Quando é que uma mulher deve ir a uma consulta ginecológica e realizar exames vaginais?
- Regularmente, mesmo que nunca tenha tido relações sexuais, para prevenção de doenças específicas da mulher;
- Quando decidir iniciar as relações sexuais, a mulher deve ir anualmente a uma consulta onde poderá discutir a contraceção e iniciar o exame de rastreio de possíveis infeções do colo do útero;
- Quando existem alterações nos ciclos menstruais, na palpação da mama ou nas características das secreções vaginais (corrimento);
- Quando aparecem caroços, vermelhidão, prurido ou ardores na área genital ou nódulos nas mamas;
- Quando notar alterações físicas que indiquem estar a aproximar-se a menopausa.
O exame ginecológico é um exame preventivo, indolor, muito simples de realizar. Pode causar desconforto, principalmente se a mulher estiver ansiosa e contrair os músculos da vagina.
Para que se sinta tranquila, a mulher pode conversar com o/a médico/a sobre as suas dúvidas e receios e pedir-lhe que explique como vai ser realizado o exame. Pode ir acompanhada à consulta com alguém que lhe transmita confiança.
Exames Vaginais: quais os exames habituais?
1. Citologia do colo do útero ou exame do Papanicolau
O teste de Papanicolau é um procedimento de rastreio importante para o cancro do colo do útero, sendo utilizado principalmente para detetar alterações pré-cancerosas que podem evoluir para uma neoplasia maligna.
Deve ser feito pela primeira vez em mulheres com mais de 21 anos que já tenham tido relações sexuais, preferencialmente três anos após o início da vida sexual. É repetido a cada dois a três anos, salvo se houver sintomas.
É praticamente indolor, mas poderá sentir desconforto quando é feita a colheita de uma amostra de células da superfície externa do colo do útero e do canal endocervical, que será analisada. Quanto mais tranquila estiver, menor a tensão muscular, mais confortável se sentirá.
Após o exame vaginal ter terminado, a mulher pode vestir-se e regressar às suas atividades diárias normais.
Pode ocorrer a perda de uma pequena quantidade de sangue depois do exame, pelo que pode optar por usar um penso higiénico fino durante um dia. Dependendo do que tenha sido referido pelo médico, poderá receber em casa informação sobre os resultados do teste de Papanicolau e recomendações sobre o seguimento ou ser convocada para uma consulta se algo tiver sido detetado no exame.
2. Ecografia Pélvica
A ecografia utiliza ultrassons de alta frequência emitidos por uma sonda e transmitidos através dos tecidos que os refletem para formar uma imagem da região examinada.
A ecografia é uma técnica simples, segura, inócua e não dolorosa. É utilizada para se observar os órgãos no interior da pélvis (útero, ovário e trompas, além das artérias e veias da região).
Há duas técnicas para se observar os órgãos da pélvis: técnica supra-púbica (técnica em que a sonda é colocada sobre a pele do abdómen baixo) e transvaginal ou endovaginal (técnica em que se coloca a sonda dentro da vagina).
Para este exame vaginal deve ter a bexiga cheia. Assim sendo, não urine durante 1 hora antes do exame ou se urinar, beba 1 litro de água 1 hora antes.
3. Histeroscopia
A histeroscopia é um procedimento endoscópico em que é avaliada a cavidade uterina utilizando um sistema ótico designado histeroscópio. A este sistema está associada uma câmara que transmite imagens ampliadas para um monitor presente na sala onde o exame é realizado.
Desta forma, o médico poderá examinar em pormenor o interior da cavidade uterina, bem como gravar as imagens que pretenda, ou mesmo todo o exame. A histeroscopia pode ser realizada com finalidades de diagnóstico ou de tratamento.
Pode ser efetuada em ambulatório, para diagnóstico de patologias (identificadas através de ecografia), ou no bloco operatório, para retirar pólipos ou miomas do útero.
Por vezes, é feita uma biopsia para complementar ou confirmar o diagnóstico. É comum sentir-se uma sensação de desconforto e contração uterina, semelhante à dor menstrual, com a introdução do histeroscópio.
4. Testes do HPV
Este tipos de exames vaginais apresenta-se como método de rastreio de lesões pré-cancerosas e deve complementar o exame de Papanicolau. Estes são testes de pesquisa dos 12 a 14 tipos do papiloma vírus humano de alto risco para o desenvolvimento de cancro do colo do útero e associados a cancro do ânus, vagina, pénis, vulva e orofaringe.
Tal como a citologia, são usados para deteção precoce de lesões pré-cancerígenas invisíveis a olho nu, que podem, assim, ser tratadas atempadamente, impedindo o desenvolvimento de cancro do colo do útero, o segundo cancro mais frequente na mulher jovem e que mata em Portugal cerca de uma mulher por dia.