Os cães estão por todo lado, o que faz com que a cinofobia (medo de cães) possa tornar difícil e angustiante a vida de quem sofre desta fobia específica. Mas há boas notícias, é possível voltar a sentir calma e confiança na presença de cães e o tratamento, além de eficaz, não é necessariamente moroso ou excessivamente dispendioso.
Medos e Fobias
O medo é uma emoção básica, fundamental, presente em todas as idades, culturas, raças ou espécies. Sentimos medo quando estamos perante um estímulo externo que provoca um comportamento de fuga ou evitamento. No entanto, por vezes, pode atingir proporções irracionais, desmedidas e tornar-se patológico.
Fobias são medos irracionais, com que frequentemente os profissionais de saúde mental se deparam na sua prática clínica. São perturbações psicológicas que provocam sintomas intensos, causados pelo medo sentido face a determinada experiência ou exposição.
As fobias são distúrbios psicológicos relativamente comuns. Estamos perante uma fobia específica quando estão presentes:
- medo ou ansiedade marcados em relação a um objeto ou situação específicos (por exemplo, animais);
- o objeto ou situação fóbicos quase sempre provocam medo ou ansiedade imediatos;
- o objeto ou situação fóbicos são ativamente evitados ou enfrentados com medo e ansiedade intensos;
- o medo e a ansiedade são desproporcionais face ao perigo real que o objeto/situação representam;
- o medo, a ansiedade e/ou o evitamento causam mal-estar clinicamente significativos e/ou um défice social, escolar, ocupacional ou noutras áreas importantes do funcionamento.
Os estímulos fóbicos podem ser os mais variados, desde ambientes naturais (alturas; água), sangue/injeções/ferimentos, situacionais (avião; elevadores), animais (cinofobia).
O que é a cinofobia?
A cinofobia (fobia de cães) é, como vimos anteriormente, uma fobia específica, ou seja, trata-se de um medo desproporcional e desmedido, que causa grande sofrimento e prejuízo no funcionamento diário.
Juntamento com o medo de cobras e aranhas, a cinofobia (medo de cães) é uma das fobias específicas relacionadas com animais mais comuns. Todavia, ao contrário das aranhas e das cobras, que mais facilmente podem ser evitadas, os cães são comummente encontrados na grande maioria dos espaços públicos e em muitos domicílios.
O fácil encontro e contacto com cães faz com que aqueles que sofrem de cinofobia vivam em permanente angústia e sofrimento. Felizmente, existem várias opções de tratamento.
Como superar a cinofobia?
Quanto mais tarde for iniciado o tratamento e a procura de ajuda especializada, maior a tendência para a fobia agravar e para a vida se tornar cada vez mais condicionada. Felizmente, as fobias são tratáveis e é possível quem sofre de cinofobia passar a sentir-se calmo e confiante na presença de cães.
A intervenção de cariz comportamental é sobejamente utilizada nos casos de cinofobia e outras fobias específicas. A exposição ao estímulo temido, guiada por um profissional de saúde mental capacitado, é habitualmente realizada de forma muito gradual e tende a ser bastante eficaz.
A exposição não pretende ser uma experiência aterradora ou extremamente stressante. Pelo contrário, é realizada de acordo com a motivação e capacidade da pessoa que sofre de cinofobia.
Ao longo do processo de exposição à cinofobia, é desejável que sejam criadas experiências positivas e novas aprendizagens que ajudem a moderar ou suprimir o medo e a ansiedade, de forma que estes deixem de ser desencadeados pela simples presença de um cão.
Apesar da exposição ao estímulo fóbico ser bastante eficaz e suportada por evidências científicas, existem também outras opções de intervenção que, por vezes, são utilizadas no tratamento das fobias específicas de como é exemplo a cinofobia.
Todas estas diferentes formas de intervenção (por exemplo, hipnoterapia, terapia cognitiva, farmacoterapia) devem ser avaliadas e discutidas com um profissional de saúde mental devidamente habilitado.