A demência de corpos de Lewy é uma síndrome neuropsiquiátrica degenerativa, com início na idade avançada, que engloba uma grande variedade de sintomas. É apresentada por vários autores como sendo a 2ª causa mais comum de demência neurodegenerativa, superada apenas pela doença de Alzheimer.
A demência de corpos de Lewy apresenta algumas características muito semelhantes à demência na doença de Parkinson, daí que a diferenciação entre ambas deva ser feito com todo o cuidado.
O impacto da demência de corpos de Lewy nos doentes e nos familiares é enorme. Os sintomas causam grande incapacidade e provocam altos níveis de stress. Pessoas com esta patologia necessitam de cuidados especializados constantes, pelo que frequentemente são admitidas em instituições de longa permanência.
8 sintomas da demência de corpos de Lewy
Os portadores de demência de corpos de Lewy apresentam, para além dos sintomas cognitivos, outras particularidades. A prevalência dos sintomas pode variar entre diferentes portadores deste tipo de demência, mas algumas das principais manifestações clínicas da demência de corpos de Lewy são:
1. Comprometimento cognitivo
É o sintoma mais precoce na maioria dos portadores de demência de corpos de Lewy. Os sintomas cognitivos vão surgindo de forma lenta e gradual, e geralmente iniciam com períodos recorrentes de confusão mental.
Nas fases iniciais da doença os défices de memória são leves e a linguagem ainda está relativamente preservada, mas à medida que a demência progride podemos encontrar uma vasta gama de manifestações cognitivas: défices de atenção; comprometimento das habilidades visuoespaciais; velocidade de processamento diminuída; capacidade de resolução e problemas diminuída; entre outras.
2. Flutuações
Variações marcadas do estado de alerta, da função cognitiva e na execução das atividades diárias. O que acontece é que o doente mostra-se lúcido e orientado em alguns momentos e confuso e desorientado noutros. Esta flutuação ocorre tipicamente em períodos de horas ou de minutos.
3. Alucinações visuais
Estão presentes num grande número de casos de demência de corpos de Lewy e são quase sempre precoces, podendo em alguns casos ser o sintoma inicial da doença. São alucinações recorrentes, detalhadas, vívidas, tridimensionais na forma de objetos inanimados, animais ou pessoas.
4. Sinais extrapiramidais
A associação entre a demência de corpos de Lewy e o parkinsonismo pode ocorrer, daí que alguns dos seguintes sinais sejam relativamente comuns: rigidez; fala arrastada; marcha lenta e arrastada; alterações de postura; tremor em repouso.
5. Distúrbios do sono
Na demência de corpos de Lewy podem estar presentes alguns distúrbio do sono, nomeadamente: sonolência diurna excessiva; movimentos periódicos noturnos dos membros; confusão ao despertar; pesadelos.
6. Quedas repetidas, síncope e perdas transitórias de consciência
Alguns dos sintomas anteriormente referidos (por exemplo, a alteração da marcha, da postura e do equilíbrio) contribuem para o aumento do risco destas ocorrências: quedas; pré-síncopes; síncopes; perda transitória de consciência.
7. Depressão
Os sintomas depressivos são mais prevalentes na demência de corpos de Lewy do que na doença de Alzheimer.
8. Delírios
Os delírios são comuns na demência de corpos de Lewy. De forma geral, o seu conteúdo é bizarro e complexo. Por exemplo, o paciente pode acreditar que as imagens que vê na televisão são reais ou pode ver-se ao espelho e achar que se trata de outra pessoa.
Tratamento da demência de corpos de Lewy
A maioria dos casos de demência de corpos de Lewy ocorre em idade avançada, tipicamente entre os 50 e os 83 anos de idade. A progressão é constante, podendo existir períodos de maior flutuação dos sintomas.
O tratamento é particularmente difícil, devido à grande variedade de sintomas. Os familiares devem ser incluídos na definição do plano de tratamento a fim de alcançar maior sucesso. É importante que os familiares estejam alerta para o elevado risco de queda, bem como estejam preparados para lidar com os problemas motores, flutuações cognitivas, alucinações visuais e delírios.
Para ajudar os familiares nesta difícil tarefa, as intervenções não farmacológicas podem ser úteis. Os cuidadores podem e devem participar em intervenções psicoeducativas em grupo ou individuais, no sentido de obter maior conhecimento sobre a doença e aprender estratégias eficazes para lidar com ela.
O tratamento farmacológico é essencial, existindo evidências de sucesso de vários tipos de fármacos, que atuam ao nível dos variados sintomas. Devido à grande sensibilidade aos efeitos secundários dos medicamentos neurolépticos que estes doentes apresentam, é imprescindível que sejam supervisionadas por um especialista, de forma a evitar efeitos secundários severos.