Share the post "Cancro dos ovários: tipos e estadios, sintomas e tratamento"
Só em Portugal, o cancro dos ovários é diagnosticado a mais de 350 mulheres todos os anos. Um facto preocupante, visto que se trata de uma doença silenciosa com uma elevada taxa de mortalidade (cerca de 70%), e cujo diagnóstico acaba por ser feito tardiamente.
Quando há um descontrolo na produção das células epiteliais dos ovários, estas deixam de sofrer o típico processo de regeneração celular, desenvolvendo-se então as células cancerígenas. Isto, leva muitas vezes a alterações no DNA e incapacidade dos ovários de cumprirem a sua função, o que traz danos irreparáveis nos ovários e no organismo em geral.
Apesar de ser especialmente prevalente em mulheres acima dos 55 anos, pode ocorrer em qualquer faixa etária e, por isso, deve estar informado e saber quais os fatores de risco e sintomas associados.
Como se carateriza o cancro dos ovários?
Aquando do exame ginecológico, podem ser detetados quistos nos ovários. Estes quistos são formados por líquido ou por tecido sólido, sendo a maioria benignos, acabando por desaparecer com o tempo.
No entanto, alguns podem crescer e despoletar o crescimento de células cancerígenas. Após a análise e o diagnóstico médico, é possível perceber se o cancro como tem origem nas células do epitélio ou nas células germinativas (muito raros).
Os cancros epiteliais (carcinomas) são os mais comuns e distinguem-se em:
- Cistadenocarcinoma seroso – o mais frequente;
- Cistadenocarcinoma mucoso;
- Adenocarcinoma endometrióide;
- Carcinoma de células claras.
Além disto, o médico pode também indicar o estadio em que se encontra o tumor, tendo como base a biópsia do tecido:
- Estadio I: são encontradas células cancerígenas em um ou em ambos os ovários;
- Estadio II: cancro em ambos os ovários e/ou com extensão no útero, trompas e outros órgãos pélvicos;
- Estadio III: cancro espalhado no abdómen;
- Estadio IV: encontra-se noutros órgãos fora do abdómen.
Estes estádios são úteis para o médico perceber qual o tratamento mais eficaz e como ocorre a evolução/regressão da doença.
Quais os sintomas do cancro dos ovários?
Os sintomas de cancro do ovário não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças e, devido à localização abdominal dos ovários, os sintomas desta doença são mais abdominais do que pélvicos.
Deve estar atento e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:
- Dor ou inchaço abdominal, pélvico, das costas ou pernas;
- Dor pélvica;
- Problemas gastrointestinais intensos;
- Náuseas persistentes;
- Cansaço permanente.
Os principais fatores de risco do cancro dos ovários
O cancro dos ovários não tem uma causa típica e, por isso, nem sempre é possível explicar o porquê de algumas mulheres sofrerem deste problema.
Contudo, sabe-se que uma mulher com determinados fatores de risco está mais predisposta a ter cancro dos ovários, por isso é importante estar familiarizada com eles:
- Antecedentes familiares de cancro: as mulheres cujas familiares tiveram cancro do ovário ou da mama apresentam um risco acrescido de desenvolver a doença. Este risco é ainda mais elevado se esta doença tiver aparecido em idade precoce. Se for o caso, a mulher poderá submeter-se a testes genéticos para detetar alguma mutação que indique a propensão para desenvolver a doença;
- Antecedentes pessoais de cancro: as mulheres que já tiveram cancro da mama, útero, cólon ou reto apresentam um risco acrescido de vir a desenvolver cancro do ovário;
- Idade superior a 55 anos: o diagnóstico deste tipo de cancro é mais provável em mulheres com esta idade;
- Nunca ter engravidado: as mulheres com idade avançada e que nunca tenham engravidado, apresentam um risco acrescido;
- Mutações genéticas herdadas: entre 5 a 10% dos casos podem encontrar-se genes mutados que são herdados e aumentam o risco de cancro do ovário;
- Terapêutica hormonal na menopausa: mulheres que fazem terapêutica hormonal na menopausa apenas com estrogénio, durante mais de 10 anos, podem apresentar um risco acrescido de desenvolver cancro do ovário;
- Terapêutica de fertilidade: mulheres inférteis que passaram por tratamento de fertilidade, com administração de fármacos, têm maior risco.
Qual o processo de tratamento para o cancro dos ovários?
Contrariamente a outros tipos de cancro, o cancro dos ovários desenvolve-se de forma silenciosa, o que pode acabar por ter consequências menos positivas. Precisamente por isso, deve apostar-se seriamente na prevenção e, para isso, é importante que todas as mulheres façam a sua consulta de ginecologia anual. Desta forma, é possível controlar e identificar precocemente este tipo de problema.
Caso já tenha sido diagnosticado cancro dos ovários, então o médico deve traçar o tratamento ideal tendo como base o estadio da doença e as caraterísticas da doente.
Para cancros de estadio I e II, o tratamento habitual passa pela cirurgia, conjugada com a quimioterapia com o fim de prevenir a recidiva do tumor. Esta cirurgia é uma laparatomia, onde pode haver remoção do útero, trompas e ovários.
Já os estádios III e IV, incluem também a quimioterapia, no entanto a cirurgia não é tão evidente. Apesar da quimioterapia ser um tratamento de primeira opção, a radioterapia é raramente equacionada neste tipo de cancros.
Em todos os casos, é muito importante a conversa com o profissional de saúde, porque, no caso de uma mulher jovem que ainda deseja vir a ser mãe, a laparatomia deve ser discutida para tentar não comprometer a fertilidade da mulher.