A cólera continua a ser uma ameaça global para a saúde pública e um indicador de desigualdade e falta de desenvolvimento social.
Pesquisas estimam que, todos os anos existam aproximadamente 1,3 a 4,0 milhões de casos e 21 000 a 143 000 mortes em todo o mundo por causa da cólera.
COMO SE TRANSMITE A CÓLERA? COMO SE TRANSFORMA NUMA EPIDEMIA?
A transmissão da doença está intimamente ligada ao acesso inadequado às instalações de água potável e saneamento.
As áreas típicas em risco incluem zonas periurbanas, onde a infraestrutura básica não está disponível, bem como acampamentos para pessoas deslocadas internamente ou refugiados, onde os requisitos mínimos de água limpa e saneamento não foram atendidos.
As consequências de uma crise humanitária – como a rutura de sistemas de água e saneamento, ou o deslocamento de populações para campos inadequados e superlotados – podem aumentar o risco de transmissão de cólera, caso as bactérias estejam presentes.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA CÓLERA?
Esta é uma doença extremamente virulenta que pode causar diarreia aquosa aguda.
Demora entre 12 horas e 5 dias para que uma pessoa desenvolva sintomas após ingerir alimentos ou água contaminados. A cólera afeta crianças e adultos e pode matar em horas se não for tratada.
A maioria das pessoas infetadas com V. cholerae não desenvolve nenhum sintoma, embora as bactérias estejam presentes nas fezes durante 1 a 10 dias após a infeção. Este fator faz com que as bactérias sejam espalhadas para o ambiente, infetando potencialmente outras pessoas.
Entre as pessoas que desenvolvem sintomas, a maioria apresenta sintomas leves ou moderados, enquanto uma minoria desenvolve diarreia aquosa aguda com desidratação grave. Esta infeção pode levar à morte se não for tratada.
COMO CONTROLAR A EPIDEMIA?
Uma abordagem multifacetada é a chave para prevenir e controlar a cólera e para reduzir o número de mortes.
É utilizada uma combinação de vigilância, água, saneamento e higiene, mobilização social, tratamento e vacinas contra a cólera.
Os casos de cólera são detetados com base numa suspeita clínica em pacientes que apresentam diarreia aquosa aguda grave. A suspeita é então confirmada pela identificação de V. cholerae em amostras de fezes de pacientes afetados.
Os países vizinhos àqueles afetados pela doença são encorajados a fortalecer a vigilância e a preparação nacional para detetar e responder rapidamente aos surtos, caso a cólera se espalhe além-fronteiras.
A solução a longo prazo para o controlo da epidemia (que beneficia todas as doenças transmitidas pela via fecal-oral) reside no desenvolvimento económico e no acesso universal a água potável e saneamento adequado.
QUAL O TRATAMENTO DA CÓLERA?
A cólera é uma doença facilmente tratável. A maioria das pessoas pode ser tratada com sucesso através da imediata administração de soluções de reidratação oral.
Os pacientes severamente desidratados estão em risco de choque e requerem a rápida administração de fluidos intravenosos. Um adulto de 70 kg irá exigir pelo menos 7L de líquido intravenoso, além da solução de reidratação oral durante o tratamento.
A estes pacientes também são administrados antibióticos apropriados para diminuir a duração da diarreia, reduzindo a quantidade e a duração da excreção de V. cholerae nas fezes.
O acesso rápido ao tratamento é essencial durante um surto de cólera. A reidratação oral deve estar disponível e acessível nas primeiras 24h após a suspeita de cólera. Com um tratamento precoce e adequado, a taxa de mortalidade permanece, geralmente, abaixo de 1%.
A vacinação contra a cólera não é uma exigência oficial internacional, no entanto é exigida em determinados países. Informe-se convenientemente na consulta do viajante.
Atualmente é utilizada a vacina Dukoral® que confere imunidade 1 semana após a administração da 2ª dose. Fornece uma eficácia protetora de 85% durante 6 meses a 2 anos.
O esquema de vacinação no adulto é aos 0 e 7 dias, com uma dose única de reforço após 2 anos.