A esgana é uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus que afeta vários órgãos do animal, podendo levá-lo à morte.
É causada pelo vírus da esgana canina – CDV (Canine Distemper Virus) e afeta cães e furões. Esta doença não é transmitida aos humanos.
Esta patologia afeta numa fase inicial o sistema gastrointestinal, depois o sistema respiratório e por último o sistema nervoso. Os animais mais susceptíveis são os cachorros entre os 3 e os 6 meses de idade, cães imunodeprimidos e sem vacinas.
Como se transmite a esgana?
O vírus da esgana é de muito fácil transmissão. Por isso, é que é uma das doenças mais importantes dos cães. A doença transmite-se facilmente pelo ar, através de espirros ou tosse, especialmente se estiverem vários animais no mesmo espaço, como por exemplo nos canis.
Transmite-se também através de secreções como a urina, sangue, ou saliva por partilha de gamelas de água e comida.
Por ser de tão fácil transmissão, animais que estejam doentes, devem estar totalmente isolados, a fim de não propagar o vírus.
Sintomas de esgana
O primeiro sintoma inespecífico é a temperatura corporal alta, febre. Muitas vezes passa despercebida na primeira semana, sendo notado apenas se o animal deixar de comer.
O vírus da esgana afeta múltiplos órgãos, sendo que os sintomas podem variar consoante o que é afetado no animal.
Numa fase inicial costumam surgir sintomas gastrointestinais como diarreia com ou sem sangue e vómitos. Daí surge também desidratação, anorexia, emagrecimento, letargia e cansaço.
O vírus replica-se nas células do sistema respiratório e surgem os primeiros sinais:
- Corrimento ocular;
- Corrimento nasal mucopurulento;
- Tosse;
- Conjuntivite;
- Espirros;
- Pneumonia;
- Dispneia, dificuldade respiratória.
Numa fase posterior, cerca de metade dos cães com esgana desenvolvem sinais neurológicos, que podem ser irreversíveis ainda que o animal consiga sobreviver à doença. Os sinais neurológicos que podem surgir são:
- Paralisia;
- Convulsões;
- Descoordenação motora;
- Mioclonias, contrações musculares repentinas;
- Movimentos descontrolados.
Outro sintoma característico e exclusivos da doença, que se conjugado com a história clínica, exame físico e outros exames, pode ser chave para o diagnóstico é a hipoplasia do esmalte, que ocorre quando a doença surge em cachorros antes da erupção dos dentes definitivos.
Também é possível ocorreram alterações cutâneas, nomeadamente na zona das almofadas plantares e no nariz.
Como se diagnostica a esgana?
O diagnóstico da doença é difícil de ser feito, uma vez que os sintomas vão surgindo à medida que o tempo passa e a doença progride.
Numa fase, inicial os sintomas podem ser confundidos com várias doenças.
Como auxílio de diagnóstico, pode ser colhido sangue para análise e determinadas alterações nos exames podem ser sugestivas da doença, como por exemplo um aumento dos glóbulos brancos que indicam presença de infeção.
Também é possível fazer a deteção do vírus, quando há uma suspeita, para confirmar o diagnóstico, através de secreções que contenham o vírus, como sangue, secreções oculares, nasais ou fezes.
Consoante os sintomas do animal, poderá ser necessário realizar radiografias ao tórax para verificar o comprometimento pulmonar.
Tratamento da esgana
Não existe tratamento especifico para a esgana, pois trata-se de um vírus. O seu médico veterinário irá realizar um tratamento de suporte, direcionado para os sintomas do animal e na tentativa de diminuir a probabilidade de infeções secundárias.
O que acontece, é que com a infeção vírica, o animal baixa ainda mais as defesas e fica muito suscetível a outras infeções. Normalmente, infeções bacterianas secundárias surgem, podendo levar a uma infeção generalizada do organismo se não tratada – septicémia. Neste sentido, o médico veterinário irá prescrever antibióticos.
Consoante a gravidade da situação, o animal necessita de ficar hospitalizado. Contudo, tudo irá depender da gravidade dos sintomas apresentados.
O resto do tratamento é direcionado para o animal estabilizar, com o auxílio de fluidoterapia, soro, medicação para as dores, diarreia e vómitos.
Mesmo com medicação e remissão dos sintomas, os sinais neurológicos podem continuar a evoluir. Em casos de sintomas neurológicos graves que sejam permanentes e comprometam o bem-estar do animal, pode ser necessário proceder à eutanásia.
A partir do momento em que é feito o diagnóstico, o cão deve ser isolado dos outros e proceder-se a uma limpeza e desinfecção dos locais onde esteve o animal.
O vírus é pouco resistente a detergentes e calor, morrendo em poucos minutos em ambientes quentes.
Prevenção da esgana
A melhor maneira de prevenir esta doença é através da vacinação. Cachorros antes da primeira vacina não devem ter contacto com outros cães ou ir à rua a locais onde possam ter estado cães doentes.
Caso a mãe dos cachorros seja vacinada, irá passar os anticorpos contra a doença através do leite materno durante o período de dois meses de amamentação. Esta é a razão pela qual a partir das seis ou sete semanas devem iniciar o plano de vacinação.
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