Share the post "Demência frontotemporal: conheça uma das principais causas de demência"
Durante várias décadas a demência frontotemporal foi considerada rara e difícil de distinguir da doença de Alzheimer, no entanto, estudos mais recentes vieram demonstrar que a demência frontotemporal tem importantes características próprias e que não é assim tão incomum.
Demência frontotemporal: o que é?
O termo demência é utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa.
Esse declínio é caracterizado pelo progressivo defeito de algumas capacidades, nomeadamente, perda de memória, diminuição da capacidade intelectual e da capacidade de raciocínio, decréscimo das competências sociais e alterações das reações emocionais normais.
Apesar da maioria das pessoas com demência ser idosa, nem todas as pessoas idosas desenvolvem demência, já que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, e apesar de ser mais frequente a partir dos 65 anos, pode ocorrer em pessoas com idades mais jovens.
Demência frontotemporal é uma das formas mais comuns de demência, e é o nome dado a um grupo demências em que existe a degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontais ou temporais do nosso cérebro.
Os lobos frontais (esquerdo e direito) regulam o humor, o comportamento, a capacidade de julgamento e de autocontrolo. Lesões nestes lobos causam alterações da personalidade e do comportamento, modificação da forma como a pessoa se sente e expressa as suas emoções e perda da capacidade de julgamento.
Já os lobos temporais (esquerdo e direito) regulam e organizam os “inputs” sensoriais, por exemplo, aquilo que ouvimos e vemos. Lesões nestes lobos causam, por exemplo, dificuldades na organização de palavras e imagens em categorias.
A demência frontotemporal afeta homens e mulheres e, apesar de poder atingir pessoas de qualquer idade, habitualmente tem início entre os 40 e os 65 anos. Cerca de 50% das pessoas com demência frontotemporal tem história familiar da doença.
Sintomas da demência frontotemporal
Existe uma diferença considerável nos sintomas manifestados consoante os lobos cerebrais afetados, mas o subtipo de demência frontotemporal mais comum é aquele que se caracteriza, sobretudo, pela perturbação do comportamento.
Caracteriza-se por um início progressivo de alteração do comportamento social, com comportamento desadequado, impulsivo e repetitivo, desinibição, perda da capacidade de autocrítica, apatia e fraca expressão emocional.
Apesar das alterações do comportamento serem as características iniciais e preponderantes, podem surgir outros sintomas, nomeadamente:
- Desleixo da higiene pessoal;
- Rigidez de pensamento;
- Inflexibilidade;
- Ignorar as regras sociais;
- Alterações do comportamento alimentar;
- Discurso empobrecido;
- Repetir as mesmas frases inúmeras vezes;
- Ecoar aquilo que os outros dizem;
- Problemas de memória, que surgem mais tardiamente;
- Dificuldades de planeamento, sistematização e atenção.
Existe algum tratamento disponível para a demência frontotemporal?
Até ao momento não existe cura nem tratamento específico para esta demência, no entanto, os sintomas podem ser aliviados pela medicação. Felizmente, em Portugal existem vários fármacos disponíveis para ajudar as pessoas com demência.
Para além do tratamento farmacológico, é importante que exista uma boa gestão da doença e que a família desenvolva estratégias para lidar com a mesma. É importante que os cuidadores tenham um grande conhecimento sobre a doença e sobre o que leva a que o seu familiar se comporte de determinada maneira.
A intervenção não-farmacológica pretende maximizar o funcionamento cognitivo e o bem-estar da pessoa com demência, bem como ajudá-la, e à família, no processo de adaptação à doença. Exemplos destes tratamentos são: as intervenções psicoeducativas com os cuidadores; as terapias de estimulação sensorial; a estimulação cognitiva; a terapia de orientação para a realidade; a musicoterapia; entre outros.
Existem vários apoios disponíveis para as pessoas com demência, para as suas famílias e cuidadores. Se esta é a sua realidade aconselhe-se com o seu médico de família ou junto de instituições que apoiem os cuidadores.