Quem experimenta falta ou perda total do apetite sexual, sem que sejam identificadas causas médicas, sofre de transtorno do desejo sexual hipoativo.
Algumas pessoas sempre foram assim, outras perdem o desejo repentinamente. Muitas vezes, os sintomas permanecem durante meses ou anos e têm consequências graves para os relacionamentos íntimos, para as relações de casais e para a autoestima de quem enfrenta a situação.
Em Portugal, 35% das mulheres sofrem de desejo sexual hipoativo, de acordo com o primeiro estudo nacional sobre a prevalência de disfunções sexuais femininas, realizado pela Sociedade Portuguesa de Andrologia.
Tendo em conta que a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a sexualidade como um aspeto central da vida humana, a qual é vivenciada e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relações, se estivermos na presença do transtorno do desejo sexual hipoativo, a saúde sexual pode ser altamente afetada e, em consequência, todo bem-estar geral da pessoa.
Desejo sexual hipoativo: por que aparece?
No que diz respeito à causa do transtorno do desejo sexual hipoativo, diversos podem ser os fatores apontados como tendo influência no seu início, desenvolvimento e manutenção:
- Fatores biológicos: desequilíbrios hormonais, medicamentos e seus efeitos colaterais, doenças crónicas;
- Fatores do desenvolvimento: ausência de educação ou permissão sexual, infância e adolescência marcadas pela privação emocional, física, verbal ou afetiva, trauma ou coerção sexual;
- Fatores psicológicos: ansiedade, depressão, transtornos de apego e da personalidade;
- Fatores interpessoais: conflitos, insultos, perdas no relacionamento e incompetência ou disfunção sexual do parceiro;
- Fatores culturais: questões morais e crenças religiosas ou culturais relativas a conduta sexual apropriada;
- Fatores contextuais: aspectos ambientais, como privacidade, segurança e conforto;
- Fatores relacionais: desgaste do relacionamento, falta de investimento na relação, rotina, falta do ritual de sedução da parte de um dos parceiros ou dos dois, inadequada estimulação física durante a atividade sexual, mudanças físicas que provocam perda do poder de atração em um dos parceiros ou nos dois; presença de disfunção sexual no parceiro (disfunção erétil, ejaculação precoce ou retardada), conflitos não solucionados de todos os tipos.
Por que não procurar ajuda para resolver a desejo sexual hipoativo?
A ilusão mágica que “tudo vai melhorar”, ou a percepção de que é impossível resolver o problema pois “sempre fui assim, nunca liguei muito ao sexo” são alguns dos motivos que levam a que o problema fique confinado a quatro paredes e não seja procurada ajuda médica.
É importante que os casais percebam que uma relação sexual equilibrada e satisfatória enriquecerá a sua relação enquanto casal e torná-los-á em pessoas mais felizes e completas.
Não tem mal em assumir que não está bem ou não está feliz. O errado está em protelar essa situação, habituando-se a uma rotina ou hábitos que podem dar a entender ao seu parceiro que já não está interessada nele.
Um problema para ela, mas também para ele
Embora o diagnóstico de transtorno do desejo sexual hipoativo seja mais frequente nas mulheres, este também é comum no sexo masculino. Aliás, nos últimos anos temos vindo a assistir a um aumento de disfunções sexuais nos homens, cujas causas são inúmeras e que têm vindo a desmistificar a ideia que é um problema unicamente associado ao sexo feminino.
Sabe-se hoje que duas disfunções no cérebro aparentemente estão associadas à falta de apetite sexual: de um lado, contenção excessiva partindo do cérebro frontal inferior; de outro, falta de imaginação erótica, percetível pela reduzida atividade no lobo parietal inferior e nas áreas pré-motoras.
Não adie a sua felicidade. Se tem um problema, procure ajuda médica!