Não existe uma terminologia consensual para definir a dependência de sexo e habitualmente são utilizadas diversas terminologias para referir esta dependência, tais como hipersexualidade, compulsão sexual, desejo sexual hiperativo, impulsividade sexual ou adição sexual.
Independentemente da terminologia utilizada, quando falamos em dependência de sexo, estamos a referir-nos a um padrão de comportamentos caraterizado por fantasias, impulsos e comportamentos sexuais que são intensos e recorrentes e prejudicam e interferem nas várias áreas da vida.
Dependência de sexo: esta adição existe realmente?
Sentir desejo sexual é um fenómeno natural, mas o comportamento sexual pode, de facto, tornar-se compulsivo, à semelhança do que acontece com outras adições. A dependência de sexo é uma condição clínica que se manifesta através do descontrolo da motivação sexual.
Caracteriza-se por vários aspetos, nomeadamente pelos seguintes:
A. Fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos;
B. O tempo consumido nesses comportamentos interfere com as outras atividades e obrigações do indivíduo;
C. A pessoa recorre ao uso de fantasias/comportamentos sexuais para gerir estados de stress;
D. Está presente a incapacidade em controlar os comportamentos sexuais mesmo após várias tentativas;
E. Este comportamento de hipersexualidade provoca sofrimento emocional ou perturbação social ou ocupacional à pessoa que dele padece.
Causas e consequências da dependência de sexo
As causas da dependência de sexo podem ser várias. Algumas das mais frequentemente referidas são as seguintes:
- Carência afetiva e baixa autoestima: para estas pessoas, as relações sexuais são encaradas como prova de que são aceites e desejadas pelos outros, todavia, este sentimento é efémero e faz com que a busca por novas relações seja constante;
- Convívio com adultos com compulsão sexual durante a infância: a excitação pode estar associada à variedade e quantidade de cenas presenciadas. Quando adultas, estas pessoas podem tender a erotizar e a repetir o padrão de comportamento observado;
- Presença de uma situação em que a pessoa se sente impotente: o sexo pode ser encarado como uma ajuda ou um alívio perante situações de angústia e fragilidade. Nestes casos, o sexo tem como objetivo regular estados de stress e não tanto o prazer sexual;
- Abuso sexual na infância: a compulsividade sexual surge como uma forma de lidar com as emoções desconfortáveis (vergonha; ansiedade; baixa autoestima) provocadas por esse abuso.
Independentemente das causas que estão na base da dependência de sexo, esta compulsão pode provocar uma série de alterações na vida de quem dela sofre. Apesar de, muitas vezes, o comportamento de compulsão sexual iniciar na juventude, é mais tarde que surgem as principais complicações, quando a pessoa com dependência de sexo já tem família constituída e carreira profissional.
Em suma…
O sexo funciona como instrumento regulador da vida emocional e a grande maioria dos dias é dedicada a planear, calcular, imaginar e a procurar oportunidades de ter relações sexuais. Para manter o alívio emocional, as necessidades de sexo vão aumentando gradualmente, e a situação vai fugindo do controlo.
Apesar do enorme esforço para parar ou reduzir a compulsão sexual, geralmente está presente uma grande incapacidade de controlo, levando ao desespero, à ansiedade e à negligência face às outras obrigações e atividades.
As graves consequências relatadas por quem sofre de dependência de sexo são várias, desde a contaminação de infeções sexualmente transmissíveis, à perda do emprego, e ao surgimento de problemas na relação amorosa/casamento que mantêm. Por vezes, surgem também dívidas e graves problemas financeiros decorrentes das atividades em que se envolvem para obter sexo, já que é comum que a pessoa dependente procure obsessivamente ter sexo e, não obtendo êxito, compre esse sexo, sem qualquer sentimento associado.
As consequências destes comportamentos sexuais podem ser bem mais graves se surgirem problemas legais associados a assédio sexual, prostituição, exibicionismo, voyeurismo, violação, incesto e pedofilia.