Júlia de Sousa
Júlia de Sousa
02 Nov, 2015 - 12:02

Carnes vermelhas e processadas: deve excluí-las da sua alimentação?

Júlia de Sousa

Más notícias para os amantes de carnes vermelhas e processadas. Segundo a OMS, este tipo de carne pode se prejudicial para a saúde. 
 

Carnes vermelhas e processadas: deve excluí-las da sua alimentação?

Desde há muito que se diz que as carnes brancas são as mais saudáveis e que devem ser preferidas em relação às carnes vermelhas. Mas a questão é bem mais profunda do que ser simplesmente mais ou menos saudável.

É que segundo os dados revelados no último relatório da Organização Mundial de Saúde – OMS, o consumo de carnes vermelhas (como a carne de vaca, de borrego ou de porco, por exemplo) e as carnes processadas (tais como bacon, salsichas, fiambre, enchidos ou enlatados, por exemplo) podem acarretar riscos graves para a sua saúde. 


O que diz a OMS?

A divulgação do relatório da Agência Internacional de Investigação do Cancro (International Agency for Research on Cancer – IARC), ligada à OMS e que se dedica à investigação do cancro, veio acender a discussão e causou uma preocupação geral por todo o mundo. 

É que segundo este relatório, o consumo de carnes processadas é “carcinogénico para humanos”, enquanto o consumo de carnes vermelhas foi classificado como “provavelmente carcinogénico”. 

Mais. O relatório agora divulgado sobre o cancro, coloca as salsichas, o bacon e o presunto (bem como outras carnes salgadas ou fumadas) no mesmo grupo de substâncias cancerígenas (o chamado “grupo 1”) que o tabaco, o amianto e os gases de escape emitidos pelos motores a gasóleo.

Segundo os dados do documento, existem “provas suficientes de que, nos humanos, o consumo de carnes processadas provoca cancro colorretal”, sendo ainda apontada uma associação entre o consumo de carnes processadas e o cancro do estômago.

Já as carnes vermelhas, onde a IARC inclui a carne de vaca, de borrego ou de porco, integram o chamado “grupo 2A”, onde consta por exemplo o glifosato, uma substância existente em muitos herbicidas. 

Diz o relatório que a associação entre o consumo de carnes vermelhas e o cancro foi observada particularmente em relação ao cancro colorretal, mas verificou-se também nos cancros do pâncreas e da próstata.

A polémica estourou

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O assunto tem estado nas bocas do mundo e tudo graças a um relatório recente da OMS que apontava que as carnes vermelhas podem estar ligadas ao aparecimento de certos tipos de cancro. 

Mas depois da fase inicial do alarmismo, a OMS veio entretanto “acalmar os ânimos”  e veio dizer que os resultados divulgados não é um pedido para que as pessoas parem de comer carne. É – isso sim – um alerta para os riscos do consumo excessivo destes alimentos.  

No comunicado divulgado pela organização pode ler-se que o estudo “não pede para que as pessoas deixem de comer carnes processadas, mas aconselha uma redução do seu consumo, o que pode diminuir o risco de cancro colorretal”

O problema das carnes processadas 

As carnes de processada de bom têm o sabor, mas nem tudo é “saboroso” nestes alimentos. Conforme refere o relatório da OMS, as carnes processadas são carnes salgadas, curadas, fermentadas, fumadas ou de alguma forma tratadas para realçar o seu sabor ou melhorar a sua conservação e sabe-se que estes tratamentos podem resultar na formação de compostos químicos cancerígenos. 



Os prós e contras

A verdade é que poucos alimentos têm sido tão “atacados” como as carnes vermelhas. e há uma razão para isso. É que este grupo de carnes (do qual fazem parte a carne de vaca, de borrego ou de porco, por exemplo), é mais conhecido por ser uma fonte de gorduras e colesterol e são poucos os benefícios (ainda que tenha alguns) que lhe são atribuídos. 

Não menos verdade é que, tal como há quem defenda a exclusão total das carnes vermelhas da alimentação,  há também quem diga que as carnes vermelhas são fontes de proteínas e aminoácidos essenciais para o organismo e que uma alimentação saudável não pressupõe a eliminação total das carnes vermelhas, mas antes um equilíbrio e o consumo regrado destes alimentos. 

Então afinal, em que ficamos?!  Vejamos os prós e contras do consumo de carnes vermelhas. 

1. Os contras 

  • São ricas em gorduras saturadas e colesterol, o que pode constituir um risco se o consumo de carnes vermelhas for excessivo, visto que pode estar associado ao aumento dos níveis de mau colesterol, da pressão arterial ou originar doenças cardiovasculares
  • Podem libertar substâncias nocivas à saúde se forem cozinhadas em excesso, por exemplo; 
  • Possuem substâncias potencialmente cancerígenas (alguns estudos recentes estabelecem uma relação entre o consumo de carne vermelha e o cancro colorrectal). 

2. Os prós (sim, também os tem)

  • São uma fonte de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo (como proteínas e aminoácidos essenciais);
  • Os nutrientes existentes nas carnes vermelhas ajudam a melhorar o desempenho muscular de quem pratica desporto, já que possui, por exemplo, mioglunulina, que promove o transporte de oxigénio para os músculos; ácido linoleico, que auxilia na perda de peso e de gordura; ou creatina, que promove a recuperação muscular e ajuda a controlar o índice glicémico em pessoas com diabetes
  • São uma boa fonte de ferro e, por isso, importante para prevenir a anemia (principalmente entre os grupos de risco, nos quais se incluem as crianças, mulheres grávidas e idosos); 
  • São fundamentais na formação do sangue e de algumas enzimas do sistema respiratório, graças ao zinco, essencial também para o bom funcionamento do sistema imunitário. 

Deve ou não excluir as carnes vermelhas e as carnes processadas da sua alimentação? 

As conclusões de relatório agora divulgado só vieram reforçar algo que já há muito se sabia e falava. 

Idealmente, deve preferir as carnes brancas às carnes vermelhas. 
Mas esta decisão não deve ser tomada de ânimo leve. O mais correcto é sempre consultar o seu médico ou nutricionista para saber o que deve fazer ou qual a dieta alimentar mais adequada para si. 

O ideal é que, a consumir carne vermelha, o faça de forma moderada, limitando o mais possível o consumo de carnes processadas. Mas em boa verdade, essa é a regra básica de uma alimentação saudável. 

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