Share the post "Descolamento prematuro da placenta: sintomas e riscos associados"
O descolamento prematuro da placenta pode privar o bebé de oxigénio e nutrientes e causar sangramento intenso que podem ser perigosos tanto para a mãe como para o bebé.
Esta condição afeta 1 em cada 150 gestações. É mais comum no terceiro trimestre, no entanto pode ocorrer durante toda a gravidez.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Os sinais e sintomas do descolamento prematuro da placenta podem incluir:
- Hemorragia vaginal de volume variável (embora cerca de 20% dos casos não tenham sangramento) – quanto mais intenso for o sangramento, maiores são os riscos tanto para a mãe quanto para o feto;
- Dor abdominal intensa;
- Contração uterina prolongada;
- Alteração da frequência cardíaca fetal.
Importa ainda ressalvar que qualquer sangramento vaginal no terceiro trimestre deve ser relatado imediatamente ao seu médico.
COMO DIAGNOSTICAR DESCOLAMENTO PREMATURA DA PLACENTA?
A placenta é um órgão materno-fetal que se desenvolve no inicio da gravidez e é expulsa com o feto no momento do nascimento. Durante os 9 meses este órgão proporciona os nutriente e oxigénio ao feto em desenvolvimento.
A placenta fica colada à parede do útero, ligada a centenas de vasos sanguíneos maternos e liga-se também ao cordão umbilical. Age assim como uma espécie de ponte entre a circulação sanguínea da mãe e do feto.
Chamamos descolamento prematuro da placenta quando uma parte da placenta se desprende da parede do útero durante a gravidez.
Obviamente, essa porção da placenta que se descolou deixa de receber o sangue da mãe. Assim sendo, quanto maior for o descolamento placentário, maior é o risco de surgir sofrimento fetal.
Este descolamento só pode ser verdadeiramente diagnosticado após o nascimento quando a placenta for examinada. Existem, no entanto, alguns métodos que são usados para fazer o diagnóstico durante a gravidez para que o tratamento adequado possa ser aplicado, tais como:
- Ultrassom;
- Avaliação dos sintomas da mãe (sangramento, dor);
- Exames laboratoriais sanguíneos;
- Monitorização fetal.
QUAIS SÃO AS POSSÍVEIS CAUSAS DO DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA?
As causas do desprendimento da placenta não são ainda completamente conhecidas. Sabe-se que traumas abdominais (quedas, pancadas) podem ser um dos motivos, mas apenas numa pequena porção de todos os deslocamentos prematuros da placenta (cerca de 9% dos casos).
No entanto, as mulheres estão mais em risco para esta condição, se:
- Forem fumadoras;
- Forem consumidoras de cocaína durante a gravidez;
- Tiverem mais de 40 anos;
- Sofrerem de pré-eclâmpsia (hipertensão na gravidez) (link);
- Tiver uma gravidez múltipla (gémeos ou trigémeos);
- Tiver havido um descolamento prematuro da placenta numa gravidez anterior (este é o maior fator de risco);
- Sofrer algum trauma na região abdominal.
Caso a gestante apresente um destes fatores de risco é importante controlá-los, como no caso da hipertensão, ou abandoná-los, como no caso do cigarro. Tal irá prevenir o descolamento prematuro da placenta.
QUAIS AS POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES?
O descolamento placentário pode causar problemas graves tanto para a mãe como para o feto.
Para a mãe, pode causar:
- Choque circulatório, devido à perda de sangue;
- Alterações na coagulação sanguínea (coagulação intravascular disseminada);
- Anemia grave com ou sem necessidade de transfusão de sangue;
- Falência dos rins e de outros órgãos;
Para o bebé, podem surgir complicações como:
- Sofrimento fetal por privação de oxigénio e nutrientes;
- Nascimento prematuro;
- Morte fetal.
QUAL O TRATAMENTO PARA O DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA?
O tratamento do descolamento prematuro da placenta varia de acordo com a extensão do descolamento.
Caso seja uma área pequena, apenas na borda placentária, o uso de medicação que iniba as contrações, repouso e o controlo da evolução podem ser suficientes para contornar o problema.
Em casos de descolamento de grandes áreas, em que há o risco tanto materno quanto fetal, a interrupção da gestação é equacionada.
Esta conduta varia de acordo com a gravidade do quadro, idade gestacional e condições clínicas da mãe e bebé:
Feto estável com mais de 34 semanas e sem sinais de sofrimento:
O mais seguro é induzir o parto a curto prazo. Pequenos deslocamentos podem transformar-se em grandes deslocamentos de um momento para outro e sem qualquer aviso.
Feto estável com menos de 34 semanas e sem sinais de sofrimento:
Se a mãe e o bebé estiverem bem e não houver sinais de hemorragia em curso, a conduta mais utilizada é o internamento hospitalar da mãe para vigilância.
São administrados medicamentos para acelerar a maturação pulmonar do feto, o que aumenta significativamente a probabilidade de sobreviver caso seja necessário induzir o parto prematuramente.
Feto com sinais de sofrimento:
A conduta mais correta é induzir o parto através de uma cesariana, para evitar que outras complicações surjam.
Não existe tratamento que faça com que a placenta se volte a ligar ao útero, portanto, se o bebé está sob risco de morte por falta de oxigenação, a única solução é retirá-lo o mais rapidamente possível do útero, independentemente da idade gestacional.