Os cálculos renais são uma situação médica que também pode ser designada de lítiase urinária e consistem na formação de pedras (cálculos) nos rins, que são um aglomerado de cristais que se formam por vezes, devido a alterações metabólicas no organismo, gerados a partir de resíduos químicos presentes na urina e que se juntam, ao longo do tempo, formando conglomerados de proporções progressivamente maiores.
Como surgem os cálculos renais?
A formação dos cálculos deve-se a um aumento da excreção urinária de substâncias que favorecem a formação de cálculos (como por exemplo: cálcio, ácido úrico, oxalato e o fosfato) e/ou a uma diminuição da excreção de substâncias que inibem essa formação (por exemplo: citrato e magnésio, entre outras).
As infeções urinárias de repetição originam um tipo específico de cálculos. Nesse caso, o tratamento e prevenção poderão passar pela utilização prolongada de antibióticos que permitam manter a urina sem bactérias.
Os cálculos renais são todos iguais?
Não! Existem vários tipos de cálculo renais, que variam essencialmente pela sua composição química, sendo os tipos possíveis:
- Os de oxalato de cálcio (60%);
- Os de oxalato de cálcio associado a fosfato de cálcio (20%);
- Os de ácido úrico (8%), formam-se frequentemente em pessoas com o nível de ácido úrico elevado. Mais frequentes nos homens;
- Os de estruvite (8%), encontrados mais frequentemente em mulheres;
- Os de fosfato de cálcio (2%);
- Os de cistina e outros componentes (2%).
Epidemiologia e etiologia dos cálculos renais
Esta patologia ocorre geralmente 1 em cada 100 pessoas, sendo que em 80% dos casos a pessoa consegue eliminar o cálculo espontaneamente através da urina, no entanto, 20% pode necessitar de um tratamento especifico.
O risco é mais elevado quando existe:
- História familiar desta patologia;
- Idades superiores a 40 anos;
- Sexo masculino, apresentando o dobro da probabilidade de desenvolver esta doença relativamente ao sexo feminino;
- Hábitos de hidratação oral deficitários;
- Hábitos de alimentação ricos em proteínas, sódio (sal), açúcar e Vitamina C;
- Pessoas que vivem em climas quentes e com dietas muito ricas em proteínas, sódio e açúcar;
- Obesidade;
- Patologias como: acidose tubular renal, a cistinúria, o hiperparatiroidismo, bypass gástrico, diarreia crónica, entre outras.
Sintomas da presença de cálculos renais
Quando os cálculos estão localizados no rim geralmente não afetam a pessoa, no entanto, quando se deslocam em direção à bexiga é que começam a provocar danos, manifestando-se da seguinte forma:
- Cólica Renal ou seja, dor intensa na região lombar do lado onde o cálculo está alojado, que se pode disseminar para a região abdominal inferior e virilha. A dor pode ir variando de local e intensidade à medida que o cálculo se vai deslocando pelo ureter. Esta dor é muito incómoda e não apresenta posição de alivio;
- Disúria (dor ao urinar) e polaquiúria (constante vontade de urinar);
- Hematúria, a urina começa a apresentar uma coloração rosada, podendo passar a cor vermelha ou castanha;
- Náuseas;
- Vómitos;
- Sudorese;
- Febre;
- Insuficiência renal crónica.
Diagnóstico dos cálculos renais
O diagnóstico passa pela história clínica, observação física, complementada por análises sanguíneas e exames à urina.
Caso o cálculo urinário seja eliminado através da urina (geralmente estes cálculos apresentam uma dimensão < a 5 mm), deve de o reservar e entregar ao médico, de forma a este ser analisado e determinar o tipo de cálculo em questão.
Pode recorrer-se à radiografia, ecografia ou tomografia computorizada para determinar a localização exacta do cálculo.
Formas de tratamento dos cálculos renais
O tratamento envolve os seguintes passos:
- Analgésicos ou anti-inflamatórios não esteróides para controlar a dor;
- Alguns medicamentos (tansulosina ou bloqueadores dos canais de cálcio) podem aumentar a probabilidade da eliminação espontânea dos cálculos;
- As pedras maiores não podem ser expelidas sozinhas, com o risco de causar hemorragias, danos mais graves aos rins e infecções no trato urinário. Poderá ser necessário fragmentar ou remover o cálculo cirurgicamente, sendo que a abordagem de tratamento tem em conta a composição e localização dos cálculos:
- A litotrícia extracorporal por ondas de choque (LEOC) é um método não invasivo dos cálculos do aparelho urinário;
- A ureteroscopia flexível é uma exploração endoscópica do ureter, onde o cálculo é fragmentado e depois retirado;
- A cirurgia percutânea com fragmentação do cálculo por um acesso direto ao rim através da pele está reservada para cálculos de grande volume, cujo tratamento de forma endoscópica não seria totalmente eficaz.
Formas de prevenção dos cálculos renais
Verifica-se que após a formação do primeiro cálculo renal, existe uma grande probabilidade de desenvolver mais cálculos ao longo da sua vida, pelo que a prevenção adquire um papel fulcral.
Opte pelas seguintes medidas preventivas:
- Aumento da ingestão de líquidos, no mínimo 2 litros por dia, idealmente nos dias quentes deve de beber 3 litros. Devendo ser evitada a ingestão de café, chá preto ou refrigerantes. O objetivo é atingir uma tonalidade de urina clara, pouco concentrada;
- Alterações na dieta: reduzir a ingestão das fontes de proteínas, dando preferência às carnes brancas; diminuir a ingestão de sal, açúcar e gorduras, por outro lado, a ingestão de lacticínios (com pouca gordura) pode ajudar a prevenir a formação de cálculos renais; diminuir a ingestão de comidas ricas em oxalato (como por exemplo: espinafres, nozes, batata-doce e até chocolate);
- Evitar o álcool e o consumo de tabaco;
- Recurso a fármacos específicos.