De acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física realizado em Portugal em 2016, o consumo de álcool em idosos é alarmante.
Cerca de 105 mil idosos que vivem no nosso país consomem mais de um litro de álcool por dia, sendo que o vinho é a bebida preferida e de longe a mais consumida.
Comparando a ingestão de álcool entre idosos e adultos, consegue-se chegar à conclusão que os idosos ingerem mais quantidade do que os adultos.
Mas quais serão as implicações desta ingestão na vida do idoso? Fique connosco e descubra mais no nosso artigo.
Porque é que nesta idade existe maior consumo de álcool?
A interrupção súbita no estilo de vida é o principal fator contributo para o aumento da ingestão de álcool.
A reforma e a perda de entes queridos são importantes exemplos de factores que levam à solidão, isolamento social e consequentemente o refúgio em bebidas alcoólicas.
Muitos idosos também justificam o consumo regular de determinadas bebidas com o fundamento de que ele o mesmo atua como uma espécie de anestésico com propriedades medicinais que ajudam a remediar doenças e dores.
Existem 3 tipos de idosos que ingerem álcool frequentemente:
- Indivíduos que iniciaram este hábito precocemente (na vida adulta, por exemplo): São todos os indivíduos que já desenvolveram uma dependência com o álcool ao longo de toda a vida. Devido aos riscos para a saúde associados ao consumo de bebidas alcoólicas, a vida útil pode ser reduzida em média entre 10 e 15 anos;
- Indivíduos que iniciaram este hábito tardiamente: Estes indivíduos começam a beber mais tarde, muitas vezes em resposta a eventos traumáticos que experienciaram na vida, como a morte de um ente querido, solidão, dor, ou reforma;
- Indivíduos que ingerem em momentos ocasionais: O consumo de álcool é feito ocasionalmente, como por exemplo em eventos pontuais. A ingestão de bebidas alcoólicas é intermitente.
Consequências do consumo de álcool em idosos
A tolerância ao álcool é significativamente mais reduzida na pessoa idosa, e por isso é possível que a mesma quantidade de álcool tenha em efeito distinto relativamente a uma pessoa mais jovem. Isto deve-se a mudanças físicas, tais como:
- Diminuição da proporção de água corporal e gordura, ou seja, há menos água para o álcool ser diluído;
- Diminuição do fluxo sanguíneo hepático, levando ao enfraquecimento do fígado;
- Insuficiência da enzima hepática e diminuição da função do fígado;
- Resposta diferente do cérebro, visto que pessoas mais jovens respondem mais rapidamente que pessoas idosas.
1. Maior probabilidade de desenvolver doenças
O consumo de álcool por estes indivíduos acaba por se refletir também na sua saúde, uma vez que a probabilidade de vir a desenvolver doenças é superior.
No idoso, o consumo excessivo de álcool pode ter consequências particularmente graves, dada a maior susceptibilidade aos seus efeitos e associação com risco acrescido de disfunção cognitiva e demência.
2. Interação com medicamentos
A medicação prescrita tomada em conjunto com o álcool pode causar efeitos colaterais adversos, daí que as pessoas mais velhas geralmente são aconselhadas a não beber bebidas alcoólicas.
Num individuo que beba álcool de forma regular, a ingestão simultânea de álcool com medicamentos pode diminuir o impacto do medicamento ou aumentar a sensibilidade do corpo para a outra substância, dependendo da sua força.
Como fazer a prevenção do consumo excessivo de álcool em idosos?
Atualmente existe falta de informação sobre os efeitos nocivos do álcool para a saúde dos mais velhos, e sobre maneiras de prevenir este consumo.
Ainda que o tratamento e aconselhamento deva ser feito tendo em consideração cada pessoa, podem ser tomadas decisões e iniciativas que afetam um grupo maior.
Ambientes onde, por norma, não existe a oferta de álcool (como os lares, centros de dia, instituições particulares, clubes, entre outros) são ideias para o desenvolvimento de atividades de prevenção. Desta forma, além da prevenção do problema está a dar-se ênfase à interação social entre os idosos.
Os mecanismos de suporte familiar e social devem ser redefinidos conforme as necessidades que cada pessoa apresenta.