O enfarte intestinal é responsável por cerca de 0,5% das hospitalizações e carateriza-se por ser a morte de uma parte do tecido intestinal, devido à falta de irrigação sanguínea, quando um coágulo entope um vaso sanguíneo. Quando há falta de sangue, e por sua vez de oxigénio, o tecido acaba por morrer deixando de exercer as suas funções e afetando todos os órgãos.
Com o nome de trombose intestinal ou isquemia mesentérica, o que se verifica é um inchaço no local afetado, devido aos gases acumulados produzidos e proliferados pelas bactérias. Esta isquemia pode ocorrer de forma gradual, à qual se dá o nome de isquemia mesentérica crónica, ou de forma repentina, chamada isquemia mesentérica aguda. Quando este inchaço é demasiado, essa parte do intestino acaba por romper, libertando sangue, causando uma infeção muito grave.
Por este motivo, e apesar deste problema ter cura, o diagnóstico deve ser feito de forma breve, uma vez que quando há rompimento do intestino e se instala um caso grave de infeção, a situação torna-se difícil de reverter.
Quais os sintomas de um enfarte intestinal?
Os sintomas podem surgir de forma repentina ou podem-se desenvolver de forma lenta ao longo de vários dias, dependendo do tamanho e da região afetada, bem como da gravidade da obstrução. Os mais comuns neste tipo de enfarte são:
- Dor abdominal intensa, que piora ao longo do tempo;
- Sensação de inchaço na barriga;
- Náuseas e vómitos;
- Febre acima de 38ºC;
- Diarreia com sangue nas fezes;
- Perda de peso.
Contrariamente a outros tipos de enfarte, como o enfarte do miocárdio ou o enfarte cerebral, o enfarte intestinal não é uma situação emergente, uma vez que a média de dias de sintomatologia se situa entre 5-14 dias, com intervalos.
No entanto, se a dor abdominal for muito intensa e não melhorar após 3h, a ida ao hospital é obrigatória com o objetivo de confirmar o diagnóstico médico de enfarte intestinal e iniciar o mais rápido possível o tratamento, para evitar que uma grande porção do intestino seja afetada.
Quais as causas mais comuns do enfarte intestinal?
Um enfarte intestinal deriva sempre de um conjunto de outros problemas que culminam neste. Seja uma hipercoagulabilidade do sangue, que faz com que haja uma tendência aumentada de formação de coágulos no sangue; devido a um dano ou infeção nas paredes dos vasos sanguíneos desta zona ou mesmo devido à lentidão ou interrupção do fluxo sanguíneo por motivos desconhecidos; todos eles podem levar ao enfarte.
No entanto, esta é uma patologia grave mas muito rara que pode existir de forma mais acentuada em pessoas com:
- Idade superior a 60 anos;
- Níveis elevados de colesterol;
- Colite ulcerativa ou doença de Crohn;
- Cancro do sistema digestivo;
- Utilização de pilula anticoncepcional, no caso de mulheres.
Quais os tratamentos para o enfarte intestinal?
Antes do início de qualquer tratamento, é indispensável ser visto por um médico e que este faça um diagnóstico clínico o mais correto possível, para que se possa optar pelo tratamento mas eficaz, de acordo com as causas do enfarte intestinal, os sintomas e o próprio doente.
Para que o médico possa então fazer o diagnóstico, deve pedir diversos exames, dentro dos quais, ressonância magnética, ultrassom, raio X e exames de sangue, sendo até por vezes necessário a realização de um endoscopia ou colonoscopia, para fazer o despiste de outras patologias do sistema digestivo como úlceras e apendicites.
Uma vez encontrada a causa e feito o diagnóstico, é indispensável começar o mais rapidamente possível o tratamento. Este baseia-se em minimizar o enfarte intestinal e diminuir a extensão de tecido afetado.
O tratamento inicial é o de anticoagulação e por vezes este já diminui a mortalidade do enfarte de 50% para 0%. Esta anticoagulação é feita pela administração de heparina e consequentemente varfarina. Também a cirurgia é quase sempre realizada, de forma a remover o coágulo e restabelecer a circulação sanguínea, além de remover a porção do intestino que foi afetada.
O doente pode ficar com sequelas?
Uma das sequelas mais desconfortáveis associadas ao enfarte intestinal, é a necessidade de realizar uma ostomia. Depois do tratamento, e da cirurgia, e dependendo da quantidade de intestino que foi afetado, nem sempre é possível unir o intestino após ser retirado uma parte.
Assim, por vezes é necessário fazer essa ligação de uma forma especial, unindo o intestino com a pele, recorrendo à utilização de uma pequena bolsa, à qual o doente facilmente se habitua.
Também devido à remoção de parte do intestino, desenvolve-se a síndrome de cólon curto, que provoca uma diminuição da absorção de vitaminas e minerais e que obriga a uma dieta mais rígida e peculiar.
A utilização desta bolsa pode ser revertida, anos mais tarde, quando o intestino já se encontra novamente saudável, no entanto não é uma cirurgia aconselhada uma vez que este problema, tal como já foi dito, afeta maioritariamente idosos e esta cirurgia é considerada de risco.
Por isso mesmo, é importante não esquecer que o acompanhamento médico é indispensável, de forma a que sejam tomadas as melhores decisões para o bem-estar do doente.