A falta de ar recorrente (também designada por dispneia) caracteriza-se por desconforto ou dificuldade em respirar, que pode surgir em várias situações – como nos casos de obstrução das vias aéreas ou fluxo sanguíneo, diminuição da concentração de oxigénio no sangue e na presença de patologia respiratória.
Já sentiu falta de ar em algumas circunstâncias? Importa reconhecer os sintomas que identificam uma patologia presente, para assim procurar ajuda médica e melhorar a qualidade de vida. Tenha em mente que sentir cansaço respiratório de forma recorrente não é um quadro indiferente e pode dizer mais sobre a sua saúde.
Relativamente à sintomatologia, pode adquirir um quadro clínico desde aperto no peito, palpitações, pieira, tosse, cansaço e fadiga ao realizar tarefas simples da vida diária (andar, subir escadas ou mesmo comer), dificuldade em falar ou completar frases e cianose (pele com tom azul-acinzentado) especialmente nos dedos, lábios e orelhas.
Este tipo de patologia tende a ser mais frequente e intensa nas estações mais frias, e especialmente nos grupos etários mais vulneráveis, como idosos e crianças. É importante conseguir identificar e corrigir corretamente estas situações, pois podem implicar risco de vida.
Principais causas da dispneia
Os episódios de dispneia podem ser agudos (repentinos) ou crónicos (prolongados), podendo estar associados a diversas patologias, sendo as causas mais comuns:
- Doenças respiratórias (como asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, pneumonia e outras infeções)
- Doenças pulmonares (como infeções e edema)
- Doença cardíaca (como enfarte, insuficiência cardíaca)
- Anemia
- Anafilaxia (reação alérgica grave)
- Hipertensão pulmonar;
- Doença pulmonar intersticial (fibrose).
Existem outras condições que também podem causar a sensação de falta de ar, como ataques de pânico, ansiedade e cancro do pulmão.
A exposição a poluentes, como químicos, poeiras, fumo (como o do tabaco), são outros fatores que podem desencadear um episódio de dispneia.
Dados epidemiológicos
Em Portugal, as doenças respiratórias são uma das principais causas de morbilidade e mortalidade, em particular as doenças respiratórias crónicas, cuja prevalência é de cerca de 40%, com tendência a aumentar, e com especial atenção nos utentes com idade superior a 65 anos.
Segundo dados estatísticos do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias é factual uma redução sustentada dos anos potenciais de vida perdidos, assim como o número de internamentos.
Relativamente à asma e DPOC, Portugal integra o grupo dos países da OCDE com menor taxa de mortalidade. Por outro lado, no que toca a casos de pneumonia é o país com a taxa de mortalidade mais elevada.
Diagnóstico da dispneia
O diagnóstico primário consiste na avaliação dos sintomas, história clínica, assim como exame físico e auscultação pulmonar.
Adicionalmente, como meio complementar de diagnóstico poderá ser necessária uma espirometria, um exame que avalia a quantidade de ar que o indivíduo consegue inspirar e expirar e com que rapidez, como também a medição dos níveis de oxigénio no sangue com oxímetro de pulso, análises sanguíneas, exames imagiológicos e eletrocardiograma.
Em caso de suspeita de infeção respiratória pode ser solicitado exame microbiológico de expetoração ou lavado/aspirado bronco-alveolar.
Como atuar perante um caso de dispneia?
É importante salientar que qualquer situação de dificuldade respiratória deve ser assistida num hospital, mesmo aparentando já haver sinais recuperação. É importante certificar que não houve dano permanente e confirmar a causa que originou a situação.
Quando estamos perante uma situação repentina de dificuldade respiratória, existem alguns pontos fundamentais para auxiliar nessa situação:
- Sentar a vítima, colocando-a numa posição estável e confortável.
- Incentivar a respirar calmamente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.
- Não permitir conversas, aconselhando apenas a responder de forma curta, como “sim” ou “não” através de gestos.
- Não permitir esforços físicos, pois a fadiga vai agravar a situação.
- Se a vítima utilizar habitualmente oxigénio em casa, não aumentar o valor administrado.
- Nunca deitar uma pessoa com dificuldade respiratória, pois pode piorar a situação.
- Contactar o número de emergência médica.