“Mãe! Pai! Hoje não quero mesmo ir para a escola!”. Se é pai ou mãe, de certeza que já viveu uma ou mais situações em que a sua criança não quer ir para a escola.
Não é incomum que uma criança se recuse a ir à escola, desde que tal aconteça esporadicamente. É até compreensível que aconteça quando se sente indisposta, doente ou quando tem um programa mais divertido em vista.
A recusa em ir à escola torna-se preocupante quando é frequente e quando é evidente o sofrimento que a ida para a escola provoca na criança.
Quando os pais se deparam com a recusa em ir para a escola tentam, naturalmente, convencer os filhos acerca da necessidade e obrigatoriedade da ida para a escola. Muitas vezes utilizam o castigo ou a recompensa, todavia, estas estratégias acabam por fracassar.
Perante este fracasso os pais começam a perceber que algo de errado pode estar a acontecer e sentem-se inseguros acerca da sua capacidade para resolver este problema.
A recusa escolar
Uma criança que apresenta recusa escolar mostra-se, habitualmente, ansiosa e receosa perante a possibilidade de ter de ir para escola.
Esta ansiedade e receio são patológicos, ou seja, interferem no bem-estar da criança.
Quando a criança não quer ir para escola de forma sistemática apresenta, frequentemente, dificuldades em dormir, sintomas físicos de várias ordens, sem explicação clínica (vómitos; dores de barriga; perda de apetite), bem como pesadelos.
Estes sintomas estão geralmente presentes durante os dias da semana, quando a hora de ir para a escola se aproxima.
Os sintomas podem ser variados e não se resumem a queixas físicas. O surgimento de más notas, quando tal não acontecia até então, pode ser um sintoma indicativo do mal-estar que a criança está a sentir.
Quando a recusa em ir para a escola se prolonga no tempo torna-se absentismo e regressar à escola parece cada vez mais difícil. A criança vai-se distanciando dos colegas e os resultados escolares pioram.
É comum que este problema surja com a entrada para o primeiro ciclo, nas transições de ciclo e nas situações de mudança de escola. Contudo outros motivos podem também estar por trás da recusa escolar.
Mas porque é que a minha criança não quer ir para a escola?
Os motivos pelos quais a sua criança não quer ir para a escola podem ser vários e podem estar relacionados com diferentes contextos.
O problema nem sempre se centra na escola. Muitas vezes está relacionado com a dificuldade da criança se separar dos pais e da segurança que o ambiente familiar lhe transmite.
Todavia, há determinadas situações e alterações na vida da criança mais propícias a causar recusa escolar:
- Início da escolaridade;
- Após períodos de férias;
- Mudanças de ciclo;
- Alterações familiares;
- Bullying;
- Insegurança;
- Falta de confiança em si mesma;
- Problemas ou modificações familiares (doença ou morte na família; conflitos familiares; nascimento de um irmão);
- Mudança de casa ou de escola
- Dificuldades de aprendizagem, que fazem a criança sentir-se menos capaz;
- Desmotivação.
Será que posso ajudar?
Sim! Claro que sim! Se a sua criança não quer ir para a escola e apresenta algumas das dificuldades mencionadas acima não hesite nem permita que a situação se prolongue.
Quanto mais tempo a criança se mantiver afastada da escola, mais difícil será voltar e mais sofrimento irá sentir. Comece por implementar as seguintes estratégias:
- Converse com a sua criança acerca do que a assusta e preocupa;
- Faça notar que está presente e pronto para ajudar;
- Esteja muito atento ao comportamento da sua criança;
- Tente identificar quais os fatores que contribuem para a recusa escolar;
- Envolva a sua criança na resolução do problema: planeiem estratégias em família;
- Incentive e encoraje a pôr as estratégias em prática;
- Dialoguem sobre os aspetos positivos da escola;
- Explique que as mudanças são naturais ao longo da vida e que não precisa ter medo;
- Se for capaz de prever uma mudança na vida da sua criança de antemão, tente prepará-la o melhor possível, como por exemplo, em caso de divórcio;
- Procure sempre o apoio dos professores e outros profissionais habilitados de que a escola disponha;
- Ajude a reforçar o relacionamento da sua criança com os colegas da escola, por exemplo, envolvendo-os em atividades conjuntas quer na escola, quer fora dela;
- Envolva a sua criança em atividades extracurriculares;
- Lembre-se que ultrapassar este grande desafio não acontece de um dia para o outro. Não desanime se a estratégia que está a utilizar não surte efeito imediato;
- Se nenhuma das estratégias que implementa funciona, peça ajuda! Recorra ao seu médico de família que ajudará a encaminhar para o profissional mais adequado.