A colite ulcerosa ou ulcerativa é uma doença inflamatória crónica do intestino, com reincidências e remissões (períodos sem sintomas) que se repetem, afetando em Portugal, cerca de 150000 pessoas.
Esta patologia surge devido à camada interna do intestino grosso ou cólon ficar inflamada e ulcerada (com erosão ou pequenas lesões na superfície que podem sangrar, bem como produzir uma quantidade excessiva de secreção que pode conter pus e sangue).
A doença pode ficar confinada ao reto ou passar para todo o cólon ao longo do tempo, pelo que a extensão afetada é variável, podendo ir de poucos centímetros até a um tamanho considerável.
Esta patologia pode surgir em qualquer idade, no entanto é mais frequente entre os 15 e os 40 anos e entre os 50 e os 80 anos, quer no sexo feminino como no masculino.
Sabe-se também que é mais comum quando existe um familiar em primeiro-grau afectado por uma doença inflamatória intestinal.
Causas possíveis para o aparecimento da colite ulcerosa
Não existe uma causa definida, no entanto, existem teorias de possíveis causas para o desenvolvimento de uma colite, como por exemplo:
- Vírus ou uma bactéria;
- Factores hereditários, verificando-se um aumento do risco de desenvolvimento da colite ulcerosa em familiares de indivíduos com a doença;
- Familiares de indivíduos com a doença;
- Hábitos alimentares;
- Stress;
- Fatores emocionais.
O aumento do número de casos tem ocorrido nos países mais industrializados devido aos hábitos alimentares, factores ambientais e a estilos de vida mais sedentários.
Sintomas da colite ulcerosa
Esta doença tem um curso variável, existindo períodos em que está ativa e outros em que não se associa a qualquer sintoma, no entanto a sintomatologia tende a ser recorrente:
- Dejeções líquidas sanguinolentas e com muco;
- Urgência rectal;
- Dor abdominal tipo cólica;
- Sensação dolorosa causada por contratura do esfíncter anal;
- Cansaço;
- Perda de peso;
- Febre;
- Por vezes pode surgir: ulcerações orais, alterações nas articulações periféricas e manifestações cutâneas;
- Casos mais graves pode surgir colite fulminante ou tóxica, acompanhada de hemorragia intensa, rutura do colón ou infeção disseminada. Ocasionalmente peritonite (inflamação do revestimento da cavidade abdominal);
Um episódio pode durar dias ou semanas e reaparecer a qualquer momento.
Diagnóstico da colite ulcerosa
O diagnóstico desta patologia envolve a história da doença, exame clínico, análises ao sangue e às fezes, bem como pode ser necessário recorrer a uma sigmoidoscopia (exame ao cólon sigmóide) ou colonoscopia (exame do intestino grosso utilizando um tubo flexível para visualização).
Estes dois últimos procedimentos permitem que um médico observe diretamente a gravidade da inflamação, colecte amostras de muco ou fezes para cultura, e remova amostras de tecido das áreas afetadas para exame ao microscópio (biópsia).
Tratamento da colite ulcerosa
Não existe ainda uma cura para esta patologia, no entanto existem tratamentos que ajudam a melhorar as queixas e a manter-se sem sintomas durante longos períodos de tempo, ajudando a controlar a inflamação, reduzir os sintomas e repor qualquer perda de líquidos e nutrientes.
O tratamento, prescrito por um médico especialista, depende da gravidade e da extensão da doença, da resposta a tratamentos já efetuados, do número e da gravidade de crises anteriores e do tempo de remissão (período sem manifestações da doença), mas envolve geralmente os seguintes passos:
- A maioria dos doentes melhora com a toma de aminosalicilatos, que ajudam a controlar a inflamação, bem como com os corticóides e os imunomoduladores;
- Pode ser necessário recorrer a analgésicos para alivio das dores, ou antibióticos para tratar possíveis infecções;
- Frequentemente recorre-se a toma de suplementos de ferro para compensar a anemia decorrente das perdas contínuas de sangue nas fezes;
- Quando a crise está ativa, poderá ser benéfico consumir uma dieta pobre em fibras insoluvéis e sem lacticínios;
- Nos casos mais graves pode ser necessário recorrer a hospitalização e a uma intervenção cirúrgica. A remoção completa do intestino grosso, recto e ânus (proctocolectomia total) cura permanentemente a colite ulcerosa, restabelece a expectativa de vida ao normal e elimina o risco de cancro do cólon.
Possíveis complicações da colite ulcerosa
Se não for diagnosticada a tempo e aplicado o tratamento adequado, existem algumas complicações que podem surgir do avançar da doença, nomeadamente:
- Hemorragias graves, podendo levar a anemia;
- Perfuração intestinal;
- Dilatação repentina do cólon;
- Osteoporose;
- Litíase (pedras) renal;
- Doenças da pele e articulações;
- Aumento do risco de cancro do cólon.