A gente sabe que as nossas pessoas gostam de nós, no matter what. Eu, pelo menos, nunca tive dúvidas disso. Mas, depois, engravidas. Engravidas e ficas sem pachorra para cozinhar. Engravidas e o rapazinho pesa-te. Engravidas e tens cólicas permanentes no fundinho da barriga. Então, a tua mãe, a tua avó e a tua prirmã sabem exatamente o que fazer: queres vir cá jantar? E tu nunca mais tens que cozinhar e tornas-te uma pessoa que se aproveita descaradamente do amor alheio. E está tudo bem.
Julgo que falo por todas as grávidas e mulheres que acabaram de parir: nesta fase e na seguinte, ter alguém que pega no telefone e nos diz “queres vir cá jantar”, “anda cá jantar” ou “vou aí levar-te o jantar”, sem pedir nada em troca, é tudo o que queremos ouvir. Que é uma coisa muito diferente de “se precisares de alguma coisa, diz”. E nisto, as minhas pessoas não falham. São espaçosas quanto baste. Sabem exatamente quando devem estar e até onde podem ir.
Acho que nas famílias de mulheres as coisas são assim. Também nunca estive noutra, por isso, não tenho termo de comparação. Claro que numa família de gajas, padece-se de um defeito muito grande que é pôr o povo todo em ordem de marcha e desatar a mandar em toda a gente. Mas depois há este quentinho maternal que sabemos que não nos deixa cair. Elas sabem exatamente o que precisas e como precisas. Agora, quando chega ao pé das minhas elas iluminam-se só de me ver… é incrível!
Por estes dias, é isto que temos: muito pouca vontade cozinhar e uma necessidade muito grande de arranjar desculpas para não o fazer. Entretanto, ele não me falha e chegou-se à frente do fogão, o habitual peixe assado para o almoço de sábado está assegurado, agora, ao domingo ao jantar, é dia de sopa de cebola e até temos um receita inovadora que é arroz com sabor a pipocas (que é o que acontece ao arroz quando se deixa queimar os grãos).
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