Portugal é um dos países da Europa onde mais se pratica a episiotomia. Esta prática ronda os 70% nos hospitais portugueses.
Apesar da sua prática ser rotineira, a maioria dos estudos conclui que esta prática não só não previne as lacerações do períneo, como pode provocá-las.
A Organização Mundial de Saúde contesta o uso desta técnica como rotina, uma vez que atualmente, é frequentemente utilizada de forma inadequada.
O que é a episiotomia?
Para ajudar a expulsão do bebé durante o parto, é frequentemente feita uma episiotomia. Esta técnica consiste numa incisão realizada no períneo (área muscular entre a vagina e o ânus), com o objetivo de alargar o canal vaginal.
O local do pavimento pélvico onde será feito o procedimento é anestesiado com uma injeção local. O mesmo é feito no pico de uma contração, a partir do fundo da vagina. A incisão pode ser central ou lateral. A sutura utilizada acaba por cair, não havendo normalmente necessidade de os tirar.
A decisão de realizar episotomia é feita pela equipa médica que acompanha o trabalho de parto. Nem sempre é necessário alargar o canal de parto para abreviar o nascimento do bebé.
Em que casos é realizada?
Existem alguns casos específicos em que o médico obstetra pode decidir pela episiotomia:
- Rigidez do períneo;
- Parto pélvico;
- Macrossomia;
- Sofrimento fetal;
- Parto instrumentado;
- Parto prematuro.
Complicações da episiotomia
A episiotomia é um procedimento cirúrgico simples. É realizado apenas um corte na região períneal e, após o nascimento do bebé, o mesmo é suturado.
Normalmente, a cicatrização da sutura demora cerca de 6 semanas. Durante este período a mulher deve evitar realizar esforços e abster-se de relações sexuais.
Quando a sutura não é feita corretamente há o risco de fibrose, dor persistente, dificuldade da cicatrização e perda de sensibilidade na região da incisão.
Existem alguns estudos que demonstram que a episiotomia pode ter graves complicações como laceração e perda de tónus na região perineal. Por sua vez, isto pode levar ao desenvolvimento de problemas intestinais ou problemas na contenção de orgãos, como o intestino.
Cuidados a ter com a episiotomia
Após o parto, a sutura do períneo necessita de alguns cuidados adicionais, como não fazer esforços, não ter relações sexuais e ter uma higiene genital adequada.
Estes cuidados têm como objetivo ajudar a acelerar o processo de cicatrização e, deste modo, evitar que se desenvolva alguma infeção. Isto deve manter-se até 6 semanas após o parto, quando a cicatrização está terminada.
Durante a episiotomia a mulher não sente dor, uma vez que está anestesiada. No entanto, é normal que sinta dor e desconforto ao redor do local da incisão nas primeiras 2 a 3 semanas após o parto. Dependendo da profundidade do corte, há mulheres que podem sentir dores durante 1 mês ou até mais.
Existem algumas medidas que a mulher deve tomar para ajudar a aliviar o desconforto da episiotomia:
- Aplicar compressas geladas no local (existem compressas perineais específicas, que se encontram à venda em farmácias, que ajudam a aliviar a dor e a acelerar a cicatrização);
- Evitar fazer esforços e movimentos bruscos;
- Fazer duches e banhos quentes para ajudar a diminuir a dor e o desconforto;
- Sentar-se e levantar-se lentamente e manter uma correta postura lombar;
- Ir com frequência ao quarto de banho. No caso de prisão de ventre, o médico poderá aconselhar a solução mais adequada para minimizar o desconforto;
- Depois da higiene da região genital secar muito bem a zona da sutura, sem esfregar e com movimentos suaves e sem pressão;
- Não usar roupa muito justa.
Recuperação da episiotomia
Como acontece com qualquer outra lesão, o corpo da mulher irá encarregar-se de recuperar ao fim de algum tempo. No entanto, se realizou exercícios do períneo antes do parto, como os exercícios de kegel, isto poderá fazer com que a recuperação seja mais rápida e que o desconforto seja menor.
Os exercícios de kegel fortalecem e tonificam a região perineal, fazendo com esta se torne mais forte e resistente às lesões e facilitando a sua cicatrização.