Share the post "Entropion em cães e gatos: saiba em que consiste este problema"
Consoante a raça do cão ou gato, existem alguns problemas associados, normalmente devido às características da raça, que levam a algum problema comum aos indivíduos dessa raça.
O entropion é um exemplo de um defeito normalmente hereditário. No entanto, esta alteração da conformação das pálpebras também pode ser adquirida ao longo da vida por outras razões.
O que é o entropion?
O entropion é uma alteração da conformação das pálpebras, em que ocorre rotação interna de uma parte ou todo o bordo palpebral. Esta rotação faz com que os pelos da face externa das pálpebras e os cílios (pestanas) rocem no interior do olho causando problemas como irritação conjuntival, desconforto e úlceras da córnea que podem levar a cicatrizes.
É mais comum que o entropion afete as pálpebras inferiores, no entanto também pode acontecer a alteração da conformação das pálpebras superiores, ainda que mais raramente. Pode também afetar um ou ambos os olhos, sendo que quando é hereditário tende a ser bilateral.
Causas de entropion em cães e gatos
As causas de entropion podem ser várias, desde hereditárias ou adquiridas posteriormente.
Causas anatómicas
Esta é a causa mais comum de entropion, em que se trata de um problema hereditário, sendo que os animais já nascem com este problema, denominando-se assim de congénito.
É comum que algumas raças de cães e gatos apresentem mais este problema, especialmente aquelas que foram selecionadas para apresentar uma pele mais flácida e olho mais pequenos.
Em gatos a raça mais afetada e o Persa, enquanto que nos cães as raças mais afetadas são:
Causas adquiridas
O entropion pode ser secundário a uma alteração no olho que provoque dor no olho, como uveíte ou cicatriz na córnea devido a uma úlcera, ou devido a traumatismos.
Idade
Com a idade pode ocorrer perda da tonificação do músculo que sustenta as pálpebras, tornando-se mais laxo, podendo ficar com a pálpebra mais descaída. Ocorre, especialmente, em raças que têm excesso de pele na cabeça como os Cocker Spaniel.
Sintomas de entropion
No caso do entropion hereditário, o problema começa logo a manifestar-se desde cedo. Os sinais mais comuns são os seguintes:
- Dor ocular, em que o animal pode apresentar os olhos cerrados ou semi-cerrados e fotofobia (sensibilidade à luz)
- Lacrimejamento
- Blefarospasmo, o animal pisca os olhos consecutivamente
- Conjuntivite, em que o animal apresenta os olhos vermelhos, inchados
- Lesões na córnea (úlceras ou cicatrizes), em que se pode notar a sua superfície branca ou baça
- Conformação anormal da ou das pálpebras
- Prurido na zona dos olhos, que se manifesta por o animal estar constantemente a coçar
Estes sinais podem ser comuns a outras patologias oculares, o que distingue o entropion essencialmente é a alteração da conformação das pálpebras, que pode ser acompanhada também por sinais citados anteriormente.
Diagnóstico de entropion
O diagnóstico é realizado pelo médico veterinário através da observação do olho do animal. Para conseguir observar o olho, no caso de haver dor, o médico veterinário pode colocar algumas gotas para diminuir a dor e depois fazer a observação.
Como é comum haver outros problemas oculares associados ao entropion, pode ser necessária a realização de outros exames complementares como o teste de fluoresceína, em que se utiliza um corante específico para a identificação de uma úlcera na córnea.
Tratamento de entropion
Caso o entropion seja uma consequência de uma alteração ocular que provoque dor, é necessário perceber qual a causa inicial e corrigi-la.
Depois de descoberta a causa primária, pode ser necessário realizar uma cirurgia em que o médico veterinário realiza uma sutura de forma a conseguir recolocar as pálpebras no local correto sem que os cílios e pelos toquem na córnea.
Quando a causa é hereditária, o problema vai-se manifestar logo nos primeiros dias de vida do animal, e caso seja muito doloroso e incomodativo para o animal pode ser necessário recorrer a técnicas de recolocação palpebral, como é o caso das suturas nas pálpebras, de forma a manter as pálpebras afastadas do globo ocular, até atingirem idade para intervenção cirúrgica, por volta dos 6 a 8 meses de idade.
Muitas vezes, dependendo do grau de entropion, pode acontecer que ao crescer com as suturas nas pálpebras, com o crescimento o defeito seja corrigido sem necessidade de intervenção cirúrgica posterior.
Em idade adulta, existem várias técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas para correção de entropion em cães e gatos, tendo em consideração o grau do entropion e a sua localização. No entanto, a correção definitiva deste problema passa sempre por correção cirúrgica.
Em caso de existência de ulceras na córnea, por fricção dos cílios e pelo pode ser necessária a aplicação de gotas prescritas pelo seu médico veterinário, se necessário.
Problemas associados ao entropion
É importante que independentemente da sua causa, o entropion seja corrigido, uma vez que pode levar a graves lesões no olho. A constante irritação da córnea pelos pelos na zona da pálpebra e cílios, podem levar a uma úlcera, fazendo assim uma ferida no próprio olho.
Esta úlcera se não tratada, ou se a causa da úlcera não for removida, neste caso os pelos e os cílios, esta tem tendência a não cicatrizar e ir piorando gradualmente podendo mesmo levar à cegueira.
1. Jesus Diaz and Rachael Grundon. (2015). Diagnosis and treatment of entropion in felines. Disponível em: https://www.vettimes.co.uk/
2. Gelatt, K.N. Eyelids – MSD Veterinary Manuals. Disponível em:
https://www.msdvetmanual.com/eye-diseases-and-disorders/ophthalmology/eyelids