Share the post "Edulcorantes não nutritivos: o que são e quais os efeitos no organismo"
Em relação à sacarose (açúcar) e aos edulcorantes nutritivos, os edulcorantes não nutritivos (ENN) têm um poder adoçante muito superior, sem fornecer energia e sem aumentar a glicemia.
Se não sabe o que são, ou acha até que nunca os consumiu, fique a saber que o mais provável é que esteja constantemente exposto a estas substâncias!
É que os ENN são todos aqueles nomes estranhos que aparecem no rótulo dos produtos “sem adição de açúcar”, como o acessulfame-k, o aspartame, o ciclamato, a sacarina, a sucralose e o esteviodídeo.
Soa-lhe familiar?
Efeito dos edulcorantes não nutritivos no organismo
Há uns anos atrás estes edulcorantes eram vistos como metabolicamente inertes, mas estudos recentes, feitos sobretudo com acessulfame-k, aspartame e sucralose, mostraram que o seu consumo diário e a longo prazo se pode relacionar com:
- Aumento do risco de desenvolvimento de alguns tipos de cancro;
- Aumento do consumo energético;
- Diminuição da termogénese pós-prandial;
- Aumento da % de massa gorda;
- Aumento da glicose em jejum;
- Hiperinsulinemia (concentração de insulina no sangue acima nos níveis considerados normais);
- Alterações na microbiota intestinal (diminuição das bactérias benéficas no intestino).
É preciso entender, no entanto, que:
- Muitos estudos foram feitos em modelos animais, sendo que poucos se verificaram em humanos;
- Há fatores confundidores que não foram tidos em consideração em alguns estudos, como a adiposidade e a predisposição genética ao desenvolvimento de obesidade;
- Uma relação/associação não determina causalidade. Ou seja, apesar de se relacionar o aumento do risco de desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 com o consumo contínuo de ENN, por exemplo, não quer dizer que são os ENN que causam a DM2;
- Há ainda a hipótese de causalidade reversa. Isto é, pessoas que sofrem de obesidade consomem ENN como estratégia para diminuição do consumo energético, sendo que, obviamente, o consumo de ENN vai estar associado a complicações metabólicas típicas da obesidade. Mais uma vez, não implica que sejam a causa dessas complicações.
Caracterização dos edulcorantes não nutritivos
1. Acessulfame-k
- Poder adoçante em relação à sacarose: 130-200 vezes superior
- Dose Diária Admissível: 9mg/kg/dia
- Efeitos negativos: Desaconselhado a pessoas com hipertensão ou doença renal.
2. Aspartame
- Poder adoçante em relação à sacarose: 200 vezes superior
- Dose Diária Admissível: 40mg/kg/dia
- Efeitos negativos: Consumo contraindicado em situação clínica de fenilcetonúria. Alguns estudos associam o seu consumo ao aumento do risco de cancro, nomeadamente tumor cerebral, linfomas ou leucemia, e reações alérgicas.
3. Ciclamato
- Poder adoçante em relação à sacarose: 30 vezes superior
- Dose Diária Admissível: 11mg/kg/dia
- Efeitos negativos: Desaconselhado a pessoas com hipertensão ou doença renal. Estudos em humanos sugerem que o seu consumo combinado com a sacarina pode estar associado a um pequeno aumento do risco de cancro da bexiga.
4. Sacarina
- Poder adoçante em relação à sacarose: 300 vezes superior
- Dose Diária Admissível: 1,5mg/kg/dia
- Efeitos negativos: Desaconselhado a pessoas com hipertensão ou doença renal.
5. Sucralose
- Poder adoçante em relação à sacarose: 600 vezes superior
- Dose Diária Admissível: 15mg/kg/dia
- Efeitos negativos: Parece não possuir contraindicações.
6. Esteviosídeo
- Poder adoçante em relação à sacarose: 200-300 vezes superior
- Dose Diária Admissível: Estudos in vitro não sugerem genotoxicidade nem atividade carcinogénica.
- Efeitos negativos: Parece não possuir contraindicações.
Tendo em conta toda esta informação, embora não seja totalmente conclusiva, o melhor será reduzir o consumo de alimentos doces, sejam ou não adoçados com edulcorantes, sobretudo se sofrer de obesidade e/ou diabetes.
Em vez disso, reeduque o seu paladar e opte por alimentos que são realmente bons, como legumes e frutas, frutos gordos, cereais integrais, carnes magras e peixe.