Portugal apresenta níveis de utilização de estatinas similares aos de Espanha e França, mas inferiores aos dos países nórdicos ou Reino Unido.
Em Portugal as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte, contando-se, também, entre as principais causas de morbilidade, invalidez e anos potenciais de vida perdidos na população portuguesa.
Por este motivo é essencial a adoção de medidas preventivas nos indivíduos em risco de desenvolver doenças cardiovasculares (prevenção primária) e medidas que previnam a recorrência de eventos em indivíduos que já tenham doença cardiovascular (prevenção secundária).
As causas das doenças cardiovasculares são multifatoriais sendo o colesterol elevado um dos principais fatores de risco.
É necessário estar alerta e controlar com regularidade os níveis de colesterol, bem como adotar medidas preventivas que permitam evitar recorrer a medicação.
QUAL A RAZÃO DA CONTROVÉRSIA EM RELAÇÃO AO USO DE ESTATINAS?
A causa da dúvida advém de uma revisão internacional publicada que avaliou o uso de estatinas para baixar os níveis de colesterol no sangue, como forma de prevenção em pessoas que não tinham um historial de doenças cardiovasculares.
Os resultados demonstraram que de facto ocorre uma redução do risco de mortalidade em 16% nas pessoas que tomavam estatinas. Além disso, o risco de ataques cardíacos e de acidentes vasculares cerebrais também baixaram, assim como o colesterol no sangue.
Assim, os autores reconheceram que as estatinas reduzem a mortalidade e os problemas cardiovasculares, mas também lançaram incerteza acerca da sua utilidade na prevenção em pessoas sem um historial de doenças cardiovasculares.
Portanto, ficou provado que as estatinas apresentam uma boa relação custo-benefício, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, é boa política existir uma maior precaução na prescrição de estatinas para prevenção primária em pessoas com baixo risco cardiovascular, devido aos possíveis efeitos secundários.
Os autores do estudo defendem que os efeitos secundários (mesmo que reduzidos) podem ser maiores do que os riscos da doença que se pretende prevenir. No entanto, a avaliação do risco não é assim tão linear. Pode nunca ter tido um evento cardiovascular, mas ter fatores como pressão arterial alta, triglicerídeos e até tabagismo que agravam bastante o quadro cardiovascular e potenciam efetivamente o seu risco.
Por cada 1000 pessoas tratadas com estatinas durante cinco anos, 18 irão evitar uma ocorrência cardiovascular significativa, o que é bom quando comparado com outros tratamentos usados para prevenir doenças cardiovasculares.
É importante que se entenda que as estatinas já têm mais de 30 anos de estudos, portanto existem provas científicas claras acerca do seu benefício e segurança no tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares.
QUAL O PAPEL DO COLESTEROL? AMIGO OU INIMIGO?
O colesterol é uma gordura muitas vezes vista como prejudicial e que ameaça a boa saúde do sistema cardiovascular. A verdade é que tal só acontece se o colesterol se encontrar em níveis elevados no organismo.
O colesterol é fundamental para a produção de vitamina D e ácidos biliares. Tem também uma importante função estrutural, encontrando-se presente nas membranas de todas as nossas células.
O colesterol é produzido pelo nosso organismo e deve também ser obtido através da alimentação, numa dose máxima de 300mg/dia.
O problema começa quando os níveis de colesterol, tanto total como LDL (“mau colesterol”), se encontram elevados, pois podem acumular-se nas paredes dos vasos sanguíneos e começar a desenvolver um processo inflamatório. Este processo chama-se aterosclerose e está na origem de vários problemas cardiovasculares, como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.
EM SUMA
Estas doenças são a principal causa de morte no mundo ocidental e também em Portugal. Estima-se que dois terços da população adulta portuguesa têm o colesterol elevado. Para evitar eventos cardiovasculares, é necessário prevenir esta situação.
Se, por um lado, existem fatores de risco incontornáveis, como a hereditariedade e o aumento da idade, existem outros associados a estilo de vida e que dependem do controlo individual, como hábitos tabágicos, sedentarismo e má alimentação.