A celulite periorbitária, também conhecia como celulite pré-septal, é uma inflamação na pálpebra que apresenta um aspeto caraterístico podendo desenvolver alguns episódios de dor e edema.
Esta patologia, típica na idade pediátrica, é bastante comum e pode apresentar uma gravidade estimável.
O que é a celulite periorbitária?
A celulite pré-septal, tal como já foi referido, é um processo infecioso que ocorre nos tecidos da pálpebra e na porção anterior do septo orbitário.
Uma das caraterísticas da doença é quando ocorre acumulação de líquido subperiostal, que se traduz na formação de abcessos subperiostais que podem atingir tamanhos bem generosos. Apesar disso, nem todos os abcessos estão inflamados, estando alguns deles estéreis, diminuindo assim a sua gravidade.
Geralmente tratam-se de lesões superficiais, e por isso com uma gravidade reduzida, no entanto quando ocorrem em crianças, torna-se mais preocupante, uma vez que pode ser consequência de uma sinusite oculta ou, em casos ainda mais graves, de uma pneumonia ou mesmo bacteriémia.
Em qualquer um destes casos, a celulite periorbitária pode evoluir para celulite orbitária, uma inflamação com grau de preocupação e gravidade superior.
Celulite periorbitária vs. Celulite orbitária
Estes dois problemas, apesar de parecerem o mesmo, são bem diferentes, compartilhando apenas alguns sinais e sintomas. A celulite periorbitária é muito mais frequente do que celulite orbitária, mas ambas são muito comuns em crianças.
De uma forma geral, a celulite orbitária é uma inflamação dos tecidos da órbita posteriores ao septo orbital, aparecendo de uma forma mais profunda… enquanto que a outra celulite é anterior ao septo, e tende e começar superficialmente a este.
A celulite orbitária carateriza-se como uma inflamação dos tecidos moles com disfunção ocular.
Normalmente é consequência de uma sinusite bacteriana, de uma extensão da infeção dos seios adjacentes, de uma infeção por trauma concomitante ou disseminação de infeção contagiosa da face ou dente. É um processo infecioso que afeta os músculos e gordura na órbita e considera-se um problema muito mais grave levando mesmo a internamento hospitalar imediato.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas dos dois tipos de celulite são diferentes.
Celulite periorbitária
No que toca à celulite periorbitária, os principais sintomas são:
- Dor na região do olho, especialmente aquando de apalpação;
- Edema palpebral;
- Hiperemia;
- Pigmentação ou rubor da pálpebra.
Celulite orbitária
Já a celulite orbitária, os sintomas são por norma os seguintes:
- Dor intensa na região do olho;
- Edema palpebral;
- Hiperemia;
- Quemose conjuntival;
- Febre;
- Exoftalmia;
- Mal-estar;
- Limitação da mobilidade ocular;
- Diminuição da acuidade visual ou mesmo perda total da visão.
Como se diagnostica este problema?
O desconforto e dor no olho são os principais sintomas que levam os pacientes ao oftalmologista. Este, para diagnosticar a doença, precisa de realizar alguns exames.
Estes exames podem ser mais complicados de fazer devido ao edema que se poderá desenvolver. No entanto existem alguns fatores que ajudam o médico na hora de realizar o diagnóstico. Veja.
- Presença de fatores de risco como: sinusite, idade jovem ou sexo masculino.
- Infeção dos seios nasais.
- Lesão da pálpebra.
- Lesão do olho.
- Infeção cutânea.
- Quemose.
- Sensibilidade ao redor do olho.
- Vermelhidão e inchaço no olho.
O diagnóstico final de celulite periorbitária requer que o paciente tome algumas medidas e medicação, no entanto a acuidade visual não é comprometida, o movimento ocular é preservado e o globo ocular, normalmente também está normal.
Quais as suas principais causas?
A causa mais comum para este tipo de problema é um foco infecioso externo, normalmente uma ferida. Este tipo de infeção normalmente estende-se desde os seios nasais ou dentes, até ao olho, por disseminação metastática.
Pode ser mais preocupante em crianças, uma vez que se desenvolve após uma sinusite desconhecida ou mesmo uma disseminação bacteriana ou pneumonia.
Os principais agentes causadores desta infeção são o Streptococcus pneumoniae (associado à infeção dos seios nasais) e Staphylococcus aureus e S.pyogenes (associados a feridas).
Após diagnóstico, qual tratamento é aconselhado?
O tratamento deste tipo de problema nunca é iniciado sem um diagnóstico médico, onde na maior parte das vezes é necessário recorrer a um exame oftalmológico, neuroimagem e ainda um estudo do historial familiar médico.
Após a decisão de início do tratamento, este inicia-se com antibióticos, sendo por vezes necessário efetuar uma drenagem cirúrgica.
No caso da celulite pré-septal, o antibiótico escolhido é direcionado aos patogéneos causadores da sinusite (como S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus, Moraxella catarrhalis não tipáveis), podendo ainda ser receitado antibiótico para a prevalência de S.aureus resistente a meticilina, nos casos apropriados (como Clindamicina, sulfametoxazol-trimetoprima, dociciclina ou vancomicina).
As complicações para o não tratamento deste tipo de problemas são graves e afetam a visão. Sendo que entre 3 a 11% dos casos ocorrem mesmo perdas totais da visão devido a isquemia ótica, desenvolvida por elevação da pressão ocular.
Noutros casos as consequências não são tão graves, apesar dos movimentos oculares poderem ser inibidos.
De qualquer forma, sempre que sentir alguns dos sintomas descritos neste artigo, deve procurar um médico especialista, podendo assim evitar este problema sério.