O cancro do cólon ´é um dos tipos de cancro maligno e invasivo, mais comum quer em homens como nas mulheres.
A patologia inicia-se no cólon (parte do intestino grosso), sendo diferente do cancro retal, uma vez que este último, tem início no reto. Caso atinja quer o colón, como o reto, estamos perante o cancro colo-retal.
A diferença entre cólon e o reto baseia-se na localização anatómica no intestino e na necessidade de um tratamento diferente, sendo específico à região anatómica afetada, no entanto a biologia tumoral é a mesma.
O cancro do cólon, tem origem nas células que formam a camada epitelial da parede do intestino grosso. Estas células quando sofrem alterações no seu genoma (DNA), tornam-se células cancerígenas, que produzem novas células de uma forma descontrolada, totalmente desnecessárias.
Pode ocorrer o processo de metastização, isto é, as células cancerígenas invadem os tecidos circundantes e disseminam-se para outras partes do organismo.
Geralmente este tipo de cancro inicia-se com a formação de um pólipo (crescimento anormal do tecido da parede intestinal), no entanto nem todos os pólipos se transformam em cancro.
Epidemiologia da doença
O cancro do cólon é o 3º cancro mais comum, logo a seguir ao cancro da mama e da próstata, afetando mais homens do que mulheres.
Fatores de risco do cancro do cólon
Entre os principais fatores de risco de desenvolver cancro do cólon podemos contar com:
- Idade: a probabilidade de desenvolver este tipo de cancro aumenta com a idade.
- Pólipos no colón: todos os pólipos crescem a partir da mucosa, mas diferem no tamanho, forma e aspeto.
A probabilidade de ter cancro num pólipo depende do tipo de pólipo, sendo que existem os hiperplásicos, adenomatosos ou adenomas e os pólipos inflamatórios. Os pólipos adenomatosos benignos, especialmente aqueles com mais de 1cm, podem sofrer degenerescência maligna. - Doença inflamatória intestinal, como a colite ulcerosa ou doença de Crohn aumentam o risco. O risco associado a doença de Crohn é menor do que o associado a colite ulcerosa.
- Antecedentes pessoais e/ou familiares de cancro, ou seja, se um familiar de primeiro ou segundo grau teve este tipo de cancro, o risco de o desenvolver é mais elevado.
- Síndrome de Lynch ou cancro não polipóide hereditário.
- Alimentação pouco saudável, alguns estudos sugerem que uma alimentação pobre em frutas e vegetais, cálcio e fibra, e por outro lado rica em gordura, contribuem negativamente no desenvolvimento do cancro.
- Tabagismo e o alcoolismo, aumenta a probabilidade de se desenvolverem pólipos no intestino.
- A doença é mais comum nas sociedades industrializadas do que nos países subdesenvolvidos.
- Sedentarismo, uma vez que a atividade física regular pode diminuir o risco em mais de 50%.
Sintomas do cancro do cólon
O cancro do colón, manifesta-se essencialmente por alterações do trânsito intestinal, desta forma, deverá estar atento e consultar o seu médico se apresentar os seguintes sintomas:
- Diarreia ou obstipação;
- Sensação de que o intestino não ficou totalmente vazio depois de evacuar;
- Retorragias (sangue nas fezes);
- Fezes de consistência diferente;
- Dor ou desconforto por cólicas;
- Súbito emagrecimento sem razão aparente;
- Febre;
- Astenia, ou seja, um enorme cansaço sem causa aparente;
- Náuseas ou vómitos.
- Os doentes podem apresentar anemia, massa abdominal palpável, hepatomegalia, adenopatias palpáveis, icterícia.
Prevenção e diagnóstico precoce
A prevenção passa essencialmente pela adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames para a deteção precoce de pólipos ou lesões no cólon e reto.
Vários estudos recomendam o início do diagnóstico precoce a partir dos 50 anos, no entanto deverá ser o seu médico a avaliar o seu caso e determinar quando deve iniciar esta rotina.
Para facilitar o diagnóstico podem ser realizados 3 tipos de exames, tais como:
1. Colonoscopia total
É o exame mais completo pois permite visualizar todo o reto e o cólon. Consiste na introdução de um tubo pelo ânus, que permite ao médico ver o interior e procurar pólipos e eventuais lesões. Em caso afirmativo de pólipos, poderá ser realizada uma polipectomia, ou seja, a remoção dos pólipos encontrados para posterior análise.
2. Sigmoidoscopia flexível
Neste exame só é visualizado o reto e a parte inferior do cólon. O exame é muito semelhante à colonoscopia.
3. Pesquisa de sangue oculto nas fezes
Este é um exame indireto que permite verificar a presença de sangue nas fezes, sendo um indicador a valorizar. Caso dê positivo, deverá ser feita uma colonoscopia. Pode ser um indicador da presença de pólipos, no entanto, também pode ser indicador de outras patologias benignas como é o caso das hemorróidas.
Existem outros exames complementares para o diagnóstico precoce de cancro colo-rectal, como o clister opaco e o toque rectal.
Para além da colonoscopia ou sigmoidoscopia, podem ser solicitados ainda exames complementares como uma tomografia axial computorizada (TAC) ou uma ressonância magnética.
Contudo, o diagnóstico efetivo do cancro do colón só é possível pela análise microscópica pela Anatomia Patológica das colheitas realizada nos exames referidos anteriormente.
Tratamento do cancro do cólon
O tratamento deve ser definido por uma equipa clínica multidisciplinar, consoante o estádio da doença. Podemos verificar o seguinte:
- Estádio 0 e I – a opção de tratamento geralmente é a cirurgia.
- Estádio II – a opção de tratamento é a cirurgia, podendo ser aplicada terapêutica sistémica (quimioterapia) complementar da cirurgia.
- Estádio III – as opções terapêuticas incluem a cirurgia e quimioterapia.
- Estádio IV – neste estádio, o tratamento é individualizado mas baseado na quimioterapia.
Por vezes é necessário cirurgia para a remoção de parte do cólon, chamada colectomia e que pode ser total ou segmentar. Sempre que é possível o cirurgião conecta as partes normais do intestino de modo a garantir o normal trânsito intestinal.
Quando esta situação não é possível, o cirurgião faz uma colostomia, ou seja, provoca cirurgicamente uma abertura na parede abdominal – um estoma – ligando a parte superior do intestino ao exterior, colocando-se um saco exterior para a recolha das fezes.
Geralmente a colostomia é necessária até á cicatrização cirúrgica estar concluída, após a qual o cirurgião reconeta o intestino e encerra o estoma.
Contudo, em alguns casos, a colostomia pode ser necessária de forma permanente.
Follow-up: seguimento
Os doentes que foram tratados por cancro do cólon, devem ser seguidos por um oncologista, gastroenterologista e/ou pelo cirurgião que o operou.
O follow-up deverá incluir regularmente exames de avaliação periódicos, tais como colonoscopia de controlo, pesquisa de sangue oculto nas fezes, marcador antigénio carcino-embrionário (CEA), TAC entre outros, de forma a identificar quaisquer novos cancros ou cancros residuais.
O rastreio, como medida preventiva, assume neste caso particular evidência e relevância, porque se realizado de um modo eficaz, reduz grandemente a taxa de incidência e de mortalidade.