Share the post "Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: saiba tudo sobre a DPOC"
A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é a designação para uma doença respiratória que causa diminuição do calibre das vias aéreas respiratórias e destruição do tecido pulmonar. É provocada por uma resposta inflamatória anormal a várias toxinas, mas principalmente ao fumo do tabaco.
O que é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica?
Tal como foi referido anteriormente, a DPOC ocorre devido a uma limitação de fluxo das vias aéreas, que dificulta a passagem do ar nos pulmões, sobretudo na fase expiratória, ocorrendo uma diminuição dos débitos expiratórios.
A instalação desta doença é lenta e progressiva e afeta negativamente a qualidade de vida do indivíduo.
Em Portugal a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica afeta cerca de 80.000 doentes, sendo a 2ª causa de internamento hospitalar devido a doença respiratória.
Pode ter duas formas de apresentação:
- Bronquite crónica, onde se verifica sobretudo produção de muco (expetoração);
- Enfisema pulmonar, ocorre uma destruição gradual da parede dos alvéolos pulmonares.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Epidemiologia
A prevalência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica aumenta com a idade e é mais elevada em homens, mas a mortalidade é semelhante em ambos os sexos.
Para além do sexo masculino, verifica-se que a incidência e a mortalidade são mais elevadas em pessoas de raça caucasiana, operários de produção fabril e indivíduos de extratos sociais mais baixos.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Etiologia
Existem várias causas da DPOC:
- O consumo do tabaco é a principal razão;
- A exposição passiva ao fumo do cigarro;
- Poluição aérea;
- Exposição ocupacional a pós (por exemplo, pó de mineral ou de algodão) ou a substâncias químicas (por exemplo, cádmio);
- Aumento hereditário da suscetibilidade aos efeitos de poeiras e químicos inalados;
- Baixo peso corporal;
- Doenças respiratórias da infância.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Sintomatologia
Os sintomas compreendem:
- Tosse produtiva (com expetoração), no mínimo 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos;
- Dispneia (dificuldade em respirar) que é progressiva, persistente, relacionada com o esforço;
- Diminuição do murmúrio vesicular;
- Auscultação de sibilos;
- Perda de peso;
- Hipertensão pulmonar;
- Infeção respiratória;
- Pneumotórax (presença de ar entre as membranas que envolvem os pulmões);
- Insuficiência respiratória aguda ou crónica;
- Cefaleia (dor de cabeça) matinal, desenvolve-se na doença mais avançada e sinaliza hipercapnia (excesso de dióxido de carbono no sangue) ou hipoxémia (baixo nível de oxigénio no sangue) noturnas;
- Os sinais de doença avançada envolvem respiração com lábios cerrados, uso de músculos acessórios, depressão paradoxal dos espaços intercostais inferiores durante a inspiração (sinal de Hoover) e cianose (lábios e extremidades arroxeadas).
- Aumento dos custos nos cuidados médicos: consultas, recurso aos serviços de urgência, internamento.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Diagnóstico
O diagnóstico da DPOC baseia-se na história, no exame físico, na radiografia do tórax e nos testes de função pulmonar.
A espirometria é um exame fundamental para o diagnóstico e para estabelecer a evolução esperada da doença, este exame mede a quantidade de ar expirado pelos pulmões.
Após realizado o diagnóstico, utilizando a classificação GOLD juntamente com a avaliação espirométrica, o médico define se a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é: ligeira, moderada, grave ou muito grave.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Tratamento
As orientações para o tratamento da DPOC incluem:
- A suspensão dos hábitos tabágicos é fundamental, podendo recorrer a um conjunto de estratégias, tais como:
- Estabelecimento de uma data para a interrupção tabágica;
- Participação em sessões em grupo;
- Recurso a terapia de reposição de nicotina (utilizado as pastilhas elásticas ou rebuçados, adesivo transdérmico, etc.);
- Aconselhamento médico.
- Tratamento da sintomatologia:
- Broncodilatadores inalados;
- Corticóides, no entanto, no caso de DPOC estável não devem ser usados corticóides orais ou sistémicos;
- Antibióticos, se necessário;
- Oxigenoterapia se existir insuficiência respiratória parcial. O oxigénio suplementar melhora de forma moderada os fatores neuropsicológicos, as alterações hemodinâmicas pulmonares, aumenta também, a tolerância ao esforço em muitos pacientes.
Esta terapia pode ser administrada através de:
Concentrador de oxigénio fixo ou portátil;
Cilindro de oxigénio líquido com mochilas portáteis;
Cilindro de oxigénio gasoso comprimido. - Ventilação não invasiva (VNI) se existir insuficiência respiratória global;
- Integração do exercício físico nos programas de reabilitação respiratória, pretendendo melhorar a capacidade de exercício, reduzindo a sensação de falta de ar e de fadiga e fortalecendo os músculos respiratórios.
- Prevenção das Infeções Respiratórias com a toma da vacina anti-gripal anual e a vacina contra agentes pneumocócicos.
- Alimentação adequada: Estes doentes apresentam um risco de desenvolver perda de peso e deficiências nutricionais devido a um aumento do gasto energético em repouso oriundo da respiração, gastam mais energia nas atividades do dia-a-dia.
Deve-se ter em consideração também, que deve-se evitar o ganho excessivo de peso. - Tratamento cirúrgico, apenas para doentes selecionados. As opções cirúrgicas para o tratamento da DPOC grave envolvem a redução do volume pulmonar e o transplante.
- A cirurgia redutora de volume pulmonar consiste em ressecar áreas enfisematosas inativas;
- O transplante do pulmão, consiste em substituir o pulmão por um novo, saudável e sem qualquer evidência de doença assinalável, de outra pessoa. É necessária a imunossupressão por toda a vida, com risco permanente de infeções oportunistas.
Estas medidas permitem prevenir a evolução da doença, diminuir o número de agudizações e reduzir o número de internamentos, consequentemente, permite melhorar a qualidade de vida destes doentes.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Prognóstico
A DPOC é uma doença que não tem cura, mas que na maioria dos casos pode ser controlada, conseguindo evitar-se exacerbações e internamentos hospitalares.
No entanto, é necessário ter a noção, que é uma das doenças a nível mundial, com maior taxa de mortalidade.