A cistite consiste na inflamação da bexiga, mas não significa automaticamente uma infeção urinária, pois normalmente existe um equilíbrio favorável às defesas naturais do organismo.
No entanto, pode ser provocada por bactérias que geralmente colonizam a vulva, sendo que em circunstâncias normais, estas bactérias são eliminadas pelo fluxo e pelas propriedades antibacterianas da urina. Se essas bactérias não forem eliminadas, iniciar-se-á uma colonização ou uma infeção, dependendo de vários fatores, como por exemplo: o equilíbrio entre a virulência da bactéria, os mecanismos defensivos locais e a presença ou não de alterações anatómicas ou funcionais do trato urinário.
Estima-se que em Portugal, 50 a 60% das mulheres em fase de pré-menopausa terá, pelo menos, um episódio de infeção urinária na sua vida e, dessas, 90% corresponderão a cistites.
Causas comuns da cistite
A cistite pode surgir de algumas formas, sendo que as mais comuns são:
- Origem infeciosa, por bactéria ou fungo. Mais frequentes em mulheres sexualmente ativas ou após a menopausa, exceto nos homens idosos que apresentam hiperplasia da próstata. A causa bacteriana ocorre geralmente quando as bactérias que habitam a região perineal conseguem penetrar pela uretra e multiplicar-se na bexiga, sendo a maioria dos casos produzida por microrganismos aeróbios Gram-negativos provenientes do cólon, dada a proximidade entre a região anal e a zona urogenital ( mais especificamente pela Escherichia coli (E. coli);
- Higiene intima deficitária ajuda a promover a migração desses germes para os órgãos genitais e, de lá, para a uretra e a bexiga;
- Radioterapia (cistite actína);
- Perda da camada protetora da parede da bexiga (cistite intersticial);
- Internamentos hospitalares: pelo facto de a pessoa estar acamada, emagrecida ou apresentar doenças crónicas, ou quando lhe manipulam o trato urinário para fins diagnósticos ou terapêuticos, por exemplo através do recurso a uma algália ou cateter vesical;
- Cistite fúngica, muito comum nos diabéticos e pessoas imunodeprimidas.
Fatores de risco relacionados com a cistite
Entre os fatores de risco mais comummente associados a esta patologia, temos:
- Sexo feminino, devido às mulheres apresentarem uma maior proximidade da uretra ao ânus e uma uretra de muito menor dimensão, favorecendo as infeções;
- Relações sexuais: devido ao trauma que o coito sofre, ficando edemaciado (inchado) e inflamado, pelo que o uso de preservativos lubricantes pode ajudar a diminuir o atrito e evitar a troca de germes que desequilibram a flora vaginal;
- Uso de espermicidas;
- Atraso na micção pós-coito;
- História de infeção urinária recente;
- Baixa ingestão de líquidos;
- Reter muito tempo a urina;
- Gravidez, devido à diminuição do sistema imunológico natural a esta condição;
- Pessoas que apresentam cálculos renais/lítiase urinária frequentemente ou os homens com a próstata aumentada;
- Fatores genéticos.
Sintomatologia da cistite
Os sintomas desta infeção podem incluir:
- Urgência urinária, ou seja, um desejo forte e persistente de urinar;
- Disúria (dor ao urinar) e ardor ao urinar;
- Polaquiúria: urinar em pequenas quantidades e frequentemente;
- Hematúria ou sangue na urina;
- Urina turva ou com cheiro intenso;
- Desconforto na região pélvica;
- Sensação de pressão na região abdominal inferior;
- Febre (temperatura corporal > a 38ºC);
- Nas crianças pode-se manifestar através de períodos de enurese (micções involuntárias) diurna.
A existência de febre, acompanhada de dores nas costas, náuseas e vómitos pressupõe uma infeção renal, denominada por pielonefrite.
Meios de diagnóstico da cistite
O diagnóstico desta patologia é feito, por norma, através da observação clínica, história clínica e pela realização de exames à urina, sendo que o mais frequente é a tira de teste urinária ou combur, mas caso o resultado seja negativo, é frequente os médicos recorrerem ao estudo laboratorial da urina (urocultura).
Por vezes poderá ser necessário recorrer a cistoscopia (exame endoscóspico das vias urinárias baixas) ou estudos por imagem (por exemplo ecografia).
Tratamento e formas de prevenção da cistite
O tratamento desta infeção geralmente é feito através do recurso a antibioterapia, com diferentes doses, posologias e durações de tratamento, bem como analgésicos para alívio da dor. Atenção, não interrompa a medicação antes do tempo determinado pelo especialista, mesmo que deixe de apresentar sintomas.
Existem no entanto algumas alterações no seu dia-a-dia que podem ajudar a prevenir esta patologia, nomeadamente:
- Ingestão adequada de líquidos (idealmente 1,5 a 2 litros por dia);
- Urinar após as relações sexuais, impedindo que as bactérias se movam em direção à uretra;
- Urinar em intervalos frequentes e regulares;
- Bons hábitos de higiene íntima, limpando-se sempre da frente para trás, no sentido da vagina para o ânus;
- Evitar banhos de imersão;
- No caso dos homens, é importante fazer uma higiene adequada do pénis puxando a pele do prepúcio e expondo a cabeça (glande) no banho e, após a higiene deve cobrir a glande com o prepúcio (quando não for circuncisado).