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A carência afetiva e a sensação de vazio e desamparo podem fazer parte da vivência de todos nós, em algum momento da nossa existência. Na infância, o colo dos pais é o porto seguro que afugenta a carência afetiva. À medida que crescemos vamos conhecendo as nossas habilidades e capacidades e aprendendo a gerir o sentimento de carência.
Contudo, nos casos em que a carência afetiva é excessiva tendem a prevalecer as relações de forte dependência emocional, em que a responsabilidade de dar afeto e completar a sensação de vazio, é totalmente depositada no outro.
Nas relações marcadas pela dependência emocional está presente um sentido de urgência da presença do outro, como se sem isso fosse impossível existir. Nestas relações tendem também a surgir posturas mais controladoras e menos equilibradas.
Carência afetiva e dependência emocional nas relações amorosas
Na dependência emocional o que mantém a relação não é o amor mas sim a dificuldade de renunciar a ele. As relações amorosas marcadas pela dependência emocional podem até iniciar com uma sensação de bem-estar, no entanto, com o passar do tempo, a dependência do cuidado e apoio do outro extremam-se.
Nestas relações há uma necessidade extrema do outro para manter o próprio equilíbrio emocional. Por outro lado, o amor saudável é aquele que motiva a seguir em frente, que facilita a evolução de cada elemento do casal e que respeita a individualidade.
O ambiente e a família em que crescemos são cruciais para o nosso desenvolvimento. É nesse contexto que construímos a nossa afetividade, desde as primeiras experiências de vida. Algumas vezes, os padrões de dependência emocional e carência afetiva desenvolvem-se dentro da própria família, de diversas formas, nomeadamente através da privação de afeto, da violência, e de traumas.
Algumas das características geralmente encontradas em pessoas com dependência emocional são:
- Comportamentos de submissão ao outro;
- Sinais de abstinência na ausência da pessoa amada;
- Ausência de tomada de decisões relativas à relação amorosa;
- Medo da solidão;
- Baixa tolerância à frustração;
- Sentimentos negativos;
- Fraca consciência acerca dos seus problemas;
- Foco excessivo no outro e auto-negligência.
Consequências da carência afetiva
Sente-se só e deseja receber mais afeto do que aquele que efetivamente recebe? Deseja que o seu cônjuge demonstre mais amor por si? Tentou, sem sucesso, convencer as pessoas que o rodeiam a serem mais afetuosas consigo? Se esta ânsia lhe é familiar é possível que sinta carência afetiva. Não se preocupe, não está certamente sozinho.
Pessoas que não recebem tanto carinho quanto aquele que necessitam e se sentem realmente carentes de afeto, tendem a:
- Ser menos felizes;
- Sentirem-se mais sozinhas;
- Serem mais propensas a experienciar sintomas depressivos e ansiosos;
- Apresentar piores índices de saúde geral;
- Sentir menor satisfação com as relações;
- Sentir menor perceção de apoio social;
- Apresentar menor propensão para criar laços afetivos seguros com as pessoas da sua vida.
A carência afetiva não acarreta necessariamente todas estas consequências negativas, no entanto, pessoas mais carentes são mais propensas a vivenciá-las.
Em suma…
Todos somos carentes, mas em diferentes graus. A sensação de vazio é comum e é ela que nos motiva a procurar aquilo de que sentimos falta. Mais ainda, a carência afetiva não tem porque ser uma condição permanente, já que cada um de nós tem a capacidade de procurar mais afeto e carinho e para a sua vida.
Muitas vezes, é na sensação de falta de alguma coisa que se abre o espaço para que possamos desenvolver as nossas habilidades e recursos internos. O desenvolvimento destes recursos internos promove a autonomia e a capacidade de sermos a nossa melhor companhia. Paralelamente, as relações estabelecidas serão também mais saudáveis e equilibradas.