Quais serão os efeitos para a saúde de preparar refeições no micro-ondas? A polémica em torno desta questão já se arrasta há algum tempo. Em 1989 já um documento escrito do jornal médico “The Lancet” alertava para o problema. Na Rússia, estes eletrodomésticos chegaram mesmo a ser proibidos entre 1976 e os primeiros anos da década de 1990.
Desde essa altura, os estudos contra e as opiniões a favor sucederam-se, gerando a confusão na opinião pública. Diz-se que cozinhar no micro-ondas irradia ondas perigosas aos seres humanos, que degrada a comida e que lhe retira os seus componentes principais. Mas serão estas afirmações verdadeiras?
Refeições no micro-ondas: as radiações fazem mal à saúde?
Os micro-ondas trabalham com ondas eletromagnéticas que agitam as moléculas dos alimentos e quebram as ligações entre as moléculas de água, para os aquecer. Se cumprirem as normas de segurança e forem utilizados de forma correta, não representam perigo para a comida nem para os utilizadores.
A “Food and Drug Administration (FDA)” define padrões de desempenho dos produtos eletrónicos para garantir que as emissões de radiação não representam perigo para a saúde pública. As portas do micro-ondas têm uma rede que bloqueia a radiação eletromagnética e o nível de radiação que a ultrapassa é muito baixo.
A exposição a altas doses de radiação do micro-ondas pode provocar queimaduras ou cataratas nos olhos, mas a pequena quantidade de radiação que pode escapar deste eletrodoméstico não causa problemas. No entanto, se a porta do aparelho não fechar firmemente ou estiver danificada, não deverá usá-lo.
O aparelho altera a composição dos alimentos?
Ao preparar refeições no micro-ondas os alimentos acabam por perder alguns nutrientes, no entanto, isso acontece com qualquer forma de cozinhar.
Qualquer método de confeção pode alterar quimicamente a comida e o seu conteúdo, sobretudo em nutrientes que são mais sensíveis ao calor, levando-os a perder a sua capacidade antioxidante.
Na verdade, há mesmo quem defenda – e existem estudos a comprovar esta ideia – que cozinhar no micro-ondas pode aumentar o valor nutricional dos alimentos por ser uma cozedura rápida e com pouca água, o que conduz a poucas perdas de nutrientes.
Por exemplo, quando se cozinham vegetais, os seus nutrientes podem perder-se na água de cozedura. Mas se usar o micro-ondas para cozinhar, vai necessitar de uma quantidade menor de água, o que vai ajudar a preservar as suas vitaminas e minerais.
Outro argumento geralmente utilizado quando se trata de preparar refeições no micro-ondas prende-se com a questão do sabor. Costuma-se dizer que a comida tem menos sabor em comparação àquela que é cozinhada de forma convencional, mas a explicação é simples.
Na verdade, a comida não é menos saborosa, apenas tem um sabor diferente porque o alimentos são cozidos de dentro para fora, contrariamente ao que acontece com a cozedura normal.
Aquecer e descongelar comida no micro-ondas é prejudicial à saúde?
A grande questão que se coloca no que toca à confeção e ao aquecimento de alimentos no micro-ondas é que o aquecimento não é homogéneo. O calor do aparelho não chega a todas as partes dos alimentos, deixando algumas zonas frias e outras quentes.
E ao não aquecer convenientemente a comida, algumas bactérias não são eliminadas e podem provocar mal-estar intestinal.
Assim, para que o calor se propague por uniformemente por todos os alimentos, mantenha a função “prato giratório” ativada e mexa a comida durante o aquecimento. Se possível, aqueça alimentos de tamanhos idênticos.
Já a descongelação no micro-ondas só é segura se descongelar, cozinhar e consumir de imediato os alimentos. Se a comida permanecer muito tempo descongelada, pode ocorrer o crescimento de bactérias que vão alterar a estrutura dos alimentos e podem ser prejudiciais para a saúde.
O micro-ondas pode causar cancro?
Aquecer a comida no micro-ondas não tem efeitos cancerígenos. Sabe-se que as micro-ondas utilizadas para fazer trabalhar o aparelho não tornam o alimento radioativo, nem apresentam risco de exposição à radiação desde que usadas de acordo com as instruções.
Segundo a “American Cancer Society”, as micro-ondas estão na sua maioria contidas no próprio eletrodoméstico quando ele está ligado e qualquer radiação que possa passar para o exterior terá níveis muito inferiores aos necessários para potenciar o aparecimento de cancro.
Como tal, pode aquecer os alimentos, mas tenha em atenção que o melhor é usar recipientes em vidro ou em plástico próprio para micro-ondas, pois algumas caixas de plásticos podem deformar-se e libertar substâncias tóxicas para os alimentos.
De qualquer forma, os materiais plásticos utilizados no fabrico de embalagens destinadas ao contacto com alimentos têm de cumprir uma série de requisitos de segurança expressos na legislação europeia e nacional, além de serem submetidos a diversos testes antes de serem comercializadas.
Cuidado com os líquidos
Ferver água no micro-ondas é perigoso. Se o fizer e lhe juntar, por exemplo, café ou chá, pode queimar-se. Com a introdução de um objeto, como uma colher para adicionar café solúvel, ou ao mover-se o recipiente, as bolhas podem surgir e projetar água quente para fora, podendo atingir a pele e causar queimaduras.
Para além disso, se deixar ferver líquidos no interior do micro-ondas durante algum tempo, estes podem derramar e danificar o aparelho. Se tiver de aquecer líquidos, não o faça por uma quantidade excessiva de tempo e assegure-se de que eles não estão totalmente tapados.