Psicóloga Ana Graça
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16 Ago, 2023 - 00:00

Consequências da falta de sexo: existem mesmo?

Psicóloga Ana Graça

A sexualidade é uma parte integrante da vida – e nem sempre corre bem. Saiba como lidar com as consequências da falta de sexo.

As dificuldades sexuais podem afetar-nos significativamente, bem como podem alterar a qualidade das relações de intimidade. A investigação tem vindo a demonstrar que o bem-estar sexual está fortemente associado ao bem-estar geral e à satisfação com a vida. Desta forma, importa compreender quais as consequências da falta de sexo e investir na promoção da saúde e do bem-estar sexual.

Consequências da falta de sexo

A relação entre sexualidade/saúde sexual e a saúde e o bem-estar geral tem sido sobejamente estudada. Os estudos são unânimes quando indicam que a grande maioria das pessoas que manifestam maior satisfação com a sua vida sexual e relatam menos problemas e dificuldades sexuais, tendem a apresentar melhores níveis de saúde física (menos doenças crónicas como diabetes e doenças cardiovasculares) e de saúde mental (menos depressão e ansiedade).

Desta forma, a saúde sexual assume-se como uma componente importante da nossa saúde global, pelo que importa promover a saúde e bem-estar sexuais de forma a potenciar a saúde física e mental.

O sexo pode oferecer sentimentos de intimidade e proximidade, impulsionar o sistema imunológico e até ajudar a queimar calorias. Permite o contacto pele com pele e ajuda a regular o humor. É, portanto, algo de poderoso e que tem uma grande influência na nossa qualidade de vida.

As consequências da falta de sexo não estão devidamente comprovadas e podem variar de acordo com a saúde, a idade e o histórico de atividade sexual de cada pessoa. O que alguns estudos mostram é que, quem cessa a atividade sexual, após um período de atividade sexual regular, tanto pode sentir uma diminuição da libido como uma perda do desejo sexual.

São várias as pessoas que, em alguma fase das suas vidas, sentem dificuldades ao nível das relações sexuais, que podem incluir, por exemplo, falta de interesse pelas atividades sexuais, dificuldade em ficar excitado ou em atingir um orgasmo.

Quando estas dificuldades são ocasionais, não são de grande preocupação. No entanto, quando persistem no tempo podem causar grande frustração e mal-estar à pessoa que delas sofre ou ao casal que por elas é afetado.

Muitas vezes, a realidade quotidiana interfere na vida sexual dos casais. O trabalho, as responsabilidades com os filhos, as tarefas domésticas e outras responsabilidades familiares podem facilmente dominar a atenção dos casais, colocando a intimidade sexual em segundo plano. Quando tal acontece, podem ser criados padrões relacionais que dão origem a algumas consequências da falta de sexo, tais como insatisfação sexual, ressentimentos, frustração e maiores vulnerabilidades na relação.

Como melhorar a vida sexual?

6 dicas

Mesmo numa relação de intimidade de longo prazo, é possível manter a excitação sexual viva. São várias as formas de cultivar a intimidade e o envolvimento sexual, nomeadamente:

1.

Atender ao ambiente em que ocorre a atividade sexual

O ambiente pode ser bastante importante. Quando um ambiente é agradável, provoca sentimentos de bem-estar, conforto e relaxamento que facilitam a excitação. Para além disso, há que ter em conta outros fatores que podem afetar a excitação sexual (período do dia; estado de humor e disposição).

2.

Cultivar pensamentos positivos

Atitudes e expectativas negativas podem afetar seriamente o funcionamento sexual, distrair das pistas eróticas e impedir o estado de excitação.

3.

Adotar uma postura exploratória

Importa conhecer aquilo que dá prazer ao parceiro e à própria pessoa. É importante conhecer o próprio corpo e não estar demasiado focado na qualidade do desempenho sexual.

4.

Procurar informação fidedigna

Tendemos a julgar saber já tudo acerca do funcionamento sexual mas, de forma frequente, carregamos mitos, crenças e expectativas irrealistas, que podem contribuir para aparecimento e manutenção das dificuldades sexuais.

5.

Inovar

É importante que os casais inovem ao nível da intimidade física e se esforcem por descobrir novas formas de satisfação sexual, já que, algumas vezes, a atividade sexual demasiado rotineira está associada à diminuição da excitação.

6.

Comunicar

O funcionamento sexual não é um processo automático e intuitivo, pelo que é importante que os casais conversem sobre o mesmo. A vergonha e o desconforto devem ser afastados e os casais devem permitir-se falar abertamente sobre a sua intimidade sexual. Uma melhor comunicação ajuda a eliminar mal-entendidos e a aliviar ressentimentos.

Como conclusão…

A Organização Mundial de Saúde define sexualidade como um aspeto central da vida do ser humano e afasta a ideia que reduz a sexualidade apenas à atividade sexual propriamente dita. Já a saúde sexual é encarada como um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado com a sexualidade. Assim sendo, a expressão da sexualidade assume-se como elemento central do bem-estar e da qualidade de vida.

De forma a evitar as potenciais consequências da falta de sexo é importante que os casais reaprendam a tirar prazer sempre que surgem dificuldades ao nível da atividade sexual. Níveis elevados de frustração e excesso de foco no desempenho devem ser evitados e deve ser valorizado o objetivo principal da atividade sexual – a obtenção de prazer.

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