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As doenças psicológicas mais comuns dividem-se em duas categorias principais de diagnóstico: perturbações depressivas e perturbações de ansiedade. São altamente prevalentes e têm um grande impacto no bem-estar e no dia-a-dia de quem delas sofre, pelo que importa conhecê-las melhor.
Os 2 tipos de doenças psicológicas mais comuns
Estas doenças psicológicas são altamente prevalentes e têm um impacto real ao nível do humor e dos sentimentos das pessoas afetadas. A gravidade dos sintomas apresentados pode variar (de ligeiros a graves), bem como a sua duração (de meses a anos).
Estas doenças psicológicas não devem ser confundidas com situações mais simples, em que são manifestados sentimentos de tristeza, medo ou tensão, que todos experienciamos em algum momento das nossas vidas.
Estima-se que, em todo o mundo, 4,4% da população sofra de perturbações depressivas e 3,6% de perturbações de ansiedade. Mais ainda, muitas destas pessoas apresentam ambas as condições em simultâneo. Para agravar este quadro, há estudos que mostram que estes números estão a aumentar, quer devido ao aumento da população, quer devido ao facto de vivermos até idades mais avançadas, altura em que a depressão e a ansiedade tendem a ocorrer ainda com maior frequência.
Doenças psicológicas: perturbações depressivas
As perturbações depressivas incluem 4 subcategorias principais:
1. Perturbação depressiva major
Caracteriza-se pela presença de alguns dos seguintes sintomas:
- Humor deprimido durante a maior parte do dia, quase todos os dias;
- Diminuição clara do interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades;
- Perda de peso, não estando a fazer dieta, ou aumento de peso significativos, ou diminuição ou aumento do apetite;
- Insónia ou hipersónia;
- Agitação ou lentificação psicomotoras;
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva ou inapropriada;
- Indecisão, diminuição da capacidade de pensar ou de se concentrar;
- Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente sem plano específico ou tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
2. Perturbação depressiva persistente (Distimia)
- Menos intensa que a depressão major, apresenta-se mais prolongada no tempo, com sintomas crónicos menos severos mas que impedem o indivíduo de funcionar plenamente e de se sentir bem;
- Para além do humor depressivo, podem estar presentes outros sintomas (por exemplo, alteração do apetite, alteração do sono, fadiga ou pouca energia, baixa autoestima, falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões, sentimentos de desesperança).
3. Perturbação de desregulação do humor disruptivo
- Explosões temperamentais graves e recorrentes manifestadas verbalmente (fúrias verbais) e/ou através do comportamento (agressão física a terceiros ou a bens patrimoniais), que são muito desproporcionais em intensidade ou duração relativamente à situação ou provocação.
4. Perturbação disfórica pré-menstrual
Na maioria dos ciclos menstruais, presença de alguns do seguintes sintomas na semana anterior ao início da menstruação, começando estes a melhorar poucos dias após o início da menstruação e tornando-se mínimos ou ausentes na semana pós-menstruação:
- Labilidade afetiva (variações de humor; sentir-se repentinamente triste ou chorosa; sensibilidade aumentada);
- Raiva ou irritabilidade acentuadas ou aumento dos conflitos interpessoais;
- Humor deprimido e sentimentos de desesperança.
- Ansiedade, tensão e/ou sensação de estar excitada ou enervada;
- Diminuição do interesse pelas atividades habituais;
- Dificuldades de concentração;
- Fadiga ou falta de energia;
- Alterações do apetite;
- Hipersónia ou insónia;
- Sensação de ser oprimida ou de estar fora de controlo;
- Sintomas físicos como hipersensibilidade ou tensão mamária, dores articulares ou musculares, sensação de “inchar” ou aumento de peso.
Doenças psicológicas: perturbações de ansiedade
As perturbações de ansiedade, que se estima que afetem um total de 264 milhões de pessoas, incluem 7 subcategorias principais:
1. Perturbação de ansiedade de separação
Medo e ansiedade excessivos e inadequados para o nível de desenvolvimento do indivíduo relativos à separação daqueles a quem está vinculado, que se manifesta pela presença de alguns dos seguintes sintomas:
- Mal-estar excessivo e recorrente que ocorre ou é antecipado à separação da casa ou das principais figuras de vinculação;
- Preocupação excessiva e persistente pela possível perda das principais figuras de vinculação ou por possíveis males que possam acontecer a essas pessoas (doenças, lesões, desastres, morte);
- Preocupação excessiva e persistente pela possibilidade de que um acontecimento adverso (perder-se; ser raptado; ficar doente; ter um acidente) possa levar à separação de uma importante figura de vinculação;
- Relutância persistente ou recusa em, por medo da separação, sair de casa para a escola, para o trabalho, ou para outro local;
- Relutância ou medo excessivo e persistente de estar em casa ou noutras situações, sozinho ou sem as principais figuras de vinculação;
- Relutância persistente ou recusa em dormir fora de casa ou em adormecer sem estar próximo de uma importante figura de vinculação;
- Pesadelos repetidos que envolvem o tema da separação;
- Queixas repetidas de sintomas físicos quando ocorre ou se antecipa a separação de importantes figuras de vinculação.
2. Mutismo seletivo
- Incapacidade persistente em falar em situações sociais específicas em que se espera que se fale, apesar de o fazer noutras situações.
3. Fobia específica
- Medo ou ansiedade marcados em relação a um objeto ou situação específicos (por exemplo, viajar de avião, alturas, animais, levar uma injeção, ver sangue).
4. Perturbação de ansiedade social
- Medo ou ansiedade marcados de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo está exposto ao possível escrutínio dos outros. Os exemplos incluem interações sociais (como uma conversa, encontro com pessoas desconhecidas), ser observado (como a comer ou a beber) e em situações de desempenho perante os outros (como falar em público).
5. Perturbação de pânico
Ataques de pânico inesperados recorrentes. O ataque de pânico é um período abrupto de medo ou desconforto intensos que atinge um pico em minutos e durante o qual se desenvolvem alguns sintomas:
- Palpitações, batimentos cardíacos ou ritmo cardíaco acelerado;
- Suores;
- Estremecimentos ou tremores;
- Sensações de falta de ar ou de respirar;
- Sensação de asfixia;
- Desconforto ou dor no peito;
- Náuseas ou mal-estar abdominal;
- Sensação de tontura, de desequilíbrio, de cabeça vazia ou de desmaio;
- Sensações de frio ou de calor;
- Sensações de entorpecimento ou formigueiros;
- Sensações de irrealidade ou de se sentir desligado de si mesmo;
- Medo de perder o controlo;
- Medo de morrer.
6. Agorafobia
Medo ou ansiedade marcados, que levam a que a pessoa evite determinadas situações, tais como:
- Utilização de transportes públicos;
- Estar em espaços abertos;
- Estar em pé numa fila ou estar numa multidão;
- Estar fora de casa sozinho.
7. Perturbação de ansiedade generalizada
Ansiedade e preocupação excessivas que ocorrem em mais de metade dos dias, sobre vários acontecimentos ou atividades, em que existe a dificuldade em controlar a preocupação.
Podem estar presentes alguns dos seguintes sintomas:
- Agitação, nervosismo ou tensão interior;
- Fadiga fácil;
- Dificuldades de concentração ou mente vazia;
- Irritabilidade;
- Tensão muscular;
- Perturbações do sono.
Consequências das doenças psicológicas
Estas doenças psicológicas podem causar perdas consideráveis ao nível da saúde e ao nível do funcionamento pessoal.
Um estudo realizado no ano de 2015 mostrou que as perturbações depressivas são responsáveis por um total global de mais de 50 milhões de anos de vida com incapacidade e que a depressão é um contribuinte principal para o suicídio. Por sua vez, este mesmo estudo revelou que as perturbações de ansiedade levaram a um total global de 24,6 milhões de anos vividos com incapacidade.
Tendo em conta as consequências gravosas que podem advir destas doenças psicológicas, na presença dos sintomas acima descritos importa recorrer aos cuidados de saúde primários, em particular ao médico de família, que caso julgue pertinente encaminhará para os serviços de saúde mental.