Omega-3 Fatty Acid, and Antioxidant Attributes. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3934766/
- Mohebitabar, S., et.al. (2017). Therapeutic efficacy of rose oil: A comprehensive review of clinical evidence. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5511972/
- González-Barrio, R., et.al. (2018). Chemical composition of the edible flowers, pansy (Viola wittrockiana) and snapdragon (Antirrhinum majus) as new sources of bioactive compounds. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29478556
- Adib-Hajbaghery, M., & Mousavi, S. N. (2017). The effects of chamomile extract on sleep quality among elderly people: A clinical trial. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29154054
- Keefe, J. R., et.al. (2016). Short-term open-label chamomile (Matricaria chamomilla L.) therapy of moderate to severe generalized anxiety disorder. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27912871