Numa época de grande expansão da população idosa tornou-se fundamental falar de envelhecimento ativo. O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade, mas também um dos seus maiores desafios.
Mas do que se trata afinal o envelhecimento ativo? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, de forma a melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Desta forma o envelhecimento ativo representa muito mais do que a habilidade de se manter fisicamente ativo.
Refere-se igualmente à contínua participação nas atividades sociais, económicas, culturais, espirituais e cívicas. Ainda segundo a OMS o conceito de saúde está associado ao bem-estar físico, mental e social, logo o envelhecimento ativo deverá abranger a pessoa em todas as suas dimensões.
Para se entender a importância do envelhecimento ativo é necessário compreender outros dois termos: o processo normal do envelhecimento, bem como o envelhecimento patológico.
Envelhecimento ativo normal
Todo o processo de envelhecimento normal está associado a alterações fisiológicas no organismo a vários níveis. Desde mudanças no sistema cardiovascular, respiratório, endócrino, músculo-esquelético e nervoso, que podem manifestar-se, por exemplo, das seguintes formas:
- Diminuição da força, flexibilidade e resistência muscular;
- Aumento da fragilidade dos ossos;
- Diminuição da amplitude e mobilidade articular;
- Diminuição da resistência cardiovascular e aumento da tensão arterial, o que pode levar à sensação de fadiga e falta de ar;
- Maior risco de infeções respiratórias;
- Alteração dos padrões de respiração;
- Maior probabilidade de desidratação;
- Aumento da probabilidade de incontinência urinária;
- Aumento da sensibilidade da pele;
- Aumento dos níveis de glicose no sangue;
- Diminuição da motilidade intestinal e gástrica;
- Aumento do risco de queda;
- Alterações de humor;
- Diminuição da função cognitiva;
- Diminuição da capacidade visual e auditiva;
- Ligeira perda de memória e da capacidade de pensamento.
O processo de envelhecimento normal depende de indivíduo para indivíduo, bem como o estilo de vida e contexto em que se encontra inserido. No entanto é possível suavizar estas alterações através da adoção de estratégias que visam o envelhecimento ativo, de forma a que este processo normal ocorra com maior qualidade e bem-estar.
Envelhecimento patológico
Mas envelhecer é diferente de adoecer, e quando isso acontece o envelhecimento torna-se um processo patológico. É com frequência que lesões cardiovasculares, cerebrais e alguns tipos de cancro acometem as pessoas nesta fase da vida. Estas e outras lesões estão geralmente associadas à inatividade física, uma dieta desequilibrada e a estilos de vida menos saudáveis durante a vida. Os fatores culturais, geográficos e cronológicos também influenciam largamente este processo.
O envelhecimento patológico afeta gravemente a independência e a qualidade de vida dos idosos, acarretando igualmente grandes custos a nível dos cuidados de saúde. Portanto é essencial, cada vez mais, adotar medidas preventivas e proativas de forma a que o envelhecimento seja sinónimo de qualidade de vida e não de doença e sofrimento.
Envelhecimento ativo: fatores promotores
Dentro dos fatores que promovem um envelhecimento ativo destacam-se os de natureza fisiológica (relacionados com o funcionamento do organismo), cognitiva ou mental, bem como os fatores sociais e do ambiente envolvente.
Fatores fisiológicos
As medidas neste campo devem visar sobretudo a capacidade física, nutrição adequada, um estilo de vida saudável e um controlo médico periódico. É essencial manter uma atividade física regular e adequada ao estado de saúde. Este é um dos primeiros passos para a manutenção da independência e bem-estar. Desta forma é possível atenuar algumas das alterações que ocorrem, como a perda de muscular e a diminuição de mobilidade das articulações e, consequentemente, será possível manter a independência e a autonomia.
É fundamental evitar o consumo excessivo de sal, de gorduras e açúcar. Deverá ser priorizada a ingestão de frutas e vegetais. Hábitos tabágicos e de ingestão de álcool deverão ser evitados.
Relativamente ao controlo médico deverá ser feita uma análise frequente dos valores da tensão arterial, dos níveis de glicose e colesterol no sangue.
Fatores cognitivos e mentais
Como já referido, as capacidades cognitivas e mentais ao longo do envelhecimento vão diminuindo progressivamente. Assim sendo é essencial estimular estas mesmas capacidades através de atividades como a leitura, treinos da memória, aprendizagem de novos conhecimentos, atividades manuais, convívio com outras pessoas de várias gerações, entre outras.
A manutenção destas capacidades é fundamental para assegurar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas ao longo do envelhecimento.
Fatores sociais e do meio envolvente
A visão que o idoso tem sobre o envelhecimento resulta do culminar das perspectivas sociais e culturais da sociedade de que faz parte. Se estes se mantêm ativos e com sentimento de utilidade na comunidade, não se isolando no seu processo de envelhecimento, sentindo este processo como natural e fazendo parte da estrutura social na qual eles se inserem, este processo será bem sucedido. O apoio social tem aqui uma grande influência na adaptação do idoso às limitações físicas e cognitivas.
A participação em atividades de grupo, atividades de aprendizagem, de conhecimento de novos lugares e o trabalho voluntário são exemplos de estratégias essenciais para a promoção da sociabilidade. Desta forma desenvolve-se o sentido de pertença a uma comunidade, o sentimento de ajuda e de se sentir útil, com efeitos positivos na auto-estima e na saúde. Em suma, é uma excelente forma de promover o envelhecimento ativo.