A Organização Mundial da Saúde define sexualidade como uma energia que motiva as pessoas para encontrar amor, intimidade, contacto e ternura. A sexualidade não abrange só os aspetos biológicos, integra também todos os comportamentos da pessoa que se expressam através de carícias, beijos, olhares, abraços, sentimentos, etc. Devido ao aparecimento de diversos problemas relacionados com este tema, países de várias regiões organizaram programas de educação sexual nas escolas.
Se a aplicação destes programas for bem implementada e planeada, os jovens terão uma base sólida de conhecimentos e comportamentos que devem adquirir para uma prática sexual saudável e segura.
Educação sexual: enquadramento e princípios
A educação sexual é uma educação que se baseia no “ser” e não no “fazer”, no fundo, um tipo de educação que se centra em transmitir todo o tipo de cuidados e não modelar comportamentos de jovens adolescentes, visto que é na adolescência que se destacam as principais modificações relacionadas com o desenvolvimento da sexualidade, tornando os jovens um grupo vulnerável no que diz respeito à saúde sexual e reprodutiva.
Educar sexualmente implica dar oportunidade às pessoas de terem condições para que assumam o seu corpo e a sua sexualidade sem medos, preconceitos, vergonhas, tabus, etc., adotando atitudes positivas.
Paralelamente à oferta destes conhecimentos, é essencial ensinar sentimentos, valores e atitudes positivas relacionadas com a sexualidade. Assim, é esperado que sejam transmitidos ao adolescente aspetos essenciais da sexualidade e que seja oferecido o acesso a recursos para que a prática sexual seja vivida de maneira responsável e segura.
A educação sexual não explora apenas conceitos e exemplos sobre o sexo, pressupõe também debater acerca das relações afetivas e da intimidade, ou seja, abordar aspetos como:
- afetos;
- emoções;
- sentimentos;
- bem-estar.
Desta forma, é importante realçar que uma educação sexual eficaz não se restringe a uma informação baseada apenas no ato sexual. Deve antes ser entendida como um direito que os adolescentes possuem de:
- adotar uma visão positiva da sua sexualidade, conhecendo o seu corpo;
- manter uma comunicação clara nas suas relações;
- compreender o seu comportamento e o comportamento dos outros;
- adquirir pensamento crítico.
Apesar de hoje em dia os jovens terem acesso a muita informação, tal facto não garante que eles escolham o caminho mais acertado. Assim, a educação sexual fornece uma ajuda nessa escolha, contribuindo para que sejam feitas escolhas mais seguras no que diz respeito ao comportamento sexual.
Para isso, a escola deve integrar conteúdos específicos e criar condições de diálogo entre professores e alunos no campo da sexualidade.
Assim, ensinar sobre a sexualidade implica que existam professores com uma preparação adequada, que consigam ajudar os seus alunos a esclarecem dúvidas, superarem preconceitos e estereótipos e desenvolverem atitudes saudáveis relacionadas com a sexualidade.
Educação sexual nas escolas: principais objetivos
A educação sexual pretende alcançar uma série de objetivos, tanto para jovens que já são sexualmente ativos como para os que ainda não o são, que fazem com que esta seja uma disciplina bastante importante no desenvolvimento destes jovens. Esses objetivos abrangem:
- número reduzido de parceiros sexuais;
- maior uso de contracetivos, nomeadamente o uso do preservativo;
- taxas mais baixas de gravidez precoce e indesejada;
- menor número de abortos;
- taxas mais baixas de infeção pelo vírus do HIV (SIDA) e outras doenças sexualmente transmissíveis;
- número reduzido de parceiros ocasionais;
- prevenção do consumo de álcool e drogas associado ao comportamento sexual.
Metas para garantir uma educação sexual eficaz nas escolas
Abaixo veja quis são as metas consideradas, pela maioria das escolas, como aquelas que podem garantir uma educação sexual eficaz e apropriada nas escolas.
- A formação contínua e especializada de professores que lecionam a disciplina de educação sexual.
- A parceria das escolas com pessoas especializadas em sexualidade para que seja feita uma formação especializada por parte dos professores.
- O reconhecimento por parte das escolas de que a educação sexual reduz a vulnerabilidade dos jovens e promove a saúde sexual, respeitando a diversidade.
- Utilizar materiais pedagógicos, como por exemplo livros, desenhos e jogos, sem que estes reproduzam a discriminação e os preconceitos sexuais.
- Ensinar e promover a autonomia no aluno de forma responsável.
- Realizar ações pedagógicas para que a escola reconheça a sexualidade como um fator essencial do ser humano e promova uma conversação permanente entre os alunos, os seus professores, familiares e o resto da sociedade.
A ideia de que uma abordagem à sexualidade pode vir a estimular e antecipar a prática sexual é apenas um mito.
Neste sentido, é imprescindível que os adultos entendam que, independentemente da idade, a sexualidade é uma característica que qualquer ser humano vivência e que as dúvidas que os jovens possam ter acerca desta temática precisam de ser esclarecidas e discutidas, de forma clara, objetiva e responsável para que estes possam viver a sua sexualidade de forma digna e segura.
Desta forma é possível afirmar que a educação sexual é uma disciplina importante e até imprescindível no que diz respeito ao desenvolvimento sexual dos jovens.