Share the post "Depressão pós-parto: o que é e quais as ajudas disponíveis"
A investigação mostra que 10 a 15% das mães desenvolve depressão pós-parto. Tendo em conta esta considerável incidência e as repercussões adversas que a depressão pós-parto pode ter em toda a família, importa conhecer melhor e prestar maior atenção a esta realidade (1).
COMPREENDER A DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
Entende-se por depressão pós-parto a ocorrência de um episódio depressivo que ocorre em estreita relação com o parto e que geralmente tem início 2 ou 3 meses após o nascimento do bebé. Apesar de habitualmente ter uma duração média de 3 ou 4 meses, em alguns casos os sintomas podem estender-se no tempo.
Esta tipologia de depressão surge associada a um marcante acontecimento do ciclo de vida: o nascimento de um filho. Na mulher, a depressão é mais provável surgir após o parto do que na gravidez ou noutras fases da maternidade (1).
Em alguns casos, a depressão pós-parto pode também iniciar-se mais tarde, quando a mulher tem o primeiro período menstrual ou depois de deixar de amamentar (possivelmente, devido às flutuações hormonais).
Importa distinguir a depressão pós-parto do baby blues/melancolia pós-parto. Quando esta melancolia não desaparece, nem desvanece, o mais provável é estarmos perante uma situação de depressão. Assim, de forma resumida, importa reter que a depressão pós-parto é mais duradoura e menos comum (2).
Principais sintomas da depressão pós-parto
Para além dos sintomas comuns de depressão (por exemplo, choro, irritabilidade, tristeza, desespero, impotência), na depressão pós-parto há sintomas que, por norma, se tornam mais exuberantes, nomeadamente:
- Queixas físicas (por exemplo, fadiga e/ou perda de apetite) (1, 2).
- Níveis elevados de ansiedade e preocupação (1, 2).
- Culpabilidade extrema (1).
- Acentuada diminuição da autoestima (1).
- Insónia de adormecimento (1, 2).
- Incapacidade ou falta de vontade para cuidar de si mesma ou do recém-nascido (2).
- Aversão ao recém-nascido (2).
- Agravamento dos sintomas com o decorrer do dia (1).
FATORES QUE PROPICIAM A DEPRESSÃO
A investigação mostra que a depressão após o nascimento do bebé tende a desenvolver-se em mulheres que:
- Não beneficiam de relações positivas com o cônjuge (1)
- Não usufruem de uma rede de apoio consistente por parte de familiares e amigos (1)
- Têm bebés com dificuldades temperamentais (1)
- Já tiveram depressão pós-parto (2)
- Têm antecedentes pessoais ou familiares de depressão (2)
- Sofrem de síndrome pré-menstrual grave (2)
- Passaram muito tempo a sentir-se em baixo durante a gravidez (2)
- Tiveram uma gravidez ou um parto complicados (2)
- Têm um bebé com problemas de saúde (2)
QUAIS AS AJUDAS DISPONÍVEIS?
A gravidade e o tipo de sintomas apresentados definem as necessidades de ajuda das recém-mães. Algumas mulheres enfrentam apenas dificuldades ligeiras em lidar com as novas tarefas impostas pela maternidade e requerem um apoio geral, não especializado (por exemplo, ajuda na prestação dos cuidados diários ao bebé ou ajuda ao nível da amamentação) (1).
Outras recém-mães necessitam de maior apoio, no sentido de diminuir o isolamento e a culpabilidade associada à presença de sintomas depressivos. Nestas situações a participação em grupos de apoio e suporte mostra-se adequada e importante, dado que permite que a mulher partilhe a sua experiência com outras mulheres que enfrentam as mesmas vivências.
Há ainda situações que requerem uma intervenção mais especializada e individualizada, pelo que importa procurar ajuda médica e psicológica nestes casos (1).
Seja qual for o tratamento ou combinação de tratamentos que a recém-mãe decidir, juntamente com o médico que a acompanha, ser o mais adequado a seguir, importa ter em mente que avaliar e intervir na depressão pós-parto o mais cedo possível é de suma importância.
A depressão pós-parto pode ter efeitos devastadores a vários níveis, nomeadamente: na criação de laços com o bebé; na manutenção de relações pessoais saudáveis; na saúde e no bem-estar da recém mãe (2).
EM SUMA
Nenhuma recém mãe deveria passar por uma depressão pós-parto mas, infelizmente, é um problema relativamente comum. Importa lembrar que esta tipologia de depressão não é inevitável, nem é expectável ou normal.
Na presença dos sintomas acima descritos importa pedir ajuda com a maior brevidade possível, de forma a diminuir o sofrimento e a ser capaz de começar a desfrutar em pleno do bebé (2).
- Figueiredo, B. (2001). Depressão pós-parto: considerações a propósito da intervenção psicológica. Psiquiatria Clínica. 3:22 (2001) 329-339. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4218/1/Depress%c3%a3o%20p%c3%b3s-parto%20%282001%29.pdf
- Murkoff, H., Mazel, S. (2017). O que esperar quando está à espera de bebé. 1ª edição. Casa das Letras.