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A enterocolite necrosante é uma doença caraterizada por necrose (morte tecidual) da mucosa intestinal, muito frequente em bebés prematuros e/ou gravemente doentes.
A necrose inicia-se na mucosa do intestino e pode progredir envolvendo toda a espessura da parede intestinal, causando perfuração. Essa lesão permite que as bactérias que normalmente existem dentro do intestino, invadam a parede intestinal e, depois, entrem na corrente sanguínea, causando uma infeção generalizada (sépsis).
Se a lesão avançar através de toda a espessura da parede intestinal e esta for perfurada, o conteúdo intestinal vaza para a cavidade abdominal e causa inflamação e, normalmente, infeção da cavidade abdominal e do seu revestimento (peritonite). A perfuração é geralmente mais frequente no íleo terminal.
Enterocolite necrosante neonatal: fatores de risco
Os fatores de risco incluem:
- Ruptura prolongada da bolsa com amnionite (inflamação da membrana que envolve o feto);
- Asfixia neonatal;
- Bebé pequeno para a idade gestacional;
- Cardiopatia congénita, que pode provocar um sistema de fluxo sanguíneo reduzido ou a dessaturação do oxigénio arterial, levando a hipóxia intestinal/isquemia;
- Exsanguinotransfusões, que pode levar a uma diminuição do fluxo sanguíneo;
- Lactentes alimentados com leite artificial hipertónico, sendo menos comum ocorrer esta doença, em lactentes alimentados ao seio materno.
Enterocolite necrosante neonatal: sinais e sintomas
Esta é uma das doenças emergentes gastrointestinais mais comuns nos neonatos (bebé até ao 28º dia de vida), no entanto é mais frequente de ocorrer nos bebés prematuros ( cerca de 85% dos casos).
Os sinais e sintomas incluem:
- Intolerância ou dificuldades em se alimentar;
- Resíduos gástricos biliares após alimentação, podendo evoluir para vómitos de líquido intestinal sanguinolento ou misturado com bílis;
- Distensão abdominal;
- Sangue nas fezes;
- Letargia (estado de fraqueza generalizada, caraterizado por sono profundo e inércia);
- Instabilidade térmica;
- Aumento dos surtos de apneia (pausas na respiração);
- Sinais de septicemia (infeção generalizada do corpo).
Enterocolite necrosante neonatal: diagnóstico
O diagnóstico é confirmado através de:
- Exames imagiológicos, geralmente são realizadas radiografias abdominais, que mostram ar na parede intestinal ou ar livre na cavidade abdominal;
- Visualização de sangue nas fezes;
- Análises ao sangue, para examinar a presença de bactérias e outras anomalias (por exemplo, um número elevado de glóbulos brancos).
Enterocolite necrosante neonatal: tratamento
O tratamento inicial é de suporte e inclui:
- Suspender a alimentação temporariamente;
- Realizar aspiração nasogástrica;
- Aplicação de sonda nasogástrica, conectada a sucção intermitente, para descompressão do intestino, ajudando também, a diminuir a frequência dos vómitos;
- Reposição de líquidos através da hidratação parentérica (via endovenosa);
- Iniciar alimentação parenteral, que é necessária durante 14 a 21 dias, de forma a ajudar na recuperação do intestino;
- Iniciar a toma de antibióticos de largo espetro por via intravenosa;
- Iniciar isolamento do doente em casos de infeção;
- Monitorização e reavaliação completa pelo menos a cada 12 horas, isto inclui a realização de várias radiografias abdominais, análises ao sangue;
- Em última instância, é necessária a realização de cirurgia, para remover o intestino lesionado, que não está a receber sangue suficiente.
As extremidades do intestino saudável são trazidas à superfície da pele para criar uma abertura temporária que permite a drenagem do intestino (ostomia). Mais tarde, as extremidades do intestino são reunidas e o intestino é colocado de volta na cavidade abdominal.
Enterocolite necrosante neonatal: prognóstico
Com os tratamentos médicos de suporte e cirúrgicos, 70 a 80% dos doentes com enterocolite necrosante neonatal sobrevivem.
A complicação a longo prazo mais comum nesta patologia é, a estenose (estreitamento) do intestino, podendo ser necessária a sua correção cirúrgica.