A esquizofrenia é a mais estudada e conhecida doença psicótica, afetando cerca de 1% da população mundial. É considerada a mais grave das doenças mentais, e o tipo esquizofrenia paranoide, caracterizado pela presença de delírios e alucinações, é o mais frequente.
Torna-se evidente normalmente durante a adolescência ou no início da vida adulta, embora seja possível reconhecer sinais de predisposição desde a infância, e persiste por toda a vida, embora os sintomas possam sofrer alteração ao longo do tempo num mesmo indivíduo.
É caracterizada por uma perda de contacto com a realidade e por perturbações do pensamento, perceção, humor e movimento.
Os critérios de diagnóstico e subtipos de esquizofrenia podem ser definidos de acordo com diferentes sistemas de classificação, embora a categorização e classificação desta patologia tenha sofrido várias mudanças ao longo do tempo.
Alguns sistemas de classificação abandonaram já a divisão da esquizofrenia em subtipos (paranoide, desorganizada, catatónica indiferenciada e residual) por considerarem que não refletiam diferenças significativas quanto ao curso da doença ou resposta ao tratamento.
No entanto, ainda nos deparamos frequentemente com esta divisão da esquizofrenia, de acordo com as manifestações clínicas e a evolução da doença.
Esquizofrenia Paranoide
A esquizofrenia paranoide é o subtipo de esquizofrenia mais comum e caracteriza-se pelo predomínio dos sintomas positivos (delírios; alucinações) face aos sintomas negativos (apatia; lentificação; emoções apagadas).
Ao contrário dos restantes subtipos, a esquizofrenia paranoide parece deixar pouco ou nenhum defeito cognitivo, tende a surgir mais tarde e, o seu prognóstico tende a ser consideravelmente melhor.
O que são delírios?
Podemos definir delírio como uma ideia ou um pensamento que não corresponde à realidade. É uma crença fixa, falsa e inabalável, que não é passível de mudar, nem à luz da evidência oposta.
A pessoa acredita convictamente no delírio, não modificando as suas ideias, mesmo após exaustiva demonstração da impossibilidade das mesmas.
Os temas dos delírios costumam ser bizarros e implausíveis. Os delírios constituem uma manifestação sintomática de inúmeras patologias, nomeadamente da Esquizofrenia.
O que são alucinações?
Alucinação é a perceção real de um objeto inexistente, ou seja, convicção inabalável da pessoa que alucina em relação ao objeto alucinado. Ter uma alucinação passa por ver ou ouvir coisas que não são reais.
Embora as alucinações possam manifestar-se através de qualquer um dos cinco sentidos, as mais frequentes são as auditivas e visuais
Sintomas da Esquizofrenia Paranoide
São vários os sintomas que conseguem definir a esquizofrenia paranoide, entre eles:
- Funções cognitivas e afeto mantidos;
- Presença de preocupações excessivas com ideias delirantes e alucinações;
- Delírios (crença fixa que não é passível de mudar à luz da evidência oposta);
- Os delírios são, geralmente, de perseguição, ascendência importante, missão especial, mudanças corporais ou ciúme;
- Alucinações geralmente relacionadas com os delírios (vozes ameaçadoras ou imperativas, alucinações olfativas ou gustativas, de sensações sexuais ou outras sensações corporais);
- Alterações de comportamento compatíveis com suas vivências psíquicas (inquietação; agitação; comportamento de medo ou fuga);
- Menor número de sintomas psicomotores, face aos outros subtipos de Esquizofrenia;
- Menor exclusão social, face aos outros subtipos de Esquizofrenia;
- Menor disfunção social e profissional, face aos outros subtipos de Esquizofrenia;
- O doente preserva um certo grau de funcionalidade cognitiva e emocional;
- Diminuição do juízo crítico;
- Geralmente os doentes apresentam-se reservados e desconfiados, podendo manifestar comportamentos agressivos;
- Pessoas com esta patologia podem apresentar ansiedade, cólera, indiferença;
- Pessoas com esta patologia podem apresentar postura de superioridade ou de comando, formalismo ou uma extrema intensidade nas relações interpessoais;
- Geralmente, o doente melhora dos sintomas mais agudos com o tratamento, retomando boa parte das suas atividades e relacionamentos, permanecendo com poucos prejuízos na fase crónica;
- A temática persecutória dos delírios pode predispor comportamentos suicidas;
- A combinação de ideias delirantes persecutórias e de grandeza com cólera pode suscitar atos de violência.
Estão ausentes sintomas tais como:
- Discurso desorganizado ou inapropriado;
- Comportamento catatónico ( rigidez e imobilidade do corpo) ou disfuncional;
- Afeto apagado;
- Avolição (incapacidade de iniciar ou persistir na busca de um objetivo);
- Perturbações da linguagem.