Existem inúmeras causas para as disfunções sexuais femininas que radicam numa panóplia de origens, desde problemas do sistema vascular ou neurológico, passando pelo sistema endócrino.
Por sua vez, a idade tem também um papel preponderante já que existe um marco incontestável no ciclo da mulher que é a menopausa, e que também pode ter um papel preponderante no aparecimento de disfunções sexuais femininas.
No entanto, outros fatores como o envolvimento social, a estrutura familiar, os princípios religiosos, a experiência sexual prévia e a violência, também têm o seu impacto na vida sexual de uma mulher e, como consequência, na sua obtenção de prazer.
4 Fases do prazer feminino
Para perceber melhores os diferentes tipos de disfunções sexuais femininas, é importante reconhecer as 4 fases do prazer feminino. Quando a mulher tem dificuldade nalguma delas, poderemos estar perante um caso de disfunção.
1. Excitação
Esta é a fase em que a vontade pelo sexo é despertada, e costuma ter como característica as seguintes reações do corpo:
- Aumento da tensão muscular;
- Aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração;
- Intumescimento dos mamilos e aumento dos seios;
- Aumento do fluxo de sangue nos genitais;
- Início da lubrificação vaginal e inchaço das paredes da vagina, clitóris e dos pequenos lábios.
2. Preliminares
A fase dos preliminares está mais próxima do orgasmo em si e possibilita um aumento da sensibilidade do clitóris, da intensidade dos batimentos cardíacos e da respiração e da tensão muscular. Nesta fase, a mulher está prestes a “explodir” de prazer.
3. Orgasmo
Este é o momento pelo qual todas as mulheres anseiam numa relação sexual: o clímax, que é, geralmente, acompanhado de:
- Contrações musculares involuntárias;
- Aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e intensidade da respiração, para haver um mais rápido uso do oxigénio;
- Contração dos músculos vaginais, além de contrações ritmadas do útero.
> Saiba mais aqui sobre o orgasmo feminino.
4. Recuperação
A finalizar um ato sexual, temos a fase de recuperação do corpo, que normalmente é mais rápida nas mulheres do que nos homens, o que possibilita que algumas mulheres possam retomar para a fase do orgasmo quase de imediato, se se mantiver a estimulação.
4 Tipos de disfunções sexuais femininas
Com diferentes origens e, como tal, diferentes formas de diagnóstico, é importante perceber que as disfunções sexuais femininas podem ser devidamente identificadas e resolvidas.
1. Disfunção do desejo
Caracteriza-se pela diminuição ou ausência total de fantasias e de desejo em ter relações sexuais. Pode ter como causas os seguintes aspetos:
- Tabaco, álcool, stress crónico, depressão e agressividade;
- Consumo de determinados medicamentos;
- Algumas doenças como hipotiroidismo, diabetes ou incontinência.
É importante descortinar a história clínica da mulher, assim como a realização de um estudo hormonal, reconhecimento do contexto psicossocial e cultural. O tratamento passa por técnicas psiquiátricas e pela resolução da etiologia, quando identificada, assim como pela utilização de medicamentos.
2. Disfunção da excitação
Esta disfunção sexual feminina revela-se na incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter a lubrificação vaginal durante o ato sexual. As origens são várias:
- Problemas hormonais, neurológicos e vasculares, infeções urinárias e vaginites;
- Conusmo de psicotrópicos, anti-hipertensores e terapêuticas para o tratamento do cancro;
- Inibição sexual, ansiedade, medo, receio de intimidade.
Neste caso, além do historial clínico é preponderante realizar-se um estudo neurobiológico; bem perceber como funciona a receção de sensações ao nível do esfíncter anal e do clítoris.
Desta forma, o tratamento passa inevitavelmente pelo recurso a medicamentos, viagra e semelhantes, ao uso de lubrificantes especiais, além das técnicas psicodinâmicas.
3. Disfunção do orgasmo
Perante esta situação, a mulher demonstra uma incapacidade em atingir o orgasmo de forma recorrente ou persistente, mesmo após a existência de estímulo sexual suficiente e lubrificação adequada. Na sua origem poderão estar as seguintes questões:
- Problemas neurológicos, genéticos e endócrinos;
- Consumo de antidepressivos e de medicamentos para o tratamento de doenças do sistema nervoso central;
- Falta de confiança mútua, medo da separação e necessidade de ser amada.
O diagnóstico é relativamente simples de obter: através da história clínica da mulher e através da análise do perfil hormonal.
Apesar de não haver, atualmente, nenhum agente farmacológico para o tratamento desta disfunção, sabe-se que a hormona ocitocina poderá ajudar a melhorar o panorama.
4. Disfunção por dor
Esta disfunção, pode ficar a dever-se ao vaginismo (contracção involuntária dos músculos da vagina, impedindo a penetração), à dispareunia (dor genital ou pélvica recorrente ou persistente na penetração, impedindo o prazer sexual) ou a outras perturbações dolorosa, que sejam provocadas por:
- Agressividade, violência e submissão;
- Infeções ou inflamações vaginais, transtornos endócrinos, hipoestrogenismo e nevralgias.
O diagnóstico é feito através da análise do exsudado vaginal, do perfil hormonal e da realização de uma TAC – Tomografia Axial Computadorizada. Os resultados vão influenciar o tratamento a realizar.
Se acha que poderá ter alguma destas patologias, converse com o seu parceiro no sentido de haver uma maior liberdade e desinibição sexual. Se isso não for suficiente, procure ajuda médica.