A bulimia, também conhecida como bulimia nervosa, é um distúrbio alimentar potencialmente grave.
Afetando principalmente adolescente do sexo feminino entre os 16 e os 19 anos, este distúrbio tem sido identificado cada vez mais precocemente, ocorrendo em meninas de apenas 13 anos.
Uma grande parte das pessoas com bulimia também possuem anorexia nervosa.
O que é a bulimia?
A bulimia é considerada uma doença psiquiátrica que se caracteriza por ingerir grandes quantidades de alimentos e em seguida há a tentativa de compensar esse comportamento através da prática de exercício físico intenso ou recorrendo ao vómito.
Normalmente, uma pessoa com bulimia tende a ingerir regularmente muitos alimentos, experienciando uma falta de controlo sobre que está a comer.
Os alimentos mais procurados por estas pessoas são alimentos com alto teor energético. Uma refeição pode chegar até aos 3000 kcal ou até mesmo ultrapassar.
Este distúrbio dificilmente é controlado sem ajuda médica, uma vez que quando a compulsão começa é extremamente difícil de a parar.
O processo de compulsão é seguido por um sentimento de culpa e vergonha, que leva a ações compensatórias, tais como:
- Vómitos auto-induzidos;
- Excesso de exercício;
- Não comer;
- Utilização excessiva de diuréticos ou laxantes.
Tal como acontece com a anorexia nervosa e outros distúrbios alimentares, as pessoas com bulimia muitas vezes usam seus comportamentos alimentares e hábitos como um meio de lidar com o stress emocional, e geralmente têm um medo irracional de se tornarem gordas.
Causas da bulimia
As causas da bulimia são difíceis de explicar, mas sabe-se que muitos factores estão envolvidos nos motivos da sua ocorrência, nomeadamente factores genéticos e ambientais, ou até ambos combinados.
1. Genética
Indivíduos com história familiar de distúrbios alimentares têm um risco aumentado de desenvolver bulimia nervosa.
Mas embora haja evidencia que aponte para a hereditariedade como um fator contribuinte para o risco de distúrbios alimentares, muitas das pessoas afetadas não têm qualquer história familiar relacionada com a doença.
2. Presenciar eventos traumáticos
Viver separações, divórcios, ver alguém sair de casa, ver alguém partir, ser vítima de abuso físico e/ou psicológico) ou outros acontecimentos considerados stressantes podem ser grandes impulsionadores de respostas como a bulimia.
4. Ter problemas psicológicos
A bulimia está frequentemente associada com outros problemas psicológicos, tais como ansiedade, transtornos obsessivos compulsivos, stress pós-traumático e depressão.
5. Factores culturais
A influência exercida pelos meios de comunicação social sobre o comportamento alimentar e os padrões de beleza estão entre possíveis causas da bulimia.
O culto do corpo magro e o desprezo às pessoas com peso acima do considerado normal levam a que se desenvolva ansiedade, e consequentemente existe o desejo de perder peso rapidamente ao mesmo tempo que se procura o conforto na comida.
Sinais e sintomas de bulimia
Existem dois grandes sintomas de bulimia que são a compulsão alimentar e a tentativa de expulsão dos mesmos do organismo.
1. Compulsão alimentar
Envolve a ingestão de uma quantidade desmedida de alimentos de alto valor energético, mesmo quando não há fome ou necessidade de comer.
Este processo é repetido regularmente.
2. Tentativa de expulsão do organismo
No final da ingestão alimentar, as pessoas sentem-se cheias e inchadas, e os sentimentos de culpa e vergonha predominam, pois apesar de tudo têm receio de ganhar peso.
Para tentar evitar tais sentimentos e emoções, o doente provoca o vómito com o objetivo de retirar tudo aquilo que acabou de ingerir.
Contudo, existem outros sinais e sintomas comuns neste tipo de distúrbio:
- Mudanças frequentes no peso corporal;
- Obsessão em comida e em comer;
- Depois das refeições a pessoa “desaparece” (normalmente para o quarto de banho para vomitar);
- Episódios de compulsão alimentar;
- Episódios de jejum prolongado;
- Prática de exercício rigoroso;
- Marcas e cicatrizes nos nós dos dedos (conhecido como o Sinal de Russel);
- Depressão, ansiedade e isolamento da sociedade;
- Garganta inflamada e dentes danificados;
- Períodos menstruais irregulares.
Como se faz o diagnóstico?
Um diagnóstico precoce é importante, mas isso nem sempre é possível.
Muitos dos pacientes com bulimia apresentam um peso normal, o que dificulta a identificação do problema. O diagnóstico passa pelo exame médico, realização de análises ao sangue e urina, uma avaliação psicológica e outros exames que permitam excluir outras doenças.
Considera-se estar perante um quadro de bulimia quando existem, pelo menos duas vezes por semana durante um mínimo de três meses:
- Episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos com a sensação de que não se consegue controlar essa ingestão;
- Eliminação das calorias em excesso pelo vómito, exercício excessivo, jejum ou uso de diuréticos ou laxantes;
- Influência excessiva do peso e da forma do corpo na auto-estima;
- Exclusão do diagnóstico de anorexia.
Como se trata?
Normalmente o tratamento requer uma combinação de medicamentos e de psicoterapia. Contudo, todo o processo será mais eficaz se houve apoio familiar.
É fundamental manter um acompanhamento nutricional adequado para que se adquiram bons hábitos. Além disso, são também objetivos alcançar um peso saudável e corrigir os desequilíbrios resultantes da bulimia.