A restrição alimentar, adequada e segura, pode ser benéfica na prevenção e tratamento de algumas doenças. No entanto, quando em excesso, as dietas restritivas podem comprometer o sistema imunológico?
A alimentação e o sistema imunológico
A associação entre alimentação e imunidade é constante, embora a evidência disponível nos dias de hoje não indique que existam alimentos ou suplementos capazes de aumentar a resposta imunitária.
Há muito se sabe que o estado nutricional de um indivíduo influencia tanto a sua suscetibilidade à infeção quanto a resposta à infeção.
A literatura que relaciona o sistema imunitário e a alimentação é limitada. Uma dieta pobre e restritiva está ligada a consequências no sistema imunitário, nomeadamente com o aumento do risco geral de infeção.
Existem mais estudos a analisar a associação entre suplementos nutricionais e o sistema imunológico, nomeadamente suplementos de vitamina C e D, do que estratégias alimentares, como as dietas restritivas e estilos de vida, possivelmente devido à dificuldade metodológica associada a estes últimos e à ausência de interesse comercial.
É importante acrescentar ainda que não existe evidência científica fortemente sustentada que comprove os benefícios do uso de suplementos vitamínicos ou minerais no sistema imunológico.
O sistema imunitário funciona pior quando o nosso estado nutricional não está otimizado, isto é, quando se verifica carência de nutrientes, como é o caso do zinco, do selénio, do ferro, e das vitaminas A, C, D, E, B6 e o ácido fólico.
À luz da evidência científica atual, sabe-se que não existem alimentos ou suplementos com a capacidade de potenciar o sistema imunitário, sendo que a manutenção de hábitos alimentares saudáveis e equilibrados permite a obtenção de todos os componentes essenciais para o correto funcionamento do sistema imunológico de um indivíduo saudável.
Certifique-se que obtém a quantidade suficiente (mas não em excesso) de cada nutriente, de preferência através de alimentos, em vez de suplementos. Os suplementos não são estritamente necessários. Se necessitar, recorra a ajuda de um profissional de saúde, nomeadamente um médico ou nutricionista.
Dietas restritivas, perda de peso e sistema imunitário
O excesso de peso e a obesidade encontram-se bastante presentes na sociedade atual, pelo que o surgimento de dietas para promover a perda de peso multiplicam-se diariamente no nosso quotidiano social e apresentam uma capacidade de difusão preocupante. Estamos na presença de um fenómeno para o qual precisamos de ter alguma atenção e espírito crítico.
A premissa fundamental em qualquer tipo de dieta é a redução energética de forma a promover um défice levando, consequentemente, à perda de peso. A existência de várias correntes, ou modas, que originam determinados tipos de dietas podem basear-se em restrições excessivas de grupos de alimentos que, na sua maioria, são infundadas e sem base científica válida.
Um exemplo comum desse tipo de dietas excessivamente restritivas são as de baixo valor de hidratos de carbono, levando à evicção de fruta e farináceos, fornecedores de diversas vitaminas e minerais, descritos anteriormente, essenciais para o bom funcionamento do organismo, incluindo o sistema imunitário.
No caso de atletas sabe-se que uma restrição de hidratos de carbono poderá levar a um comprometimento do funcionamento do sistema imunológico. Sendo que, a nutrição inadequada, especificamente com baixa disponibilidade de energia, tem sido apontada como um fator de risco para infeção em atletas de elite.
Para além dos possíveis efeitos na homeostasia do organismo, dietas excessivamente restritas poderão condicionar os resultados a médio e longo prazo, nomeadamente no que se refere à perda de peso, uma vez que são de mais difícil adesão e manutenção.
Conclusão
A literatura aponta que uma alimentação que promova défices em nutrientes, nomeadamente em vitaminas e minerais, poderá comprometer o correto funcionamento do sistema imunológico.
Pelo que, dietas que potenciem a carência nutricional, comprometendo um bom estado nutricional, devem ser evitadas. Sabe-se ainda, que a malnutrição, seja por excesso ou por défice, está associada a maior suscetibilidade do sistema imunológico.
A nutrição adequada e ajustada às necessidades individuais, o exercício físico e o sono regular, podem ajudar a minimizar a incidência de doenças.
A não esquecer
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