A colite nervosa é também conhecida como síndrome do intestino irritável, colite espástica, colón irritável ou doença funcional do intestino.
É uma doença relativamente frequente, podendo afetar aproximadamente 30% de indivíduos em algum momento das suas vidas. Estima-se que, nos países desenvolvidos, cerca de 10 a 20% da população padeça desta patologia. O sexo feminino é duas vezes mais afectado do que o masculino e pode ocorrer antes dos 45 anos de idade.
O que é a colite nervosa?
A colite nervosa consiste numa perturbação motora do tubo digestivo que provoca uma sintomatologia variada, de origem crónica ou recorrente, sem origem orgânica identificável.
Nos indivíduos afetados por esta doença, o tecido muscular intestinal é mais sensível e reactivo a estímulos habituais, como o stress ou a alimentação. Por este motivo, também se designa como síndrome do intestino irritável.
Esta perturbação muscular pode originar atraso ou aceleração do trânsito intestinal e, como consequência, provoca alteração na consistência das fezes e na frequência das dejecções.
Este problema não se trata de uma alteração orgânica, mas sim funcional. Por outras palavras, isto significa que os sintomas se manifestam ainda na ausência de uma lesão do cólon. A síndrome do intestino irritável não é uma doença, mas sim um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam em conjunto.
Existem quatro tipos desta disfunção, de acordo com a consistência das fezes:
- Cólon irritável com obstipação
- Cólon irritável com diarreia
- Formas mistas
- Formas não classificáveis
Quais são as causas da colite nervosa?
As causas desta síndrome não são bem conhecidas. Pensa-se que, na sua origem, está uma combinação de problemas físicos e mentais.
Algumas das possíveis causas são:
- Alterações da comunicação entre o cérebro e intestino, perturbando os hábitos intestinais e provocando dor e desconforto
- Perturbações da mobilidade gastrointestinal, provocando diarreia, obstipação e espasmos intestinais
- Hipersensibilidade intestinal, com reactividade exagerada à distensão abdominal provocada por gases ou fezes
- Problemas mentais como depressão, ansiedade, ataques de pânico, stress pós-traumático ou antecedentes de abuso sexual
- Gastroenterite de origem bacteriana
- Excessiva proliferação bacteriana no intestino delgado produzindo gases, diarreia e perda de peso
- Alterações nos níveis de neurotransmissores
- Factores genéticos
- Hipersensibilidade a determinados alimentos, como os ricos em hidratos de carbono, alimentos picantes, álcool e café
Como se manifesta a colite nervosa?
Os sintomas mais comuns da colite nervosa são:
- Dor
- Desconforto abdominal
- Diarreia, obstipação ou ambas
A dor ou o desconforto abdominal devem estar associados a dois dos seguintes sintomas:
- Começar com movimentos do intestino que ocorrem com mais ou menos frequência do que o habitual
- Começar com a presença de fezes mais duras ou, pelo contrário, mais aquosas e menos consistentes
- Melhorar com a evacuação
A colite nervosa também pode provocar:
- Diarreia três ou mais vezes por dia, acompanhada de sensação de urgência de evacuação
- Obstipação com três ou menos evacuações por semana, acompanhada de fezes duras
- Sensação de evacuação incompleta
- Presença de fezes com muco e flatulência
Normalmente, os sintomas manifestam-se após a refeição e devem surgir pelo menos três vezes por mês.
A ingestão de alimentos desencadeia frequentemente a dor abdominal, a qual alivia após a evacuação ou emissão de gases. A dor está, geralmente, localizada na região inferior do abdómen.
A dor abdominal é frequentemente desencadeada pela ingestão de alimentos e alivia após a defecação ou emissão de gases. A dor localiza-se, geralmente, na parte inferior do abdómen.
Na maior parte dos casos, estes sintomas não surgem isolados e podem manter-se durante longos períodos de tempo. Podem estar associados a outros sintomas do aparelho digestivo como digestão difícil ou sintomatologia derivada de outros órgãos (genital, urinário, músculo-esquelético).
O stress e a ansiedade agravam a sintomatologia. Normalmente, os indivíduos afetados não apresentam sangue nas febres, perda de peso ou febre.
Como se trata a colite nervosa?
A colite nervosa trata-se de uma doença crónica e não existe tratamento específico para o problema. A maior parte dos indivíduos afetados aprende a viver com esta condição, alterando os hábitos alimentares e aprendendo a lidar com as situações de ansiedade e stress que podem provocar crises de contrações musculares do intestino.
Existem algumas medidas que podem ajudar a aliviar os sintomas:
- Fazer refeições mais pequenas e mais frequentes
- Os alimentos pobres em gordura e ricos em hidratos de carbono, como massas, arroz, cereais, frutas e vegetais devem ser privilegiados
- Os alimentos ricos em gordura, derivados do leite, álcool, café, adoçantes artificiais e alimentos que aumentam a formação de gás, como as couves e os feijões devem ser evitados
- A fibra deve ser introduzida acompanhada, uma vez que pode reduzir a obstipação mas aumentar a formação de gás
- Dentro dos medicamentos, as alternativas dependerão da sintomatologia podendo ser suplementos de fibra, laxantes, anti-diarreicos, anti-espasmódicos ou anti-depressivos
- Em alguns casos, os antibióticos podem ser úteis, principalmente se há crescimento excessivo da flora bacteriana no intestino delgado
- A administração em grandes quantidades de probióticos tende a melhorar os sintomas da colite nervosa
- A abordagem dos problemas mentais como o stress e a ansiedade é fundamental para o controlo desta condição