A dieta cetogénica é uma abordagem dietética que consiste na restrição da ingestão de hidratos de carbono, com consequente ingestão compensada de gorduras e proteína. O valor diário de hidratos de carbono “permitido” varia entre 20g a 50g por dia ou 5% do valor energético total do dia alimentar.
COMO FUNCIONA a dieta cetogénica?
A dieta cetogénica é uma dieta com valores elevados de gordura, aporte adequado de proteína e ingestão muito baixa de hidratos de carbono. Esta combinação faz com que a energia seja utilizada de forma diferente no organismo. A gordura é convertida em ácidos gordos e em corpos cetónicos.
É importante explicar que o nosso organismo utiliza, em primeira linha, os hidratos de carbono como fonte de energia. Esgotando as reservas do músculo e do fígado, torna-se necessário encontrar uma fonte de energia alternativa. É nesta altura que o fígado produz os corpos cetónicos, que conseguem servir como fonte de energia alternativa para o cérebro e outros tecidos e sistemas.
Os corpos cetónicos não são perigosos. Podem ser detetados na urina, no sangue e no ar expirado.
o que é permitido na dieta cetogénica?
A aplicação prática da dieta cetogénica é bastante complicada devido às restrições que impõe, nomeadamente no que diz respeito à quantidade (bastante) reduzida de hidratos de carbono que é permitida.
Note que 20 gramas de hidratos de carbono correspondem a menos do que um pão, do que uma mão de cereais e aproximadamente a uma peça de fruta, pelo que a lista de alimentos proibidos é bastante extensa, de modo a que a dieta seja cumprida de forma correta.
Também o aporte proteico tem que ser rigorosamente controlado na dieta cetogénica, uma vez que um consumo elevado pode aumentar os níveis de insulina e diminuir o número de corpos cetónicos.
Deste modo, a ingestão proteica deve ser suficiente para evitar a perda de massa muscular mas não em demasia, de modo a não interromper a cetose.
enquadramento da dieta cetogénica…
1. Na perda de peso
A dieta cetogénica é por muitos considerada uma maneira eficiente de perder peso.
Seguir uma dieta cetogénica parece ser mais saciante, provocar uma maior perda de peso e de massa gorda quando comparada com uma dieta em que o teor de hidratos de carbono “permitido” é mais elevado.
O número aumentado de corpos cetónicos, juntamente com a diminuição dos níveis de glicose (açúcar) no sangue e uma melhoria na resistência à insulina também parecem estar relacionados com a perda de peso que a dieta cetogénica parece conseguir promover.
2. No desporto
É impossível falar da aplicação da dieta cetogénica no desporto sem contextualiza-la e sem falar no papel da insulina, uma hormona segregada pelo pâncreas em resposta aos hidratos de carbono que consumimos.
A insulina é responsável por fazer com que as células absorvam a glicose (hidratos de carbono), armazenando-a no fígado e nos músculos, sob a forma de glicogénio.
No entanto, quando os hidratos de carbono são ingeridos em demasia, os músculos e o fígado ficam repletos de glicogénio. Neste caso, o excedente é convertido em triglicerídeos pelo fígado, os quais são depois armazenados como gordura.
Por outro lado, quando esgota as reservas de hidratos de carbono, os níveis de insulina irão ser baixos e os ácidos gordos do tecido adiposo são mobilizados para o fígado e transformados nos chamados corpos cetónicos, que funcionam como uma fonte de energia alternativa à glicose.
Assim, denomina-se cetose o estado metabólico que ocorre quando os corpos cetónicos do nosso sangue ultrapassam os níveis considerados normais. Este estado de cetose é essencial para queimar gordura.
Como estes corpos cetónicos conseguem atravessar a barreira hemato-encefálica, servem como combustível para todos os tecidos do organismo, incluindo o cérebro.
3. Na epilespsia
A dieta cetogênica na epilepsia é baseada numa alimentação rica em gordura, com quantidade moderada de proteína e com baixo teor de hidratos de carbono. Essa composição alimentar faz com que o organismo entre em cetose, fazendo com que o cérebro utilize corpos cetónicos como o principal combustível para as células, controlando assim as crises de epilepsia.
Esta dieta é usada em casos de epilepsia refratária (estado da doença de pior controlo), e deve ser seguida durante certa de 2 a 3 anos, até ser iniciada a reintrodução da dieta normal, tendo sempre em atenção se os sintomas voltam a aparecer. Com a dieta cetogénica, muitas vezes é possível reduzir a medicação para controlar as crises.