Diminuir o consumo de carne é algo cada vez mais falado, mas nem sempre se reflete acerca deste tema e nem se lê informação válida sobre este assunto. Compreenda porque diminuir o consumo de carne pode ser determinante para a nossa saúde e para a saúde do nosso planeta.
Porque deve diminuir o consumo de carne?
1. Prevenção de doenças
A verdade é que a nossa alimentação, apesar de não ser a cura para as doenças que nos atingem, pode ser uma aliada determinante no que respeita à prevenção da maioria delas, especialmente de doenças crónicas, como a obesidade, a diabetes, doenças cardiovasculares e o cancro.
Tal como o açúcar, a carne vermelha tem sido vista como um inimigo a eliminar da nossa alimentação. Na verdade, o mais importante será compreender quais os malefícios que este tipo de carne tem no nosso organismo, antes de tomar qualquer decisão, baseada em “dietas da moda”.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o consumo de carne vermelha não deve ultrapassar os 500g por semana, dado que um consumo diário deste alimento está associado a um aumento do risco de doenças, como o cancro do cólon.
Sem dúvida que existem inúmeras medidas de prevenção a nível alimentar que podem ser tomadas para além da redução do consumo de carne, como diminuir o consumo de açúcar, de sal e gorduras saturadas presentes noutros alimentos. No entanto, diminuir o consumo de carne vermelha, como o porco, a vaca e o cabrito, sem dúvida que se inclui neste leque de medidas de prevenção.
Nesse sentido, procure seguir as seguintes recomendações como medidas de prevenção:
- Consumir carne vermelha apenas em 1 a 2 refeições por semana;
- Privilegiar o consumo de hortícolas e leguminosas (como o grão, o feijão e as ervilhas), fazendo refeições semanais vegetarianas, que substituam a fonte proteica (carne, peixe ou ovos) por estes alimentos;
- Nas restantes refeições, intercalar entre carnes brancas (como frango, peru e coelho) e, preferencialmente, ovos e peixe;
- Não esquecer o consumo de cerca de 500g de frutas e hortícolas.
Infelizmente, segundo vários estudos sabe-se que os países desenvolvidos têm vindo a apostar nos tratamentos e não na prevenção da maioria das doenças crónicas. No entanto, esta sensibilização é fundamental, especialmente numa sociedade em que as ofertas alimentares menos saudáveis são imensas, no sentido de fomentar hábitos alimentares adequados.
2. Influência no cancro
Está clara a importância dos hábitos alimentares, nomeadamente do consumo de carne vermelha, no desenvolvimento de doenças crónicas, como é o caso do cancro.
No entanto, será que, uma vez diagnosticado com algum tipo de cancro, a alimentação poderá ter influência no desenvolvimento da doença? A verdade é que não há dietas que curem o cancro. Apesar disso, uma alimentação saudável, equilibrada e variada é indispensável para um bom prognóstico, já que pode determinar o sucesso dos tratamentos, como é o caso da quimioterapia e radioterapia.
O cancro é uma doença que leva habitualmente a uma perda de peso acentuada, normalmente devido à anorexia (perda de apetite). Se, associada a esta condição, existir uma dieta inadequada, o risco de ficar malnutrido e piorar o prognóstico é significativo. Para além disso, poderá ser determinante no processo de recuperação, no seu estado emocional e na prevenção de outras complicações que possam surgir.
De acordo com um artigo, publicado em 2015 na revista The Lancet Oncology, que estudou a relação de potenciais associações entre o consumo de carne vermelha ou carne processada (não fazem distinção) e o cancro, estas carnes estão associadas ao aparecimento de cancro, especialmente colo-rectal e, com menor incidência, ao cancro do pâncreas e da próstata.
Os dados que existem acerca desta temática por si só não têm de significar a total exclusão destes alimentos dos nossos hábitos, mas devem alertar-nos para as porções que estão a ser habitualmente consumidas. Para além da importância de reduzir este consumo, é também fundamental ter em consideração a forma como este tipo de carne é confecionado.
3. Alterações climáticas
Sabia que, de acordo com vários relatórios internacionais e artigos científicos, cerca de 14,5% dos gases poluentes emitidos é da responsabilidade da produção animal, enquanto que os meios de transporte são responsáveis por 13% dessa emissão global? Parece surpreendente, mas a verdade é que o impacto da pecuária nas alterações climáticas é bastante significativo.
Uma redução global do consumo de carne poderia reduzir consideravelmente este impacto, especialmente se aliada a outras medidas. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization), é possível reduzir em cerca de 30% o impacto ambiental da pecuária, alterando a forma de criação dos animais, a alimentação que lhes é oferecida, como se produz esse alimento (principalmente reduzindo a aplicação de fertilizantes sintéticos) e como se faz a gestão do estrume, melhorando a eficiência da produção.
É bem claro que o ser humano está a esgotar os recursos do nosso planeta, pelo que medidas como um ajuste dos hábitos alimentares à realidade atual, uma redução do desperdício e um melhoramento da eficiência da produção são necessárias e urgentes.
Em suma…
Não restam dúvidas que diminuir o consumo de carne só poderá ter consequências positivas para a sua saúde e para reduzir o impacto da pecuária nas alterações climáticas.
No entanto, se sente alguma dificuldade em reduzir o consumo deste alimento, seja por falta de criatividade ou por falta de informação acerca das opções pelas quais poderá substituir as refeições sem carne, não hesite em procurar um nutricionista, que o poderá orientar e ajudá-lo a reformular os seus hábitos alimentares.
Para além disso, se tem algum tipo de complicação de saúde, informe o seu médico acerca das alterações alimentares que planeia fazer.