As doenças cardiovasculares afetam significativamente a população mundial. Na sua origem estão diversos fatores, entre eles a hereditariedade, alimentação inadequada, níveis elevados de stress e o sedentarismo.
Conheça neste artigo as principais doenças cardiovasculares, causas, sintomas, qual o tratamento e de que forma as pode prevenir.
As doenças cardiovasculares mais comuns
Hipertensão arterial
Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, a prevalência da hipertensão arterial é de 42,1%, sendo mais elevada no sexo masculino (44,4%) do que no sexo feminino (40,2%). Valores da pressão arterial acima de 130-139 e/ou 85-89 mmHg são considerados como hipertensão arterial.
Causas
Na maioria dos casos, a causa da hipertensão arterial é desconhecida. No entanto, alguns fatores de risco podem contribuir para o seu desenvolvimento, tais como:
- Síndrome da apneia do sono
- Doenças renais e renovasculares
- Doenças endócrino-metabólicas (hiperaldosteronismo, feocromacitoma, síndrome de Cushing)
- Coartação da aorta
- Medicação (contraceptivos orais)
Outros fatores de risco adicionais são a hereditariedade e a idade avançada. O tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e sal e o sedentarismo contribuem para desenvolver hipertensão arterial.
Sintomas
A hipertensão arterial geralmente não causa sintomas. Em alguns casos, tonturas, dores de cabeça, alterações na visão e dor no tórax podem surgir como sintomas da doença.
Tratamento
O tratamento da hipertensão arterial depende da gravidade da mesma. Quando a doença é moderada, pode ser controlada apenas com alterações para hábitos de vida mais saudável, como: prática de exercício físico adequado, alimentação cuidada, diminuir o consumo de sal, bebidas alcoólicas, estimulantes, e tabagismo.
Caso existam fatores genéticos associados, estes cuidados devem ser redobrados.
Em casos mais graves, o tratamento passará por fármacos específicos (ou combinações destes), prescritos pelo médico cardiologista.
Enfarte agudo do miocárdio
O enfarte agudo do miocárdio, ou ataque cardíaco, ocorre devido a uma obstrução nas artérias coronárias que são os vasos responsáveis pelo fluxo de sangue para o coração.
Como resultado desta obstrução, o músculo cardíaco pode sofrer danos graves ou mesmo causar a morte.
Causas
A aterosclerose é definida como o acumulo de gordura, cálcio e outras substâncias sob a forma de placas na parede das artérias. Quando uma destas placas de ateroma sofre uma rutura, forma-se um coágulo, o que causa a obstrução do fluxo de sangue e origina o enfarte.
Sintomas
O sintoma mais comum é a dor intensa no peito que irradia para o braço. Tonturas, suores frios, cansaço, palpitações e mal-estar geral podem também ocorrer.
Tratamento
O tratamento varia de acordo com a gravidade da situação, e pode passar por medicação que favorece o fluxo sanguíneo ou mesmo a necessidade de intervenção cirúrgica de emergência.
O tempo de diagnóstico e tratamento em caso de enfarte fazem toda a diferença e devem ser iniciados o mais brevemente possível.
Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue fornecer o sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo.
Causas
Estas são as causas mais frequentes da insuficiência cardíaca:
- Doença arterial coronária
- Enfarte agudo do miocárdio
- Hipertensão arterial
- Doenças das válvulas cardíacas
- Doença cardíaca congénita
- Cardiomegália (coração aumentado)
- Endocardite
- Miocardite (infeção do coração)
- Diabetes
Sintomas
Os principais sintomas da insuficiência cardíaca são cansaço, edema nas mãos e pés, alterações de memória, tosse e falta de ar em especial à noite.
Tratamento
O tratamento da insuficiência cardíaca poderá passar pelo uso de medicação, cirurgia e alterações no estilo de vida.
Arritmia cardíaca
A arritmia cardíaca caracteriza-se por um batimento cardíaco anormal. Pode manifestar-se por alterações da frequência nos batimentos (mais rápidos ou lentos) ou alterações na sua regularidade.
Causas
As causas podem dividir-se em:
- Primárias: originadas nas células cardíacas responsáveis pela condução do impulso elétrico, não existindo doença do músculo cardíaco, das artérias coronárias nem das válvulas cardíacas. Algumas destas arritmias podem ser de origem congénita
- Secundárias: têm origem numa doença do coração existente: doença coronária (enfarte do miocárdio agudo ou antigo), dilatação das cavidades cardíacas, doença valvular, alcoolismo e uso de drogas
Sintomas
Estes são os sintomas mais frequentes de arritmia cardíaca:
- Aumento ou diminuição da frequência do batimento cardíaco
- Irregularidades do batimento cardíaco
- Palpitações
- Dor no peito
- Dificuldade na respiração
Tratamento
O tratamento é adequado ao tipo e gravidade da arritmia. Geralmente, as abordagens terapêuticas podem ser:
- Medicamentos antiarrítmicos, para arritmias com frequência cardíaca elevada
- Estimulação do ritmo cardíaco (pacemaker), para arritmias com frequência cardíaca lenta. O pacemaker é um sistema de estimulação implantado sobre a pele abaixo da zona clavicular para controlar e promover os batimentos cardíacos
- Aplicação de choque elétrico, para arritmias com frequência cardíaca rápida, sob sedação/anestesia
- Ablação por cateter, aplicação de energia (radiofrequência ou crioenergia) no interior do coração, para terminar ou modificar a arritmia
Angina de peito
A angina de peito é definida como uma dor temporária ou sensação de pressão no tórax que ocorre quando o coração não está a receber sangue suficiente.
Causas
A principal causa da angina de peito é a aterosclerose das artérias coronárias. Em caso de anemia grave, o fluxo de sangue ao coração também pode ficar comprometido.
Sintomas
Os sintomas mais comuns de angina de peito são a sensação de pressão, desconforto, aperto e dor no coração. No entanto, estas sensações podem ocorrer no pescoço, maxilar inferior, ombro, braço ou nas costas o que muitas vezes dificulta o diagnóstico.
Tratamento
O tratamento passa geralmente pelo repouso e por medicação que permita o relaxamento das artérias coronárias. O tratamento de outros fatores de risco como a hipertensão arterial, colesterol elevado e os hábitos tabágicos também é recomendado. Casos mais graves de angina de peito podem necessitar de intervenção cirúrgica.
É possível prevenir as doenças cardiovasculares?
Muitas doenças cardiovasculares são desenvolvidas devido a comportamentos inadequados tais como má alimentação, sedentarismo e níveis elevados de stress.
Através de alterações nos seus hábitos diários, pode prevenir ou impedir consequências graves das doenças cardiovasculares.
Fazer uma alimentação saudável e equilibrada
Mudanças na alimentação têm grande impacto nas doenças cardiovasculares.
Opte por realizar uma dieta variada e saudável privilegiando hortícolas, frutas, cereais integrais, carnes magras e peixe.
O consumo de sal deve ser reduzido ao máximo, assim como alimentos ricos em gordura e açúcar. A hidratação também é fundamental e, por isso, deve beber entre 1,5 a 2 litros de água por dia.
Praticar exercício físico
É recomendada a prática semanal de 150 minutos de actividade física. Escolha uma atividade ao seu gosto, pois assim será mais fácil manter a disciplina e a motivação. Antes de iniciar os seus treinos, não se esqueça de consultar o seu médico.
Controlar o seu peso
A obesidade constitui fator de risco para inúmeras doenças, sobretudo as cardiovasculares. Manter o seu peso dentro de valores normais é fundamental.
Ter atenção aos níveis de colesterol
Os níveis do “mau colesterol” ou LDL, devem ser inferiores a 100 mg/dL, sendo que o valor do colesterol total deverá situar-se abaixo de 180 mg/dL.
Uma alimentação pobre em gorduras saturadas é aconselhada para manter os seus níveis de colesterol dentro de valores normais.
Deixar de fumar
O consumo de tabaco constitui um dos fatores de risco mais importante para as doenças cardiovasculares. A nicotina e o monóxido de carbono afetam o sistema cardiovascular e, por isso, devem ser retirados da sua rotina.
Controlar a diabetes
Pessoas com diabetes sofrem uma degradação progressiva dos vasos sanguíneos e, por isso, são mais propensas a desenvolver doenças cardiovasculares. O enfarte agudo do miocárdio, a angina de peito e a morte súbita são alguns exemplos.
Por isso, a diabetes deve estar controlada e assim evitar a conjugação de diversos fatores de risco que possam desencadear situações mais graves.
Fazer um check-up anual
Realizar consultas e exames ao coração com regularidade pode detetar atempadamente alterações no sistema cardiovascular. Medir a tensão arterial com alguma regularidade é igualmente recomendado.
Reduzir os níveis de stress e ansiedade
Níveis elevados de stress e ansiedade, conjugados com outros fatores de risco como a hipertensão arterial, colesterol elevado e uma má alimentação, aumentam o risco de enfarte do miocárdio. Tirar alguns minutos por dia para meditar e acalmar a mente pode ser uma ajuda preciosa. Experimente!
- Sociedade Portuguesa de Hipertensão (2020). Hipertensão arterial: o que é? Disponível em: https://www.sphta.org.pt/pt/base8_detail/24/89
- Serviço Nacional de Saúde (2020). Doenças cardiovasculares: sabe como prevenir? Disponível em: https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2016/03/DoencasCardiovasculares.pdf
- Direção-Geral da Saúde (2017). Programa nacional para as doenças cérebro-cardiovasculares. Disponível em: https://www.dgs.pt/portal-da-estatistica-da-saude/diretorio-de-informacao/diretorio-de-informacao/por-serie-882061-pdf.aspx?v=%3d%3dDwAAAB%2bLCAAAAAAABAArySzItzVUy81MsTU1MDAFAHzFEfkPAAAA
- Serviço Nacional de Saúde (2020). Doenças do coração: arritmias cardíacas. Acedido a 24 de Janeiro de 2020. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-do-coracao/arritmias-cardiacas/