Os pais divorciam-se da sua relação conjugal, mas não da sua relação parental. Idealmente, filhos de pais separados não têm necessidades especiais ao nível da sua educação, sendo apenas necessário um reajuste familiar e um alinhamento das estratégias parentais.
As mudanças a que o divórcio obriga
O divórcio é um processo complexo que obriga a muitas mudanças individuais e familiares. É um período de grande stress para toda a família.
Para além das questões legais, os pais têm de se adaptar a um novo estilo de vida, reorganizar-se financeiramente, cuidar e auxiliar os filhos, e fazer o luto da relação conjugal. O divórcio não deve ditar o fim da família: as relações familiares mantêm-se mas com uma nova configuração: novas regras; novos papéis; novos hábitos.
Para a maioria dos pais, é muito difícil diferenciar o papel conjugal do papel parental, mas é quando a ex-relação marital se confunde com a relação coparental que os problemas surgem e se refletem nas crianças. É essencial que os adultos consigam estabelecer uma aliança parental forte e centrada no ajustamento dos filhos. O desenvolvimento e a educação dos filhos de pais separados não devem ser comprometidos.
Um dos desafios mais difíceis que os pais separados enfrentam são as decisões relativas às responsabilidades e ao tempo com os filhos. Os pais têm medo que o fim da relação conjugal signifique o fim da relação parental e que tal tenha um impacto negativo no desenvolvimento dos filhos.
Filhos de pais separados: como educar?
Uma boa ou má adaptação das crianças ao divórcio depende da forma como os pais gerem a separação: relação entre os pais livre de conflitos; criação de dois núcleos familiares efetivos; boa adaptação de cada um dos adultos à nova realidade financeira, social e pessoal.
Filhos de pais separados recebem melhores cuidados emocionais e psicológicos quanto melhor os adultos se sentirem confiantes, positivos e adaptados no seu novo papel.
Se é um pai ou uma mãe recém divorciado/a e se preocupa em adotar as práticas parentais adequadas, potenciar uma vivência da coparentalidade saudável e satisfatória, as dicas que se seguem são para si:
- Partilhe as suas dificuldades com outros pais que passaram ou estão a passar por um processo de divórcio: a constatação de que não se é o único a passar por certas adversidades promove uma postura mais positiva e otimista;
- Tente gerir as emoções envolvidas na desvinculação ao ex-cônjuge: este processo de desvinculação emocional está muitas vezes recheado de sentimentos de raiva, frustração e impotência;
- Evite conflitos e disputas: conflito tem impacto negativo no desenvolvimento dos seus filhos;
- Envolva-se na construção de um projeto de educação para os seus filhos, juntamente com o seu ex-cônjuge: vai trazer menos problemas de adaptação psicológica aos seus filhos; procurem o equilíbrio entre a privacidade de cada adulto e o acordo de regras básicas na educação e interação com os filhos; criem um plano parental com as regras essenciais que devem ser implementadas por ambos (alimentação; rotinas de sono; higiene; trabalhos de casa; disciplina e regulação do comportamento; responsabilidades assumidas por cada adulto; envolvimento nas atividades das crianças);
- Reflita sobre as suas opções individuais para o futuro: defina novos objetivos para si enquanto pessoa e enquanto pai/mãe; se estiver bem consigo mesmo, vai educar melhor o seu filho;
- Crie e recupere redes sociais de apoio: estimule o surgimento de novas relações sociais e fortaleça as já existentes;
- Lembre-se: o segredo para uma boa parentalidade é assegurar que as crianças são amadas e protegidas por ambos os pais.
Em suma…
É certo que a coparentalidade após o divórcio é muito desafiante, mas quando as necessidades das crianças são colocadas acima das necessidades e dos medos e sentimentos dos adultos, tudo corre bem.